Projeto de lei quer dar horas extras a caminhoneiros dos Estados Unidos
Há mais de 85 anos, a maioria dos trabalhadores dos Estados Unidos tem direito ao pagamento de horas extras, se trabalharem por mais de 40 horas semanais. Cada hora extra exige o pagamento de um adicional de 50% no valor da hora trabalhada.
Apesar de a lei existir desde 1938, os caminhoneiros ficam de fora. Para tentar mudar essa realidade, foi apresentado um projeto de lei no Senado e Câmara dos Estados Unidos, para anular a cláusula da lei de 1938 que deixa os caminhoneiros de fora.
Desde fevereiro de 2022, o Governo de Joe Biden pede ao Congresso norte-americano que crie uma lei para o pagamento de horas extras aos caminhoneiros. Mas nenhum projeto nesse sentido avançou.
Se a lei for realmente aprovada, os caminhoneiros que trabalham como empregados serão beneficiados imediatamente, mas os donos das transportadoras terão um novo desafio.
As regras atuais de trabalho dos caminhoneiros, que são bem rígidas, não autorizam a dirigir mais de 11 horas em uma janela de 14 horas e limita a 70 horas de trabalho em um período de oito dias.
O salário dos caminhoneiros, apesar de haver um mínimo semanal, normalmente é pago por milha rodada. Mesmo podendo ganhar entre US$ 60 mil e US$ 120 mil por ano, a rotatividade de motoristas nas empresas é um grande desafio. Diversos estudos apontam que os caminhoneiros precisariam ganhar mais para ficar na profissão.
O projeto, recém-apresentado, já conta com bastante apoio de representantes dos caminhoneiros. Grupos como a Associação de Motoristas Independentes, o sindicato dos Teamsters, a Truck Safety Coalition e o Institute for Safer Trucking publicaram declarações em apoio ao projeto.
“Inacreditavelmente, o transporte rodoviário é uma das únicas profissões na América a quem é negado o pagamento garantido de horas extras. Estamos muito atrasados, como nação, na valorização dos sacrifícios que os caminhoneiros fazem todos os dias. Isso começa simplesmente pagando aos caminhoneiros por todo o tempo que eles trabalham. Com este desconto no tempo de um caminhoneiro, o ‘grande transporte rodoviário’ liderou uma corrida para o fundo dos salários que trata os caminhoneiros como componentes dispensáveis, em vez de como profissionais que são”, disse o presidente da Associação de Motoristas Independentes, Todd Spencer, em um comunicado na quinta-feira .
Para a American Trucking Associations, se uma lei do tipo passar a vigorar, haverá caos na cadeia logística, com um abrupto aumento de custos do transporte, que pode causar uma elevação na inflação do país.
A ATA diz que esse aumento será apenas virtual, e poderá reduzir o salário médio dos caminhoneiros em longo prazo, já que a forma de pagamento poderá mudar.
“Isso reduziria os contracheques dos motoristas e dizimaria os empregos no transporte rodoviário, ao derrubar os modelos salariais que, durante 85 anos, proporcionaram o sustento das famílias, ao mesmo tempo que aumentavam a cadeia de abastecimento dos EUA”, disse o CEO da ATA, Chris Spear, em um comunicado.
Por ser um projeto, o texto ainda tem que tramitar, e isso poderá levar muito meses. Ou seja, apesar da preocupação inicial, pode ser que não se torne lei.