HISTÓRIA DA ESTRADA – CAMINHONEIRO DISCRIMINADO

Juarez desceu de seu Scania.
Era uma máquina extraordinária.
Acabara de chegar de Goiânia.
Estacionou defronte agência bancária.

Ao lado estacionou um carro importado.
Homem trajando elegante terno e gravata.
Olhou para Juarez com desdém, meio de lado.
Seguiu para a porta resmungando bravata.

Aquele homem foi grosseiro.
Pouca educação ele tinha.
Pensava: tudo se compra com dinheiro
Maltratou a faxineira e a senhora da cozinha.

Juarez se sentou para aguardar.
O homem foi conversar com o gerente.
Não tinha como o carreteiro não escutar.
Falava alto, se mostrou inconveniente.

Juarez percebeu ser alguém importante.
Daquele banco, provavelmente um diretor.
Com o gerente não era simpatizante.
Falava com o pobre homem com rigor.

“Você tem que selecionar a clientela”.
“Nosso banco não pode aceitar qualquer um”.
“Aquele caminhão atrapalhando visão tão bela”.
“Isso não será aceito de jeito nenhum”.

“Essa instituição é de alto nível.
Nossos clientes são milionários.
Esse que está aguardando é visível.
Trata-se de um pobre e miserável”.

O gerente olhava para Juarez.
Suava de bicas ouvindo o interlocutor.
O carreteiro esperava sua vez.
Pediu para atende-lo o diretor.

Aquele homem arrogante.
Disse que ensinaria o pobre gerente.
Siga meu exemplo doravante.
Vou mostrar como se lida com essa gente.

Sentou na cadeira e chamou Juarez.
O carreteiro se aproximou com calma.
Viu tudo que aquele homem fez.
Apesar de tudo, manteve tranquila a alma.

Assim que Juarez se acomodou na cadeira.
O diretor, tendo o gerente ao seu lado.
Disse que sua instituição era ordeira.
Cliente ali era por ele selecionado.

Se quisesse abrir uma conta.
Valor mínimo seria duzentos mil reais.
Abaixo disso seria uma afronta.
Achou que o carreteiro não era capaz.

Juarez com olhar sereno.
Não tem atitude de alguém que se vinga.
Olhou para o diretor, disse com veneno:
“Duzentos mil, para mim é dinheiro de pinga”.

O arrogante diretor daquele banco.
Arregalou os olhos sem acreditar.
Empalideceu, como um papel branco.
Viu Juarez pegar seu celular.

O carreteiro digitou com paciência.
O diretor não tinha tanta confiança mais.
Disse que faria uma pequena transferência.
O valor de dois milhões de reais.

O diretor não acreditava no que via.
Como pode esse homem ser tão rico.
Um caminhão antigo ele dirigia.
O arrogante tinha pagado mico.

Juarez falou bem tranquilo.
Para o banco, nem cinco era sua nota.
O diretor ficou mudo ouvindo aquilo.
Tenho duzentas carretas na minha frota.

Sou dono de transportadora.
E recém-chegado na cidade.
Minha empresa é sólida e vencedora.
Faço transporte para qualquer localidade.

O arrogante diretor ficou pasmo.
Estava destruído e isso era visível.
Juarez acrescentou com sarcasmo.
Esse banco precisa melhorar o nível.

De agora em diante quero ser atendido.
Pela pessoa mais humilde dessa agência.
Com gente arrogante tenho insistido.
Já acabou a minha paciência.

Juarez falou que iria ligar na Ouvidoria.
Lá, daquele homem faria reclamação.
Ser maltratado por ninguém, admitia.
Mal funcionário merecia a demissão.

Ao deixar aquela instituição.
Juarez saia de alma lavada.
Entrou a bordo de seu caminhão.
Partiu sem dizer mais nada.

Aquele diretor recebeu uma lição.
A vida nos dá um aprendizado diário.
Juarez era motorista de caminhão.
Foi carreteiro antes de ser empresário.

Autor Roberto Dias Alvares

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

One thought on “HISTÓRIA DA ESTRADA – CAMINHONEIRO DISCRIMINADO

  • 28/02/2023 em 19:12
    Permalink

    As aparências enganam. Ė isso que essa história mostra

    Resposta

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