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ARTIGO: Pandemia muda a maneira como o Brasil vê os caminhoneiros

Ao contrário de outras nações, que utilizam a malha ferroviária para escoar sua produção, o Brasil confia no transporte rodoviário para levar comida do campo à mesa das pessoas, distribuir a produção das indústrias e dar vazão às exportações.

E desde a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808, é assim. Na década de 1920 começaram os primeiros investimentos fortes para a abertura de estradas. O modelo foi consolidado com a criação do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) em 1937 e a criação por Getúlio Vargas, em 1938, do Plano Rodoviário Nacional.

Hoje, no País, cerca de 82% da carga é transportada por caminhões, segundo a Fundação Dom Cabral. Somos dependentes do transporte rodoviário!

A mesma pesquisa da Dom Cabral apurou que os supermercados têm estoque médio para 10 dias, enquanto os postos de combustíveis conseguem atender os clientes durante cinco dias. Já a cadeia de carne, que envolve desde a criação até a engorda dos animais, sete dias.

Isso explica com perfeição o caos do desabastecimento acontecido, no ano de 2018, quando houve a greve nacional dos caminhoneiros.

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Mas a luta por melhores fretes e condições de trabalho não ajudou a melhorar a imagem desses mais de 2 milhões de profissionais brasileiros, ao contrário. Infelizmente, os motoristas ainda são muito mal vistos pela sociedade.

Encarados como pessoas sem instrução, grosseiras e com má fama, a marginalização faz parte do cotidiano desses homens e mulheres.

Porém, o que a maioria, que critica, não vê as dificuldades encontradas por estes profissionais. Desde o alto custo com combustível à insegurança, as dificuldades nas estradas são muitas.

Mas, quem diria, a situação forçada pela pandemia do coronavírus pode se revelar um divisor de águas também para os caminhoneiros.

São eles que levam nas costas, Brasil afora, os medicamentos, máscaras e respiradores que todos tanto precisam. E, enquanto quem pode se isola socialmente, eles se arriscam para que não haja desabastecimento nos supermercados.

Você já tinha parado para refletir isso?

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Independente de posição ou visão política, são eles que de fato não deixarão o País parar. A COVID- 19 não impede o profissionalismo dos caminhoneiros. E a sociedade está se comovendo e reconhecendo essa ação, oferecendo comida, carinho e até aplausos.

E se o país não mergulhar em um profundo caos letárgico pela falta de abastecimento, temos que agradecer a estes profissionais. Faça então a sua parte, mude o seu mindset e veja-os de uma maneira mais humanizada, empática.

Todos seremos melhores pessoas quando tudo isso acabar.

Artigo escrito por Jarlon Nogueira, CEO da AgregaTech – empresa de tecnologia que oferece soluções inovadoras de logística de transporte para a indústria.

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

3 thoughts on “ARTIGO: Pandemia muda a maneira como o Brasil vê os caminhoneiros

  • Fico agradecido por ter pessoas que reconhecem nossos esforços e nossa luta para não deixar o país parar e não cair num caos econômico .
    Pois já tenho trinta anos de profissão e é lamentável que somente agora nesta pandemia e que estou vendo pessoas reconhecendo nosso valor e nossos esforços para com o nosso país eo bem estar da nação.
    E lenbrence que ninguém nos pediu para que nos trabalhasemos para que não faltase a comida os remédios os aparelhos hospitalares estamos fazendo tudo isto por amor a nossa profissão e a nação eo povo brasileiro .
    Bem diferente da nossa paralização de 2018 que pedimos o apóio a população para não correr para os postos de gasolina abastecer seus carros com preços absurdos e ainda fomos tachados de irresponsáveis e bandidos .
    Um abraço e MUITO OBRIGADO

  • Texto descrito com enfoque em retratar uma mudança de postura visual que realmente é sentida por diversos caminhoneiros Brasil a fora. Verdade.
    Todavia, acredito que o título é enfático e pujantemente imperativo em afirmar que a pandemia muda (no sentido de transformar mesmo) a visão da sociedade com relação aos profissionais da categoria. Seria mais relevante – e coerente eu diria – considerar a temática de forma mais sibilina, já que como você mesmo pontuou, nem mesmo a greve dos caminhoneiros foi capaz de explicitar a dependência inevitável da categoria para o sustento do país, quem diria suas principais reinvindicações.
    Não é uma crítica (nem mesmo construtiva), apenas uma afirmação que culturalmente falando, os holofotes neste momento estão todos voltados aos profissionais da saúde e isto é sem dúvidas meritocrático, esplêndido, e que continuemos a agradecê-los por todo o bem a nós (e aos nossos) prestado. O caminhoneiro continua, como sempre, na ESTRADA

  • Bom dia. Esta reportagem muito bem escrita. Parabéns . Mas como t.c.a (transportador autônomo de cargas) posso afirmar que muitos nesta profissão tem ou já teve outra formação profissional. Escolaridade ensino médio e até nível superior. Mas por escolha segue no ramo como transportador de bens. Assim como eu hoje posso afirmar que se que e possível mudar . Hoje sou aluno da uni_anhanguera 1 semestre do curso de psicologia.

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