DISPUTA POR UM AMOR – SCANIA 143H 6×2 V8
A aventura aconteceu desta vez
a bordo de caminhão clássico.
Scania cento e quarenta e três.
Motor V8 potente e fantástico
Dois caminhões de dois irmãos.
Scania cara chata e bicuda.
Nas carretas, transporte de grãos.
Um ao outro prestavam ajuda.
Quebra sol na cabine avançada.
Confortável e gostoso de dirigir.
Scania reinando na estrada.
Para alcançá-los, difícil conseguir.
Os irmãos Luis e Lineu
tinham cada um sua preferência.
Cada qual com o caminhão seu
no asfalto esbanjando potência.
Aconteceu esta passagem
em fazenda de Minas Gerais.
Levando sementes nessa viagem.
De ambos acabou toda a paz.
Propriedade no Triângulo Mineiro.
Certamente era a mais bela.
Viram lá a filha do fazendeiro.
Ambos se apaixonaram por ela.
A jovem toda educada
cumprimentou os dois rapazes.
Beleza e simpatia exalava.
Balançou os dois em suas bases.
Ela se chamava Margarida
Diria ser mais bela que a flor.
Jamais saira dali em sua vida.
Nunca experimentara o amor.
Os irmãos Lineu e Luis
ficaram totalmente sem ações.
A jovem conversava feliz.
Sem saber, conquistara seus corações.
Quando ficaram sozinhos
confessaram a súbita paixão.
Haviam trilhado perigosos caminhos,
Nenhum maior que o caminho do coração.
Procuraram agir com bom senso.
Conversariam com ela em separado.
Houve de ambos um consenso.
Ver com quem ela tinha se encantado.
Enquanto Luiz negociava
os valores com o fazendeiro,
Lineu com ela conversava,
Mostrou-se gentil e cavalheiro.
Lineu ficou bem empolgado.
Achou que seria o escolhido.
Chamou o irmão de lado
Considerando-se já comprometido.
Luiz conversou com Margarida
que deu a ele a mesma atenção.
Achou que a paixão era correspondida.
Deixou isso claro ao irmão.
Ambos saíram para viajar
levando a indefinição.
Pensavam em logo retornar
e decidir qual dos dois tinha razão.
Retornaram, era fim de semana.
Margarida era com eles muito gentil.
Conversavam os três em bela choupana.
A dúvida de ambos persistiu.
Para a fazenda faziam frete a um mês
e ela mostrava-se gentil com os dois.
Luis e Lineu conversavam por sua vez.
Uma solução final um deles propôs.
Para Margarida a declaração
os dois irmãos iriam fazer.
Cada um abriria seu coração,
e caberia a ela escolher.
Conversaram com a bela menina
expondo cada um seus sentimentos.
Sua mente turvou-se qual neblina.
Pensou sobre isso alguns momentos.
Por fim a jovem falou:
“Os dois querem compromisso”.
Uma decisão então tomou.
Assim resolveria isso.
Cada qual com seu caminhão
levariam carga para o mesmo lugar.
Entre eles seria a competição.
Ganharia o primeiro a voltar.
Margarida logo percebeu
ambos eram homens de verdade.
Se casasse com Luis ou Lineu,
a trataria com amor e dignidade.
Lineu era dono da Scania bicuda.
Luis dirigia Scania cara chata.
Que seria moleza ninguém se iluda.
Para o retorno havia limite de data.
Vinte sete toneladas
levavam em cada carreta.
Duas máquinas trucadas.
rápidas como um cometa.
Margarida assistiu a partida
desejando a eles boa sorte.
Sabia que o homem da sua vida
teria que ter coragem e ser forte.
Os irmãos pegaram a rodovia.
Os motores V8 falando alto.
Mudança de marcha, a turbina zunia.
Levantava a cabine e dava um salto.
Rumaram para Estado paulista
Cidade de Santos era o destino.
Os caminhões devoravam a pista.
Os dois brincavam como meninos.
Os cavalos mecânicos trucados
cada qual com seu potente propulsor,
andavam na pista embalados.
Um querendo ver o outro pelo retrovisor.
Nenhum dos dois abria vantagem
andando muito perto um do outro.
