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COLUNA MOBILIDADE EM FOCO – FNM D-11.000 COM CABINE STANDARD E MOTOR DO MBB 1938

FNM D-11000 - Formula Truck (1)

A Revista O Carreteiro, edição de número 405 publicou uma matéria na seção Boléia, com o título de “Guerreiro Rejuvenescido”. E que guerreiro, nada mais nada menos do que um dos maiores ícones das estradas brasileiras, tranquilamente entre os cinco maiores, talvez o maior de todos, o poderoso e inesquecível caminhão FNM, fabricado pela Fábrica Nacional de Motores. Pronuncia-se Fenemê. Pioneiro das nossas esburacadas estradas, o FNM foi o primeiro caminhão a ser fabricado no Brasil. Sua produção começou no ano de 1949, com o modelo IF-D-7.300, que não eram os afamados caras chatas com cabines Standard, Brasinca, Metro, etc.

Pelo contrário, o IF-D-7.300 tinha cabine bicuda e foi o primeiro caminhão fabricado no Brasil com motor diesel, apesar de muitos, inclusive em publicidade, atribuírem este feito ao Mercedes-Benz L-312 (Torpedinho), lançado em 1957. O FNM com motor diesel foi lançado oito anos antes do L-312. O IF, além do motor diesel, do pioneirismo, se destacava dos demais modelos que por aqui rodavam e tinham motor a gasolina. Mas os destaques do FNM iam além, ele era robusto e tinha capacidade para 10 toneladas de carga, chassi rígido de configuração 4 x 2 (toco) e rodas raiadas. Mas o Fenemê objeto dessa matéria é um cara chata com o modelo de cabine mais vendida entre todas às disponíveis, a Standard, sendo o seu ano de fabricação 1965.

Este Fenemê tinha, originalmente, o motor apelidado de “barriga d’água”, que era um defeito de fabricação que surgiu em alguns blocos de motores, quando na fundição da carcaça, permitindo a entrada de água do circuito de refrigeração no cárter do óleo de lubrificação. Não tenho os dados em mãos do número de motores que apresentaram o problema e o ano de fabricação dos mesmos. O defeito deve ter provocado o primeiro “recall” da história dos caminhões brasileiros. O motor original do FNM D-11.000 era um motor produzido sob licença da Alfa Romeo. Tinha seis cilindros em linha, diesel, aspirado, sistema de injeção direta de combustível via bomba injetora mecânica, 4T (quatro tempos).

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FNM D-11000 - Formula Truck (2)Além disso, possuía 11 litros (11.050 cilindradas), 150 cv de potência máxima a 2.000 rpm, bloco do motor em alumínio e a nomenclatura técnica do motor atendia pela especificação “motor Alfa Romeo AR 1610″, com caixa de câmbio de quatro marchas normais e quatro multiplicadas à frente, marcha a ré normal e multiplicada. Havia também duas árvores de transmissão, dianteira, entre a embreagem e a caixa de mudança; e a traseira, entre a caixa e o diferencial. Praticamente todos os motores fabricados nos anos 50 para os FNM tinham este motor. No decorrer dos anos 60, em 1967, é lançado um motor mais potente, junto com o chassi V-12. Com a mudança a potência também foi alterada, passando de 150 para 175 cv.

Pois bem, voltando dos anos 60 para os dias de hoje, o Fenemê D-11.000 com cabine modelo Standard, a mais vendida de todas as cabines, tema dessa matéria, possui pneus Single nas rodas dianteiras e quando ligado, para os saudosistas, não será o famoso ronco “pópópópó” o ruído vindo do motor. O ronco agora é outro, diferente, encorpado, que transmite sensação de potência. O “powertrain” desse FNM D-11.000 com cabine Standard foi mexido. O motor, caixa de câmbio, eixo cardan, diferencial e o eixo dianteiro vieram do caminhão pesado Mercedes-Benz 1938. Isso mesmo. Nele, abaixo da tampa interna do cofre do motor, pulsa o poderoso motor OM-457 LA (Série BR-450), Euro 3, com seis cilindros em linha, 11.967 cilindradas (12 litros), turbocooler e injeção eletrônica.

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O motor coube tranquilamente no FNM, afinal o motor Mercedes tem apenas 1 litro a mais que o motor original, que era de 11 litros. Mas o salto na potência e no torque foi brutal. De 175 cv passou para 380 cv de potência máxima e 189 mkgf de torque. Passou a ser um Fenemê de respeito, que “voa” baixo nas estradas, difícil de ser ultrapassado. Ele foi restaurado na oficina da Fórmula Truck, a mesma que prepara os vários caminhões para as corridas da categoria. A restauração demorou dois anos para ser concluída e foi planejada por Aurélio Batista Félix, que não chegou a ver o resultado completo do seu projeto e trabalho, pois faleceu antes.

A viagem inaugural do FNM restaurado, repotenciado, tunado, com pintura exclusiva, foi no início de abril em direção ao autódromo de Goiânia. A cabine é a mesma do modelo original ano 1965. Internamente a originalidade também foi preservada. Era um desejo de Aurélio, que tinha um carinho especial pela marca Fenemê, pois foram os seus primeiros caminhões quando ingressou no mundo do transporte rodoviário de cargas. Por isso ele decidiu restaurar este FNM D-11.000, mantendo ao máximo a originalidade, como a cabine, volante de direção, painel do motorista e outros itens. Os pneus ele mexeu, colocando pneus radiais da marca Bridgestone e Firestone. Aurélio colocou pneus extra largos na frente para o caminhão ficar com cara de guerreiro. Por último, para finalizar a obra de arte, o D-11.000 traciona semi-reboque tipo baú, com dois eixos traseiros espaçados, tipo “Vanderléia”.

Texto/matéria: Carlos Alberto Ribeiro.
Fontes: Página no Facebook “FNM FNM – Fábrica Nacional de Motores S.A.e Revista O Carreteiro.

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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