Aquecimento do sistema de freios pode ser muito perigoso em um caminhão
Todo veículo produzido, seja uma bicicleta ou um avião, tem um sistema muito importante: OS FREIOS. Eles são responsáveis por transformar a energia cinética da rotação dos pneus em energia térmica. Essa transformação acontece entre as lonas e os tambores ou discos, e, gradativamente, o veículo desacelera.
Basicamente, quando a lona de freio toca o tambor, por menor que seja o contato, é gerado calor. Isso se intensifica quando falamos em dezenas de toneladas, rodando a 80 km/h, sobre a carroceria do caminhão.
A energia cinética de um caminhão é enorme, e a quantidade de calor gerado ao acionar os freios pode ser extremamente alta e perigosa. Um dos primeiros danos ao veículo por excesso de temperatura nos freios acontece nos pneus.
A faixa de temperatura ideal de trabalho do pneu fica entre as temperaturas ambientes e 80ºC. A partir dos 81ºC, começam os danos na borracha da carcaça do pneu. Dependendo da temperatura, podem ocorrer trincas no talão, derretimento da câmera de ar se o veículo usar, e até a explosão do pneu, quando a temperatura é superior aos 140ºC.
Quando um pneu sofre esse nível de estresse térmico, poderá ficar quebradiço ao ser desmontado. As válvulas também podem ser danificadas, provocando a perda de pressão de ar.
Outro problema grave é a possibilidade do caminhão ficar sem freios. Quando a temperatura dos tambores e lonas passa dos 250ºC, o sistema perde eficiência rapidamente, e o caminhão fica sem freio, algo muito comum em descidas de serras.
Outro perigo é o caso do pneu incendiar. Quando a temperatura do sistema de freios passa dos 350ºC, mais ou menos, pode-se iniciar um processo de auto-ignição da borracha do pneu, e o incêndio pode ficar incontrolável rapidamente.
Como evitar o problema
O primeiro ponto, e mais importante, é a manutenção. O sistema de freios é um dos mais importantes em qualquer veículo, e precisa estar funcionando perfeitamente, em qualquer situação. Isolar os freios, usar materiais de origem duvidosa ou tentar “gambiarras” no sistema pode ser fatal.
A regulagem dos freios também se faz necessária, mas é necessário seguir o manual do caminhão e do semirreboque, se for um cavalo-mecânico, para evitar que os freios fiquem regulados de forma incorreta. O melhor é regular o freio com a roda levantada, para poder girá-la e garantir que nenhuma parte da lona de freio toque no tambor. Lembre-se, o menor contato gera calor. E sempre regule os freios com o caminhão travado com calços nas rodas!
Conhecer o veículo e usar corretamente os sistemas oferecidos nele, como o freio-motor ou o retarder, podem praticamente dispensar o uso do freio de serviço, se o caminhoneiro souber como utilizar esses sistemas.
Outra questão importante é se preparar para a viagem, tentando conhecer o trecho em que vai rodar com antecedência, com uso de GPS e também com a boa e velha conversa com quem já trabalha no local.
Uma dica que o pessoal mais antigo da estrada sempre dá é descer com a mesma marcha que se usaria para subir a serra, e nunca confiar demais no equipamento.
E se aquecer?
Se notar que um conjunto de pneu e roda está superaquecendo, tente parar logo. Mas tenha cuidado. Quando parar, o fluxo de ar diminui sobre o pneu, e a dissipação do calor é reduzida, fazendo com que a temperatura suba nos primeiros minutos após a parada do veículo.
Nunca fique próximo de um pneu que esteja superaquecido, com aquele cheiro de lona ou borracha queimada. Como citado acima, quando o veículo para, a temperatura sobe, e o pneu pode estourar.
Use os freios corretamente. Nunca se deve usar o sistema de freio do semirreboque individualmente, por meio do manete, pois isso pode sobreaquecer os freios, e, quando o pedal do freio for acionado, apenas os freios do cavalo-mecânico responderem, podendo causar o efeito L.
Tenha cuidado, conheça seu veículo e evite problemas.
Rafael Brusque – Blog do Caminhoneiro
Muito bom o artigo, parabéns ao Rafael pelas dicas excelentes.