Quando um tentava a ultrapassagem
o outro chegava o relho no seu potro.
Ao entrarem no porto carregados
Lineu chegou um pouco a frente.
Seria o primeiro a ser descarregado.
Isso o deixou bastante contente.
Luis não entrou em desespero.
Aguardou sua vez com paciência.
Com calma, sem destempero,
saiu na rodovia com prudência.
Tinha duas horas de desvantagem
para seu irmão caçula.
Teria de tirar durante a viagem,
ou sua chance de ganhar seria nula.
Á noite, ambos fizeram uma parada
afinal o descanso era necessário.
Cem quilômetros, as carretas separadas.
Luis teria de fazer esforço extraordinário.
No dia seguinte logo cedo,
as carretas já estavam no trecho.
De alegria Lineu não fazia segredo.
Conduzia com certo desleixo.
Lineu tinha certeza absoluta
que seu irmão não o alcançaria.
Potência por potência bruta
sua carreta á outra se eqüivalia.
Ambos retornavam com carga
levando a mesma tonelagem.
Lineu tinha uma distância larga.
Impossível Luis tirar esta vantagem.
Lineu tentou falar pelo rádio amador,
mas de Luis não houve resposta.
O primeiro julgava-se já vencedor.
De casamento já pensava na proposta.
Quando adentrou a fazenda
com seu Scania carregado.
Era o vencedor da contenda.
De Margarida seria namorado.
Buzinando e feliz da vida
Lineu teve surpreendente visão.
Viu a jovem pretendida
nos braços de seu irmão.
Quando desceu do caminhão
viu Margarida e Luis abraçados.
Como conseguira seu irmão?
Na estrada, não fora ultrapassado!
Sem entender aquela situação
Lineu estava inconformado.
Queria saber como seu irmão
primeiro que ele havia chegado.
O irmão caçula chegou a pensar
que Luis o havia enganado.
Para descanso tinham de parar.
Achou que Luiz não tinha parado.
Luis não se fez de rogado.
Falou para seu irmão Lineu
como tinha ali chegado.
Eis o que aconteceu:
No posto onde tinha pernoitado
cansado após dia de trabalho,
com outro caminhoneiro conversado.
Luis ficou sabendo de um atalho.
O velho caminhoneiro disse
que por aquela estrada vicinal
economizaria se por ela seguisse
duzentos quilômetros no final.
Era estrada de terra batida
com pontes de madeira sobre regato.
Tudo faria para ficar com Margarida.
Ao velho caminhoneiro ficou grato.
Com seu Scania cara chata
Luis encarou o trecho, foi macho.
Passou por campos e no meio da mata.
Cruzou pontes e até por dentro de riacho.
Quando de sua passagem
levantava poeira, sacudia vegetação.
Seguia firme nessa viagem,
não poupava seu caminhão.
Quando voltou para a pista
saiu á frente do irmão Lineu.
Fora esperto, não um vigarista.
Foi assim que aconteceu.
Tendo encurtado sua rota
Luis foi recebido pela moça.
Lineu aceitou a derrota,
O coração partido como louça.
Margarida queria selar a paz
e consolou Lineu no momento.
Que não ficasse triste o rapaz
e fosse padrinho no seu casamento.
Lineu nada podia fazer.
Aceitou ser deles padrinho.
Ao lado dos noivos podia-se ver
que Lineu não ficara sozinho.
O caminhoneiro Lineu
Acabou se dando bem.
Logo depois conheceu
uma bela jovem também.
A linda Elizabete era
jóia rara, um tesouro.
Iniciaram uma paquera.
Logo virou um namoro.
No dia do casamento
no altar, lindo casal.
Fizeram solene juramento.
O amor triunfara no final.
Luiz pomposo de terno
arrematado por linda gravata,
conquistara o seu amor eterno
graças ao seu Scania cara chata.
Roberto Dias Alvares
Nessa estória da estrada, a paixão de dois irmãos pela mesma mulher leva a uma disputa o de dois Scanias, uma cara chata, outra bicada, mas ambas com o poderoso propulsor V8 correm pela rodovia para chegar primeiro aos braços da pretendida.
Espero que gostem.