Evandro NazaresZ-Colunas

Os 5 Modais de Transporte

Uma palavra muito mencionada e parafraseada em 2018, especialmente no primeiro semestre, foi o termo modal. Tal motivo tende a ser interpretado de forma verdadeira em virtude da greve dos caminhoneiros, que é considerada a maior crise de abastecimento do país neste século. A palavra deixou os livros, seminários e disciplinas de cursos superiores, para ser constantemente usada a partir de então, por jornais, revistas, rádios, canais de televisão, campanhas de diversificação de transporte, especialistas no setor, redes sociais, entre outros. Fato é que, tanto no âmbito operacional como no acadêmico, o termo modal ou os modais ganharam evidente espaços na discussão do assunto.

A greve dos caminhoneiros foi um momento de reflexão a respeito da majoritária utilização do modal rodoviário como preponderante meio de transporte de cargas no Brasil. Podemos dizer que foi um certo divisor de águas para o transporte nacional, pois observamos que outros modais de transporte começaram a deliberadamente buscar espaço na corrida pela conquista de espaço no transporte – ainda que de forma discreta, mas com celeridade. Dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) divulgados em fevereiro de 2019, mostram que houve um aumento de 2,98% na utilização da cabotagem em 2018, quando comparado à 2017. Esse aumento correspondeu aproximadamente a 4,6 milhões de toneladas de carga durante o período destacado. A navegação de longo curso também aumentou; foram 2,25% a mais em 2018, comparado à 2017. Todavia o transporte por águas continentais não deve ser contraposto ao transporte rodoviário, por cumprirem papéis diferentes; um é de abastecimento interno e o outro externo.

Ainda no âmbito do modal aquaviário, os sistemas de transporte por rios, que é chamado de fluvial, é de suma importância no atendimento a diversas regiões do país, em especial a Região Norte, da qual três das principais hidrovias do Brasil estão localizadas: Hidrovia do Madeira (Rio Madeira), Hidrovia Solimões-Amazonas e Hidrovia Tocantins-Araguaia. E, temos também a navegação lacustre, que é o transporte realizado em lagos, visando prioritariamente o abastecimento das cidades vizinhas a este, como por exemplo a Lagoa dos Patos, no Estado do Rio Grande do Sul. Tais modos de transporte são locais ou regionais, porém de significativa importância no abastecimento de suas intermediações.

Também houve após o movimento dos caminhoneiros, uma procura minuciosa pelo alinhamento e restauração do modal ferroviário. Vale lembrar que as ferrovias foram o maior e mais importante meio de transporte no Brasil até os anos 1930; todavia perdeu fôlego conseguinte, devido à falta de investimentos no modal e o preterimento de governos a este, os quais direcionaram suas fichas para o modal rodoviário. Enfim, o modal ferroviário é tido como um dos gargalos do transporte no país, pois possui grande capacidade de carga, baixo custo de transporte e manutenção, porém necessita de um alto investimento à priori, e de tempo para mostra-se rentável, bem como as adequações de rotas e bitolas disponíveis para implementação. Há de dizer ainda que, o modal ferroviário não possui a versatilidade de acessos tal como o rodoviário, dificultando assim o trajeto completo até o cliente, no chamado atendimento porta-a-porta.

O modal aéreo e o modal dutoviário não foram tão repercutidos em virtude da greve como os demais modais. Talvez pelo fato de possuírem características especificas de transporte, e atendimentos que estão no limbo e não necessariamente no cerne dos atendidos por outros modais, o que justifica ganharem cada vez mais espaço no cenário mundial ano a ano, e não em detrimento apenas da paralisação dos caminhoneiros. Tais modos de transporte estão se aproximando cada vez mais dos modais “tradicionais”, a fim de obter fatias de público reservadas apenas aos mais utilizados.

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Mas afinal, o que é um modal de transporte?

A palavra modal é relativa de modo, modalidade, maneira própria de fazer algo. Aplicando ao contexto é: o modo de realização do transporte.

Existem 5 principais modos de transportes, como já dito: Rodoviário, Ferroviário, Aquaviário, Aéreo e Dutoviário. Textos indicam que um dos primeiros modos de transporte da humanidade foi a tração animal, já não descrito atualmente como modal de transporte. Posteriormente vieram as embarcações, que dominaram o mundo por vários séculos, até o final da era mercantilista. As ferrovias surgiram há pouco mais de 200 anos. As rodovias são mais recentes, apesar dos caminhos já desbravados mundo à fora, o sistema foi coercitivamente instaurado no século XX, gerando o modal rodoviário. Aviões próximos aos que conhecemos, surgiram no início do século passado e ganharam reverenciáveis investimentos com o passar dos anos. Já os dutos são mais recentes, ainda que não propriamente no termo, mas em sua intrínseca atuação para o trabalho como modal de transporte.

