VIDA E FRACASSO DE UM CAMINHONEIRO – Caminhão Dodge D 950 6×2
Essa é a história de José dos Passos
que começou trabalhando de empregado.
Ao volante, usando a força dos braços,
comprou seu caminhão trucado.
Trabalhando com dedicação,
da sua responsabilidade não foge.
Tem o mais bonito caminhão.
É um potente estradeiro Dodge.
Casou e teve um belo casal.
A esposa, mulher digna e honrada.
Cuidados do lar foi a carreira profissional.
José dos Passos vivia feliz na estrada.
Transporta de tudo um pouco.
Café, feijão, milho e soja.
Na Bahia até carregamento de coco.
Por qualquer estrada se arroja.
Comprou bela casa para morar
e um caminhão bonito e novo.
O seu Dodge, resolveu aposentar.
Agora dirigia belo cavalo Volvo.
Na estrada ganhava bom dinheiro
mas não soube administrar a fartura.
Não cuidava de seu estradeiro
e o fazia encarar a vida dura.
José dos Passos começa a beber
e parar com o vicio não há quem faça.
Toda a família com isso a sofrer.
Chega a casa embriagado de cachaça.
Nas longas viagens pela estrada
Começou a se cansar da solidão.
Se envolveu com a mulherada.
Levava-as para dormir no caminhão.
Gastava muito dinheiro com isso
e a outra parte na bebida.
Sem manutenção o bruto dava enguiço.
Só queria saber de festa na sua vida.
Certa vez, durante uma viagem
passou a noite em casa de prostituição.
Bebeu tanto a ponto de fazer bobagem.
De manhã saiu dirigindo o caminhão.
A serra não era tão perigosa
mas a carreta perdeu o freio.
A vida às vezes é dolorosa.
Causou acidente bem feio.
Foram muitos danos materiais
e algumas pessoas machucadas.
Irresponsabilidade, o pior trás.
Várias vidas foram arruinadas.
Após ser no hospital examinado
sentiu da irresponsabilidade o peso.
Constataram que dirigia embriagado.
Saiu do hospital e foi preso.
Para contratar um advogado
que o livrasse de ficar na prisão
Financeiramente ficou arruinado.
Teve de vender o caminhão.
Ficou diabético, hipertenso, teve depressão.
Não tinha animo para recomeçar.
Por dois anos não podia dirigir caminhão.
Outra atividade não sabia desempenhar.
A filha o levava ao posto de saúde
Na maioria das vezes com pressão alta.
Implorava ao medico: “Me ajude”.
De ir para estrada sentia falta.
A esposa trabalhava de diarista.
Cada dia na casa de uma patroa.
Jose dos Passos não podia ir para a pista.
A situação financeira não era nada boa.
O filho faz curso de capacitação.
Seria motorista profissional.
Passou no teste, podia dirigir caminhão.
Estudos acadêmicos chegaram ao final.
O velho Dodge a muito tempo parado.
Voltaria a trabalhar, de novo na ativa.
Do filho, José dos Passos ia ao lado.
A esperança de novo bem viva.
Encarando viagens bem longas,
frio congelante ou calor de derreter pixe.
Com os dois não haviam delongas.
No almoço e no jantar passavam a sanduíche.
Vida dura e difícil aquela.
Trabalhar muito, deles era a sina.
Às vezes comiam só pão com mortadela
e para ajudar a descer, uma tubaina.
Mal faziam para pagar as contas.
Esposa e a filha ajudavam no orçamento.
Mulheres de fibra, seguraram as pontas.
Não reclamavam daquela vida de sofrimento.
Quando retornavam ao conforto do lar
voltaram a ir a missa no domingo.
No aperto, de Deus tornaram a se aproximar.
Divertiam-se vendo futebol ou jogando bingo.
Aos poucos a situação entrou nos eixos
e José dos Passos foi liberado para dirigir.
Por onde o Dodge passava, caiam queixos.
Caminhão mais ajeitado estava para existir.
O filho de José dos Passos era zeloso
e foi equipando o caminhão.
Para ele dirigir era muito prazeiroso.
Tinha por aquele bruto muita gratidão.
Mas o velho patriarca
queria ver os filhos de novo na escola.
Saiu dirigindo o Dodge, valorosa marca.
Estar no comando era show de bola.
Os filhos voltaram a estudar
o rapaz bastante contrariado.
A jovem, professora queria se formar.
O pai queria o filho advogado.
José dos Passos aprendeu a lição
e nada mais de bebida alcoólica.
Seu vício era dirigir o caminhão.
Não voltaria aquela vida melancólica.
Vinte anos depois desses acontecimentos
José dos Passos hoje está aposentado.
Cuidar dos netos o maior dos divertimentos.
A esposa está sempre a seu lado.
A família é o que realmente importa
e José dos Passos aprendeu de forma dura.
Quase acabou com tudo por ser vida torta.
Deus e a família foram sua salvação e cura.
Roberto Dias Alvares
Um grande caminhão para sua época.
Wilson, concordo com voce. Os dojão passavam uma imagem de robustez impressionantes. Deixaram saudades
minha carreira de motorista comecei com um desse trucado
Senhor Valdecir, seu Dodge deveria ser um bonito caminhão. Grande abraço
A vida na estrada reserva coisas boas mas as facilidades e as ilusões podem tirar um bom homem do seu caminho.