Roberto Dias Alvares‏Z-Colunas

O CARRETEIRO E O MILAGRE DE NATAL – Scania 113 6×2

Cassiano sempre foi bom menino.
Sua infância era estudo, futebol e igreja.
Cresceu e ter bom caráter era seu destino.
Alimentação regrada e não tomava cerveja.

Parecia ter vocação sacerdotal,
e acabou indo para o seminário.
Ler as escrituras com dedicação total
tinha isso como costume diário.

Mas Deus pensou outra coisa para sua vida,
e visitando convento em uma manhã
viu uma linda jovem ali recolhida.
Uma noviça que em breve seria irmã.

Quando Cassiano a viu
sentimentos entraram em descompasso.
Algo diferente ela também sentiu.
Coração era de carne e não de aço.

Seis meses depois desse fato,
os jovens subiam ao altar.
Cassiano a Deus era grato.
Deu-lhe a ex-noviça para casar.

O nome da menina era Jacira.
E o casal a Deus se manteve fiel.
Em pouco tempo como se previra
tiveram um filho de nome Gabriel.

Cassiano se tornou carreteiro
deixando que Deus fizesse o desígnio.
Ao volante se mantinha ordeiro.
Seu Scania tinha detalhes em alumínio.

Scania com motor à frente da cabina.
Trezentos e sessenta cavalos puxando a diligência.
Viajando, pensava no filho e em sua menina.
Lealdade a esposa e paz na consciência.

Não importava o quanto viajasse,
passar o Natal em família era prioritário.
O filho esperava que voltasse.
No painel levava sempre seu rosário.

Ao volante fazia suas orações
pedindo a Deus proteção.
Enfrentava com coragem as situações.
Sempre no horário cumpria a missão.

Era véspera de Natal aquele ano
o carreteiro atendeu pedido do patrão.
Voltava para casa o Cassiano.
A esposa em casa sempre em oração.

Chegaria quando a tarde estivesse no final.
A carreta com vinte sete toneladas.
Com a família passaria mais um Natal.
Ao lado de pessoas queridas e amadas.

Partiu para o trecho logo cedo.
Coisa estranha, sentia ansiedade.
Levando o Scania com esforço de um dedo
Da esposa e do filho imensa saudade.

Um carro com homens armados
obrigou-o a parar e o fez refém.
Ele e o Scania foram levados.
Pensou que sua vida não valeria um vintém.

Essa perigosa e violenta quadrilha
roubava caminhões para desmanche.
Cassiano só pensava na família.
Fé em Deus era sua única chance.

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Sua esposa achou muito estranho.
Afinal ele sempre ligava para Jacira.
Naquele momento dificuldade sem tamanho.
De uma arma, Cassiano estava na mira.

Eram seis os marginais ali presentes.
e não faziam questão dos rostos ficarem ocultos.
Quando por ele passavam, olhavam displicentes.
Vendo-o rezar, proferiam palavrões e insultos.

O chefe dos criminosos disse por sua vez:
“Para quem vai morrer, você demonstra muita calma”.
Cassiano respondeu: “Não rezo por mim, mas por vocês”.
“Peço a Deus que tenha pena de sua alma”.

O bandido não demonstrou, mas sentiu o trauma,
mesmo tendo coração mais gelado que o inverno.
Tudo que fizera de ruim já condenara sua alma.
Se existia outra vida, seu espírito iria para o inferno.

Após três horas aprisionado
dentro de um cubículo escuro.
Para fora Cassiano foi levado.
O rapaz estava em grande apuro.

Seu caminhão estava lá fora
e o bandido falou com voz para se temer:
“Dê partida no seu caminhão e vá embora”.
“Se não conseguir, você vai morrer”.

Cassiano pensou consigo:
“Fizeram alguma coisa no caminhão”.
“Tenho fé, Deus está comigo”.
Entrou no bruto fazendo uma oração.

O chefe dos ladrões mostrava deboche.
Pela fé do carreteiro sorriso de ironia.
Do príncipe das trevas era um fantoche.
Para Cassiano, só Deus o salvaria.

Os bandidos de armas em punho
queriam satisfazer a sanha assassina.
Viam o rapaz, da fé dar seu testemunho.
Apontavam para Cassiano dentro da cabina.

A chave já estava no contato.
Ele sabia que se o caminhão não pegasse
os bandidos atirariam nele no ato.
Fechou os olhos e de Jesus viu a face.

Girou a chave de ignição.
Ronco forte e encorpado se ouviu.
Bandidos deixaram armas cairem no chão.
Cassiano engrenou a marcha e partiu.

