NOS ACAMPAMENTOS DA EMPREITEIRA – Mercedes Benz LPS 1520

Altair e Gerdes sobrevoavam alojamento.
Viajando a bordo de pequeno avião.
Ali máquinas paradas no momento.
Mas algo chamou sua atenção.

Dois cavalos mecânicos Mercedes Benz
Descansavam do trabalho pesado demais.
Haviam tratores e outros brutos também.
Mas aqueles dois caminhões eram especiais.

Modelos com mais de quarenta anos
E ainda continuavam na ativa.
Em sua época, na estrada, soberanos.
Entre ícones do transporte, tinham cadeira cativa.

Esses dois homens chegando de avião
Iriam dirigir esses dois estradeiros.
Experientes mas seguraram a emoção.
A dirigi-los não eram os primeiros.

Aterrissaram em aeroporto de terra batida.
Fizeram reconhecimento dos estradeiros.
Ambos viraram as chaves, deram partida.
Os motores roncaram fortes e faceiros.

Ao despertarem no dia seguinte
As dificuldades ali eram um problema crônico.
Partiram a bordo dos Mercedes Benz quinze e vinte.
Estrada cortando território amazônico.

Puxando semirreboque prancha.
Levando pesados tratores de esteira.
Em meio à mata, clareira era uma mancha.
Muito trabalho teria aquela empreiteira.

Abrir a estrada em meio à floresta
Não era tarefa das mais fáceis.
Trator de esteira a isso se presta
Naquele ambiente mostram-se ágeis.

Naquele ambiente fantástico
De riqueza na fauna e flora.
Não havia lugar para caminhão de plástico.
As coisas eram duras do lado de fora.

Os caminhões feitos por encomenda.
Seis por quatro possuíam tração.
Para rodar por aquela inóspita senda
Tinha que ter resistência e tradição.

Altair seguia à frente dos dois.
Logo a seguir vinha o Gerdes.
Desembarcaram tratores depois.
Estacionaram ali seus Mercedes.

Passavam o dia na ida e na volta
Levando e trazendo equipamentos.
Jipes e Picapes seguiam na escolta.
Abrindo na mata rústico pavimento.

Vez ou outra eram surpreendidos.
Caiam tempestades tropicais.
Na cabine dos Mercedes protegidos.
Não precisavam temer nada mais.

Imensas árvores que eram cortadas
Não podiam ficar impedindo o progresso.
Pelos Mercedes Benz eram levadas.
O empreendimento seria um sucesso.

Após meses de trabalho sem fim,
Daquela estrada fizeram a conclusão.
Mais uma grande obra terminada enfim.
Altair e Gerdes cumpriram a missão.

Os dois Mercedes Benz antigos
Estavam bastante judiados.
Depois de passar por tantos castigos
À beira da pista seriam abandonados.

Altair e Gerdes ficaram inconformados
Com o triste fim daqueles caminhões.
Tantos anos ao trabalho dedicados,
Fazendo transporte por tantos rincões.

O dono daquela empreiteira
Em ceder os caminhões não fez objeção.
Não precisariam tirar dinheiro da carteira.
Pagariam transferência da documentação.

Gerdes e Altair fizeram a transferência.
Mas a reforma consumiria muito dinheiro.
Investiriam com toda a coerência.
Cuidariam da parte mecânica primeiro.

Um mecânico daquela empreiteira
Se prontificou a fazer uma revisão.
Motor e caixa de câmbio inteira.
De rodar, em breve teriam condição.

Gerdes e Altair trabalharam bastante.
Logo já tinham uma boa poupança.
Viajar pelo Brasil era uma constante.
Para eles, dirigir era brincadeira de criança.

Logo reformaram também a cabina
E assim melhorou conforto.
Puxavam álcool direto da usina.
Também contêineres para o Porto.

Altair e Gerdes eram amigos leais.
Quem os visse achariam ser irmãos.
Não descansavam e trabalhavam demais.
Os Mercedes, com eles, estavam em boas mãos.

Certo dia almoçando em um restaurante
Viram duas mulheres, encantadoras fêmeas.
Eram idênticas de beleza ofuscante.
Pela semelhança, eram irmãs gêmeas.

Elas cochichavam e trocavam olhares.
Os amigos estavam enfeitiçados.
Em breve, aqueles dois pares
Tornaram-se dois casais apaixonados.

Os nomes delas eram Melissa e Betina.
E, de Gerdes e Altair foram a alegria.
Viverem na estrada sozinhos não era a sina.
Casais celebraram a união certo dia.

Receberam a bênção do padre
E foram abençoados com filhos.
Um do outro se tornaram compadre.
Vida de ambos parecia nos trilhos.

Faziam mais de vinte anos de casados.
Filhos crescidos fazendo faculdade.
Os casais continuavam apaixonados.
Altair e Gerdes seguiam amigos de verdade.

Mas o destino é traiçoeiro e cruel.
A vida aprontou uma triste arte.
Deus levou Gerdes para o céu.
Morreu após fulminante enfarte.

Filhos órfãos e esposa viúva
Receberam da outra família amparo.
Os amigos combinavam como mão e luva.
Descuido com a saúde cobrou preço caro.

Da família não faltaria o sustento.
Altair trabalharia dobrado se preciso.
O amigo teria o mesmo procedimento.
Pensou nas aventuras e não conteve sorriso.

O filho mais velho de Gerdes
Gostava de dirigir caminhão.
Disse que assumiria o Mercedes
Sempre sonhara com a profissão.

Muitas vezes com o pai queria partir
Encarando junto dele o trecho.
Estaria no lugar de seu pai o Jair.
Assumiria o cavalo com terceiro eixo.

Tentaria conciliar o estudo
Afinal estava terminando a faculdade.
Para se formar seu pai fizera de tudo.
Faria mais por ele do que por si na verdade.

Pegando fretes pela região
Com Altair sempre dando auxílio.
Filho do Gerdes mostrava vocação.
Ao volante, tinha nos olhos um brilho.

Entregava o frete ia estudar.
Ao chegar, Jair chamava a atenção.
Universitários não paravam de admirar.
Pois ele era o único que ia de caminhão.

Concluiu com sacrifício a universidade
Mas chamado da estrada falou mais alto.
Da família supria necessidade.
Com seu Mercedes Benz cortava o asfalto.

Um dia Jair deixou o seu lar.
Os irmãos formados e a mãe amparada.
O rapaz finalmente iria se casar.
Dividiria o teto e a cabine com sua amada.

No dia do casamento daquele casal
Certamente ficaria orgulhoso o Gerdes.
Uma coincidência marcou a todos ao final.
A futura esposa de Jair se chamava Mercedes.

Roberto Dias Alvares

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

One thought on “NOS ACAMPAMENTOS DA EMPREITEIRA – Mercedes Benz LPS 1520

  • 29/06/2020 em 20:17
    Permalink

    Quem acompanha e lê minhas histórias sabe que procuro valorizar e prestigiar todas as marcas de caminhões, entretanto, os Mercedes Benz e, em especial os LP/LPS 331 E 1520 tem um espaço especial nas histórias que escrevo.

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