NATAL DE 2020 NA ESTRADA
Chega ao final dois mil e vinte.
Dizem que foi um ano para se esquecer.
Mas fica a pergunta, como será o ano seguinte?
Consegui a este ano sobreviver.
Médicos e profissionais da saúde sofreram.
Sofreu o mundo e o povo brasileiro.
Muitos, por causa do vírus não sobreviveram.
O que dizer do homem da estrada, o caminhoneiro?
A frase que mais se ouvia:
“Fiquem em casa para sua segurança”.
Para o caminhoneiro a frase não valia.
Se ele não trabalhar, não há esperança.
Era um bom carreteiro o Melchior.
Dirigia um moderno caminhão.
Recém lançado Volkswagen Meteor.
Essa máquina era uma tralha de patrão.
Gaspar tinha um DAF Supercab potente.
Mais parecia uma nave interestelar.
Ao dirigi-lo como se mostrava contente.
Amava dirigir e cargas pelo País transportar.
Baltasar também tinha seu estradeiro.
Um MAN TGX bonito e confortável.
Homem digno, um honesto brasileiro.
Em seu trabalho profissional admirável.
Esses três homens não se conheciam.
Cada um morava em um extremo do Brasil.
Pela estrada, transportando, viviam.
Parece mentira o que cada um deles viu.
Aquele dia era véspera de Natal.
Compraram presentes para suas famílias.
Chegariam ao amanhecer no destino final.
A escuridão da noite escondia armadilhas.
Sem saberem, seguiam pela mesma rodovia.
Viram estrela que emanava brilho intenso.
Se movimentava pelo céu, até parecia.
Emitia clarão brilhante e denso.
Sem saberem porquê, a estrela os acompanhava.
Ou eram eles que acompanhavam a estrela.
Pela estrada, na escuridão da noite ela brilhava.
Como era bonito, brilhante no céu, vê-la.
Em um posto de combustível, a parada.
Havia ali grande movimentação.
Desceram de seus brutos, pausa na estrada.
Caminhoneiros no pátio havia uma multidão.
Um caminhoneiro que fora médico um dia.
Em uma urgência, exercia a antiga profissão.
Uma jovem, naquele pátio, à luz daria.
Criança nasceria na boleia de um caminhão.
Era esposa de um carreteiro honesto.
O marido, um homem digno e trabalhador.
O caminhoneiro-medico em nobre gesto.
A mulher, do parto já sentia a dor.
A mãe era jovem e tinha olhar profundo.
Dentro da boleia, a criança nasceu.
Um belo e forte menino veio ao mundo.
O médico-caminhoneiro estremeceu.
Uma aura luminosa envolvia a criança.
Do lado de fora, caminhoneiros a espera.
O doutor, disse: Ele nos trará esperança.
Sinal de um novo tempo, a criança era.
Os três caminhoneiros sentiram-se tocados.
Viram a estrela sobre aquele lugar parada.
Ficaram olhando, ali, emocionados.
A cena, a outra tão importante era comparada.
Era madrugada, ao amanhecer, o Natal.
A criança foi trazida pelo pai para fora.
Entre os caminhoneiros, uma alegria geral.
O galo cantou alto naquela hora.
Os caminhoneiros fizeram uma coleta.
Presentearam os pais com pequeno valor.
Aquela linda família, gente digna e correta.
Agradeceram de todos o gesto de amor.
Os três amigos partiram, ainda emocionados.
Queriam chegar em casa, passar o natal.
Aquela cena que viram, ficariam marcados.
Momento sublime de amor celestial.
Assim foi o Natal de dois mil e vinte.
Para alguns caminhoneiros, privilegiados.
Daquela história, cada um foi ouvinte.
Ao contarem dela a seus entes amados.
O Natal é nascimento de Cristo.
Marca o renascimento em todo lugar.
Cada um de nós deve acreditar nisto.
Há esperança, é só a gente acreditar.
Texto de Roberto Dias Alvares
Uma bela história de natal na estrada para fechar esse ano de grandes desafios para todos e principalmente para os irmãos da estrada.