Bandidos choravam caídos de joelhos,
Cassiano viu ao olhar no retrovisor.
Pareciam assustados coelhos
ao verem um feroz predador.

Após trezentos quilômetros ter rodado
chegou com a noite já adiantada.
Todo o clã familiar estava angustiado.
No quintal de casa, a carreta foi estacionada.

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Quando abriu a porta de seu lar
toda a família o cobriu de abraços.
A esposa e o filho, de alegria a chorar.
Aconchegou a ambos em seus braços.

Também seus sogros e seus pais
o receberam com grande alegria.
Contou que fora pego por marginais.
Achou que daquele dia não passaria.

Depois de ter contado tudo
e de ter passado sufoco sem tamanho.
Todo o grupo familiar estava mudo.
O que acontecera era muito estranho.

Cassiano não entendeu nada
quando o libertaram depois da ameaça.
Disseram que sua vida estava condenada.
Em meio a lobos era indefesa caça.

O rapaz preferia acreditar em Deus.
Fora Ele que providenciara sua salvação.
Foi assim que voltara para os seus.
Noite de Natal passada com emoção.

Logo cedo, ao amanhecer do dia,
Cassiano se levantou e foi até o caminhão.
Reparou que o Scania estava sem bateria.
Será que fora roubada por um ladrão?

Levantou capô de seu cavalo trucado
e o que viu, o deixou aturdido.
Ali, espaço vazio havia ficado.
O motor do Scania havia sumido.

Durante a noite roubo não foi feito.
A carreta estava trancada em seu quintal.
Foi então que pensando direito,
concluiu que vivera por um milagre de Natal.

Cassiano percebeu naquele momento
que fora salvo por uma graça Divina.
Elevou seus olhos para o firmamento.
Agradeceu por livrá-lo de quadrilha assassina.

O caminhão empurrado por mão invisível
tirou-o do cativeiro onde era imóvel alvo.
Era obra do Deus do impossível.
Graças a Ele, estava são e salvo.

Compreendeu o desespero dos bandidos,
e porque em seus rostos se via grande temor.
Homens sem fé, pelo pecado consumidos
testemunharam milagre do Salvador.

Temiam sofrer de Deus sua ira.
Cometeram tantos crimes, era de supor.
Após manter bom homem na mira,
viram-no sair rodando com caminhão sem motor.

Cassiano e a esposa Jacira
foram á igreja levando o filho Gabriel.
Se contassem a alguém, diriam ser mentira.
No dia de Natal recebeu presente do céu.

ROBERTO DIAS ALVARES

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

10 thoughts on “O CARRETEIRO E O MILAGRE DE NATAL – Scania 113 6×2

  • Que baita grande bosta!

  • Shandra Hersing

    Está é a fé de quem acredita ….A FÉ. ..MOVE MONTANHAS…..
    EU JÁ PASSEI POR UM MILAGRE….E SEI BEM COMO É TER FÉ …..MAIS UMA BÊNÇÃO. …Q SEJA FELIZ COM A SUA FAMILIA. …..
    AHHHH……IA ESQUECENDO…
    FELIZ NATAL A TODOS…..

    • Roberto Dias alvares

      Shandra, existem muitos relatos de pessoas que superaram alguma grande dificuldade movida pela fé e isso é muito motivador. Essa história, apesar de ser uma ficção reflete exatamente isso. São os momentos difíceis que Deus se manifesta em nossas vidas

  • Roberto Dias alvares

    A Historia da Estrada de dezembro não poderia ser outra senão um belo conto de Natal é um carreteiro em apuros. Espero que gostem dessa história e agradeço meus leitores por prestigiar minhas obras.

  • E ter fe q deuz faz milagre

    • Roberto Dias alvares

      César pessoa, realmente a fé é algo mágico e prova mais do que nunca que Deus está presente em nossas vidas

  • Elijan Domingos Nunis

    É verdade

  • Valdomiro Gabriel Rosa

    SÃO PROVAS DE DEUS Q ELE TUDO PODE BASTA ACREDITAR E TER FÉ

    • Roberto Dias alvares

      Valdimiro, realmente Deus realiza coisas maravilhosas e muitas vezes Achamos que precisamos ver coisas extraordinárias, mas isso não é verdade. Um nascer do sol, o germinar de uma planta a chuva é nossa própria vida que encaramos como coisas normais e corriqueiras são milagres de Deus

    • Como isso prova que esse tal Deus pode alguma coisa? Isso é tudo mentira. Tanto deus como a historia

Fechado para comentários.

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