Roberto Dias Alvares‏Z-Colunas

A MENINA CORAJOSA – MERCEDES BENZ LS 1618

mercedes-benz 1618

Tânia era filha de carreteiro.
Seu pai chamava-se Florisvaldo.
Ele viajava o Brasil inteiro,
mas á família dava respaldo.

Sempre que voltava ao lar
Á esposa e a filha, toda atenção.
Senhor Florisvaldo gostava de viajar.
Mercedes Benz era seu caminhão.

Mercedes Benz 1618, o astro.
Cento e oitenta cavalos no motor.
Levando vinte toneladas de lastro
não importando o lugar que for.

Quando saía de férias escolares
Tânia ao pai fazia companhia.
Ambos tinham então dois lares.
Cabine do bruto o que preferia.

O pai de Tânia ensinava a dirigir
aquela menina de dezessete anos.
Com o Mercedes já conseguira sair.
Ser carreteira estava em seus planos.

Iam até um local isolado
e Tânia assumia o volante.
O pai ficava a seu lado,
dando explicações a todo instante.

Em uma viagem para o Norte
foi a prova de fogo para Tânia.
Faziam importante transporte.
Acabara de passar por Goiânia.

Tânia já tinha habilitação
mas não enfrentara a rodovia.
Tampouco carregado caminhão.
Mas da sua capacidade sabia.

Viajando á cidade de Colniza,
chegar logo era a meta.
O pai de Tânia lhe avisa:
“Você assume nesta reta”.

A menina não demonstrou medo.
No volante agora ela comandaria.
Deu partida com um toque do dedo.
Aquele gigante, agora conduzia.

Sua primeira vez dirigindo
aquele bruto carregado.
Logo com ele estava partindo,
conduzindo o Mercedes trucado.

Tudo corria bem
e a menina conduzia direito.
Andando na faixa de cem.
Seu pai sentiu forte dor no peito.

Do peito irradiando para o braço
a menina matou a charada.
No acostamento parou o bruto de aço.
e a seu pai, ajuda foi prestada.

Senhor Florisvaldo estava enfartando
e ela chorando desesperada.
A dor no peito aumentando.
Tomou atitude e foi pra estrada.

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Pediu ao pai para forçar a tosse.
Ouviu isso em palestra na escola.
Do comando tomou posse.
No Mercedão ela mandou a sola.

Fez o retorno para Goiânia.
A jovem queria chegar naquela cidade.
Parecia veterana a menina Tânia.
Seu pai respirava com dificuldade.

Viu um posto de gasolina.
Parou e por ajuda gritou.
Ao verem o desespero da menina
para hospital alguém ligou.

No restaurante, um rapaz
vendo toda aquela confusão.
Talvez ajudar fosse capaz
ao homem enfartado no caminhão.

A menina contou rapidamente
enquanto corriam para o local.
O rapaz adentrou imediatamente
e viu homem desacordado e mal.

Sem pulso nem respiração,
iniciou procedimento de massagem.
fazer funcionar o coração.
Agiu com dedicação e coragem.

Cinqüenta quilômetros de distância
da cidade mais próxima do lugar.
Trinta minutos chegou a ambulância.
Fariam de tudo para ao homem salvar.

Usaram um desfibrilador
para fazer a reanimação.
A jovem tomada de terror
vendo seu pai naquela situação.

Conseguiram reanimá-lo
mas seria levado daquele local.
Dado primeiro passo para salvá-lo.
Foi encaminhado para a Capital.

Aquele rapaz de porte atlético,
quem era, Tânia queria saber.
“Sou caminhoneiro e médico”.
Foi o que ela o ouviu responder.

Ele chamava-se João Henrique.
Havia se formado em medicina.
Como carreteiro mantinha o pique.
Causou admiração naquela menina.

Explicou a situação ao doutor
que a carga tinha hora pra chegar.
A multa era de elevado valor.
E eles não conseguiriam pagar.

Quando soube que a menina
havia trazido até ali o caminhão.
Disse a ela: “Vai cumprir sua sina”.
“Entregar a carga é sua missão”.

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Seu pai certamente diria
a mesma coisa que o doutor.
O volante do bruto assumia.
Mandou ver no acelerador.

No começo a insegurança
por estar dirigindo sozinha.
Logo foi ganhando confiança.
Competência mostrou que tinha.

As pontes eram precárias
e tinha também os atoleiros.
Nestas dificuldades diárias,
teve ajuda de outros caminhoneiros.

Para sua mãe telefonou
contando o que tinha acontecido.
Para lá a mulher viajou.
Ficar ao lado de seu marido.

Quando ligou para o hospital
sua mãe chegara naquele dia.
Seu pai vivo era o principal.
Passava por uma cirurgia.

A cirurgia era onerosa.
Dinheiro que a família não tinha.
Mas Tânia mostrou-se corajosa.
Iria encarar o trecho sozinha.

Um frete atrás do outro pegava,
juntar dinheiro, pagar a operação.
Tânia com habilidade comandava,
puxando carga em profusão.

Soube que a cirurgia foi um sucesso.
Trabalharia mais tranqüila agora.
Nas manhas da estrada fazia progresso.
Saia cedo e a parada não tinha hora.

Após dois meses no volante,
já não pegava mais caminho errado.
No trecho era solitária viajante,
no comando do cavalo trucado.

Tomou direção sul do País.
retornaria para o aconchego do lar.
No rosto, sorriso, estava feliz.
Seu pai, vivo e bem iria encontrar.

Ao entrar na rua de sua casa
chegou fazendo barulho.
Uma lágrima escorreu, rasa.
O pai disse ter dela muito orgulho.

ROBERTO DIAS ALVARES

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

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