Não existe um modal melhor do que o outro, o que existe é um modal mais adequado para determinado tipo de transporte, observando as condições logísticas e geográficas dos modais, bem como as características daquilo que será transportado. Cada modal possui particularidades que os definem, a fim de promover aos seus usuários condições necessárias para a realização do transporte. As principais características para determinar um modo de transporte, geralmente são: tipos de carga a ser transportada, distância percorrida, tipo de embalagem utilizada, valor da carga, peso e volume da mercadoria e infraestrutura existente.

No Brasil, mais de 60% de todo o transporte é realizado através do modal rodoviário; desde pequenos veículos urbanos de carga até grandes unidades acopladas como rodotrens e super-bitrens, cujas capacidades de carga são as máximas possíveis determinadas pelo Código de Trânsito Brasileiro e pelo órgão superior de trânsito, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito). O modal rodoviário destaca-se pela facilidade do atendimento porta-a-porta, por possuir estradas para transitar em todas as regiões do país (ainda que com infraestrutura precária em várias localidades) e por sua capacidade de adequação ao desejo do cliente, transportando assim desde pequenas mercadorias até expressivas cargas indivisíveis pelas estradas brasileiras.

O modal ferroviário transporta mais de 20% das cargas do país, e após um período de estagnação pela falta de investimentos (como já mencionado), aparentemente voltou a engrenar no propósito de aumentar sua quantidade de cargas transportadores no Brasil. O modal é considerado lucrativo pela grande quantidade de produto que pode transportar em sua unidade, além de possuir baixo custo de tarifas relacionadas ao frete, quando comparado ao modal rodoviário.

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O transporte aquaviário é um modal que possui subdivisões (como já mencionado), são elas: cabotagem, que é o transporte costeiro pela costa nacional; fluvial, que é o transporte pelo interior do país através de rios, também chamados de hidrovias; e a navegação lacustre, que é o transporte ocorrido nos lagos nacionais. Representa aproximadamente 13% de todo o transporte nacional. Há previsões de órgãos governamentais de que em breve este modal será responsável por mais de 25% do transporte de cargas do Brasil.

O modal aéreo possui pouca participação no cenário atual de transporte nacional. Talvez devido aos seus primórdios iniciais de fabricação, os quais visavam o transporte quase que exclusivo de passageiros, o modal demorou a transigir em direção ao transporte de cargas no país. É um modal que possui características específicas de transporte, sendo ótimo para longas distâncias e para o transporte de cargas de alto valor, por sua velocidade e confiabilidade no processo. Pesa contra o fato de não possuir grande adequação de cargas e por obter um alto valor em sua contratação para transportar determinado bem.

Por último, possuímos o modal dutoviário. Esse modal tem apresentado gratificantes números nos anos recentes. Sua instalação é um empecilho, pois deve ser acordada com diversos órgãos e propriedades para possuir a eficácia no transporte e a lucratividade almejada. Vale ressaltar que as empresas que possuem tal modal geralmente são de ramos que transportam uma grande quantidade de cargas de uma só espécie, de propriedades particulares, em geral, petróleo, óleo, combustível, minério e cimento. É um transporte ágil, seguro e de alta capacidade de fluxo de carga. Em contrapartida sua instalação, flexibilidade de produtos e risco de contaminação, são os principais pontos negativos desse tipo de transporte.

Para finalizar, podemos dizer que cada modal possui uma rica história no Brasil no exterior e pontos positivos e negativos para a contratação de seus serviços.O assunto é de sobremaneira denso e deve ser tratado com detalhes para melhor compreensão dos leitores. Certamente é possível falar de cada modal de forma mais específica direcionando um texto para cada. O objetivo principal destas menções foi apresentar de forma incipiente o que é um modal de transporte e as diferenças entre os modais. Numa próxima descrição, poderemos ver de forma mais ortodoxa as origens e aplicações de cada modal, bem como suas especificações quanto aos bens a serem transportados.

Texto de Evando Nazares

 

 

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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