HISTÓRIA DA ESTRADA – A VINGANÇA DE UM CAMINHONEIRO
Esse era o terceiro velório.
Isso em pouco mais de um ano.
Amigos, cuja boleia era o escritório.
Matar por um caminhão, algo insano.
Aquele trajeto era perigoso.
A polícia não fazia ronda nessa estrada.
Grupo de criminosos era maldoso.
Matava motorista, a carga era roubada.
Elias foi um bom policial.
Não suportou ver tanta injustiça.
Pessoas de bem se dando mal.
Bandido sendo solto e ameaçando polícia.
Juntou o que conseguiu economizar.
Comprou caminhão para ter uma atividade.
Decidiu que para ali poder viajar.
Teria de usar toda sua criatividade.
Tinha um bonito cavalo, puxava baú.
Ford trucado ano oitenta e seis.
Fazia a rota Marília até Bauru.
Outros trajetos, nesse estado fez.
O Ford F vinte e dois mil era basculante.
Para cavalo mecânico fez a conversão.
Empresa de móveis era sua contratante.
Semirreboque dois eixos melhor solução.
Ao ver mais um amigo morto.
Tomou importante decisão.
Não abriria mão do conforto.
Contudo, blindaria seu caminhão.
Custaria dinheiro, alto valor.
Mas a vida não tinha preço.
Seria um carreteiro vingador.
Pelos amigos da estrada tinha apreço.
Colocou moderno motor Cummins.
Trezentos cavalos na sala de máquinas.
Essa potência atenderia seus fins.
Situações difíceis pediam soluções drásticas.
Na internet fez pesquisa.
Comprou tudo que era necessário.
Vidros à prova de bala no para-brisa.
O Ford ficaria extraordinário.
Chapas metálicas nas portas.
Blindagem dos vidros laterais.
Não seria mais uma das pessoas mortas.
Garantiria que para trabalhar teria paz.
No para-choque dianteiro pôs reforço.
Também reforçou a cabine dupla.
Ao dormir, não levaria tiro no dorso.
Chapas metálicas, segurança múltipla.
Rodou naquele trajeto por seis meses.
Durante esse tempo não teve problemas.
Levou sustos algumas vezes.
Estar sempre atento criava dilemas.
Certa noite viajava tranquilo.
O revólver ia no banco do carona.
O cavalo Ford esbanjando estilo.
A Lua, das atenções era a dona.
Um carro o ultrapassou e seguiu.
À frente parou e homens desceram.
Disparo de arma de fogo Elias viu.
Em sua direção eles correram.
Cada disparo que era feito.
Escutava no vidro tilintar.
Balas atingiriam seu peito.
Investimento acabava de retornar.
Sem diminuir a velocidade.
Avançou com a carreta contra bandidos.
Criminosos possuídos pela maldade.
Não se intimidaram, eram destemidos.
O Ford atingiu o carro dos marginais.
Arrastando-o por certa distância.
Homens do mal não achavam isso capaz.
Pagariam caro por sua ganância.
Ao terem seu veículo destruído.
Correram atrás da carreta do Elias
Mesmo a pé, por facínoras perseguido.
Desses trastes, ele limparia as rodovias.
Após certa distância, parou a carreta.
Trancou o bruto e correu se esconder.
À beira da pista havia uma valeta.
Se houvesse tiroteio não seria ele a morrer.
Criminosos se aproximaram do caminhão.
Olharam para ver se havia alguém.
Elias seria dessa quadrilha um vilão.
Daqueles não sobraria ninguém.
Saíram à procura dele nas redondezas.
Escuridão da noite era sua aliada.
Aqueles homens cruéis seriam fáceis presas.
O carreteiro prepararia para eles cilada.
Dois deles entraram no matagal.
Passando perto de onde estava.
Elias disparou, para um deles fatal.
O outro, caído, se contorcendo gritava.
Os demais correram até o local.
Elias escondeu-se em outro lugar.
Bandidos se davam muito mal.
A situação deles iria piorar.
Com os olhos em fogo.
Criminosos bem armados.
Elias perseguido, virou o jogo.
Perseguidor de desalmados.
Um dos bandidos, irritado como fera.
Vigiando a carreta caso ele voltasse.
Elias se aproximou como uma pantera.
Atacou criminoso antes que se virasse.
O homem era forte e vigoroso.
Sucumbiu ao receber mata leão.
Por seus amigos mortos, Elias furioso.
Faria justiça, sobre bandidos pesada mão.
Quando os outros dois retornaram.
Sendo um deles o chefe do bando.
Mais um deles morto, identificaram.
Preocupados estavam ficando.
Tentaram abrir a porta do Ford.
Trancada, não haviam meios de a abrir.
Facínoras sentiam bafejada da morte.
Tinham que dali rapidamente sair.
Correram a pé pela rodovia.
Afinal, o carro fora destruído.
Enquanto aquela dupla corria.
Volante do Ford foi assumido.
Elias deu partida e seguiu em frente.
Viu os criminosos pedindo carona.
Queriam assaltar muito mais gente.
Falta de caráter vinha à tona.
Quando viu aqueles bandidos.
Lançou o cavalo Ford sobre eles.
Criminosos estavam perdidos.
Atropelados por Elias, foi o fim deles.
Elias agiu como se nada acontecera.
Bando criminoso para trás deixava.
Sozinho, àqueles malfeitores vencera.
Cano de seu trinta e oito ainda fumegava.
O dia seguinte um alvoroço.
Cinco corpos, a polícia encontrou.
Elias não era de falar grosso.
Agiu no momento que precisou.
Por muitos anos aquela rodovia.
Manteve-se um local seguro.
Se alguma quadrilha novamente viria.
Na surdina, Elias jogaria duro.
AUTOR: ROBERTO DIAS ALVARES