Roberto Dias Alvares‏Z-Colunas

A CARGA DA MORTE – Agrale 14.000 6×2

Hamilton Miranda
caminhoneiro de longa data.
Dentro do limite anda.
Com seu Agrale cara chata.

Caminhão Agrale catorze mil,
de seu bruto tem orgulho.
Já rodou quase todo Brasil.
Pela rodovia fazendo barulho.

Na espaçosa carroceria
andando sempre carregado.
Leva todo tipo de mercadoria.
Conduzindo seu belo trucado.

Pegou um frete certa feita
que parecia ser bom demais.
Para Goiás, viagem perfeita.
Enganou-se e perdeu a paz.

Em uma propriedade rural
de sacas o bruto foi carregado.
Adubo, constava na nota fiscal.
Para Itumbiara seria levado.

O fazendeiro foi gentil
pagou o frete adiantado.
Com empolgação se despediu.
Com o homem ficou encantado.

Saindo de Minas Gerais
Miranda dirigia sossegado.
Ao atravessar para Goiás,
na divisa do Estado foi parado.

Verificaram a nota fiscal
e a carga pediram pra ver.
Houve um corre-corre geral.
Algo errado Miranda pode perceber.

O caminhoneiro foi informado
que seguir em frente não podia.
De produto tóxico carregado.
Para trás ele não voltaria.

Hamilton Miranda ficou abismado,
quando disseram que BHC levava.
Sem seu conhecimento embarcado.
Ele via, mas não acreditava.

Aquilo tudo virou um impasse.
Ele não podia seguir em frente.
Também não deixaram que voltasse.
Livrar-se do veneno era premente.

Sentado, olhava pelo para-brisa
pensando em sua ingenuidade.
Viu chegar equipe da ANVISA.
Percebeu o tamanho da gravidade.

Ficou uma semana no aguardo
até tomarem uma decisão.
Perdera tempo de trabalho árduo.
Finalmente descarregaram o caminhão.

Recolheram aquele veneno
e puseram em veículo especial.
Prejuízo não seria pequeno.
Ainda foi multado no final.

Miranda era boa pessoa,
mas com instinto de vingança.
A sua situação não era boa.
Mas sair dessa tinha esperança.

Não ficaria com o prejuízo.
e assim que foi liberado
saiu com pouco juízo
dirigindo seu Agrale trucado.

Miranda podia ser valente,
mas não iria de peito aberto.
Voltar à fazenda era premente.
Cobrar explicações o certo.

A bordo de seu Agrale
andando rápido, rodando vazio.
Cortando montanha e vale.
Atravessando ponte sobre rio.

Chegou à pequena cidade
a mais próxima da fazenda.
Pegou informação na comunidade.
Desonesto, o fazendeiro era lenda.

Entrou no restaurante
pois queria almoçar.
Viu uma mulher radiante.
Miranda não parou de olhar.

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Sozinha ela almoçava
e a mão sem aliança.
Ele com interesse a olhava.
Conhecê-la tinha esperança.

Tereza era uma radialista.
Encontro foi por acaso.
Apresentou-se como motorista.
Explicou a ela o seu caso

Ela disse ter visto no jornal
sobre o transporte de veneno.
Conhecera o motorista afinal.
Falava com jeito sereno.

Miranda disse estar revoltado,
pois era homem honesto.
Não aceitava ser enganado.
Ao fazendeiro faria protesto.

Tereza tinha seus problemas
pois fora ameaçada também.
Fizera acusações nada amenas
mas não teve apoio de ninguém.

Despediram-se na saída
e cada um seguiu seu caminho.
Tereza era observada e seguida,
por homem aparentemente sozinho.

Miranda quis ter certeza
e a distância a observava.
Já ia longe à bela Tereza.
Desconhecido se aproximava.

Miranda também foi atrás,
Seguia sem ser percebido.
Observou quando um rapaz
aproveitou local escondido.

Agarrou Tereza com violência
e apontou-lhe uma pistola.
Miranda agiria com coerência.
Não poderia entrar de sola.

Como estava desarmado
Usaria a inteligência.
Por trás do homem armado
aproximou-se com paciência.

Miranda teve sorte.
Encontrou cabo roliço.
Não era muito forte.
Mas não importava isso.

O homem preparava-se para atirar,
Ele encostou o cabo de madeira.
Cano de arma o bandido pensar.
Parecia perigosa brincadeira.

Mandou o homem largar
a arma que segurava na mão.
A esperança era ele acreditar
e cair nessa armação.

Miranda gritou com o bandido.
Disse não estar para brincadeira.
O criminoso sentiu-se perdido.
Pensou ser arma o cabo de madeira.

Pegou a arma do criminoso
e chamou Tereza para seu lado.
Pelo bandido com ar jocoso
Miranda foi ameaçado.

O homem disse estar a serviço
de fazendeiro influente e poderoso.
Miranda não se importava com isso.
Mostrara ser homem valoroso.

Amarrou aquele meliante
e para a delegacia foi levado.
La chegaram a um instante
e o entregaram ao delegado.

Mesmo Tereza tendo o rosto ferido
o delegado de má vontade
não prenderia o bandido.
Amigo do fazendeiro na verdade.

Tereza ficou revoltada
e denunciaria no rádio.
Pelo delegado, ameaçada,
disse ser um ato temerário.

Miranda entendeu tudo.
O delegado estava comprado.
De Tereza seria um escudo.
Ficaria agora ao seu lado.

A bordo do potente Agrale
conversou com a Tereza.
“Arriscar a vida assim não vale”.
“Temos que agir com esperteza”

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Vigiaram discretamente
na fazenda quem entrava e saía.
Caminhão baú somente
algumas vezes ali aparecia.

seguiram aquele caminhão
a bordo do Agrale doze mil.
Em uma parada, entraram em ação.
Miranda não acreditou no que viu.

Dentro do baú foi visto
muitos maços de dinheiro.
Miranda, intrigado com isto.
Viu que não era verdadeiro.

Fotografaram o baú rapidamente.
Tinham em mãos importante trunfo.
A Polícia Federal podia somente
contra o fazendeiro este triunfo.

Tereza tinha seus contatos,
amigo na Polícia Federal.
Apresentou evidências e fatos
Miranda teria sua vingança afinal.

Miranda disse a Tereza
que não voltasse a cidade.
Ele tinha a firme certeza
fazendeiro agiria com severidade.

Tereza teve a informação
de seu amigo da Polícia.
O dia que ocorreria a operação
contra fazendeiro e sua milícia.

Miranda e ela fizeram questão
de estarem lá para ver isso.
Retornaram no seu caminhão.
Viraram contra o fazendeiro o feitiço.

Quando o pequeno caminhão baú
saía da propriedade rural.
Foi um verdadeiro sururu.
Detido pela polícia Federal.

A Polícia Federal invadiu
com rapidez aquele local.
Miranda e Tereza no Agrale doze mil
de longe viam corre-corre geral.

O fazendeiro foi surpreendido
Com mandato e ordem de prisão.
Desta vez estava muito comprometido.
A Polícia Federal tinha provas na mão.

Quando foi embarcado no camburão,
O fazendeiro viu, com ódio no olhar
Miranda e Tereza acenavam a mão.
Com ironia riam sem parar.

Assim aquele mau fazendeiro
Acabou preso pelos seus atos.
Era criminoso e desordeiro.
Contra ele estavam todos os fatos.

A polícia efetuou a prisão.
O fazendeiro saiu algemado.
Mas na cadeia não haveria solidão.
Preso com ele seu amigo delegado.

A sentença não seria branda.
E ficariam muito tempo presos com certeza.
Sentiu-se vingado o caminhoneiro Miranda.
Feliz também por conhecer Tereza.

Aquela situação desagradável
Trouxe algo de positivo.
Com Tereza, Miranda era amável.
Por ela, seu coração ficou cativo.

A jovem e bela radialista
aceitou viajar com o caminhoneiro.
Acabou gostando do motorista.
Hoje, Miranda é seu marido e companheiro.

ROBERTO DIAS ALVARES

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

3 thoughts on “A CARGA DA MORTE – Agrale 14.000 6×2

  • A istotoria começou com um caminhão catorze mil acabou com doze. Se demorasse mais um pouco este agrale estaria só com uns milzinhos kkkkk

    • ROBERTO DIAS ALVARES

      Você tem razão. O caminhão da história é um 14.000 mas o da ilustração é menor. Obrigado por ler e deixar seu comentário

  • ROBERTO DIAS ALVARES

    Nesta história o caminhoneiro Miranda foi enganado por um tratante mas a vingança veio rapido.

Fechado para comentários.

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