Salários de caminhoneiros norte-americanos caíram pela metade em 40 anos

Considerando a inflação acumulada ao longo dos anos, os caminhoneiros que trabalham nos Estados Unidos perderam metade de seus rendimentos. Dados da Bureau of Labor Statistics mostram que atualmente o salário médio de um caminhoneiro que trabalha em longas distâncias é de US$ 50.340 (R$ 256.980,67) por ano.

Fazendo a correção dos valores de 1980 para hoje, naquela época os caminhoneiros ganhavam cerca de US$ 110 mil por ano (R$ 561.539,00). Essa é a maior queda salarial registrada naquele país, especialmente quando se considera que a atividade é essencial para a economia norte-americana, e também uma das mais perigosas para os trabalhadores.

70% de todo o peso do frete é transportado por caminhões na América do Norte, de acordo com dados da American Trucking Associations.

Essa redução salarial tão acentuada pode ser explicada pela Motor Carrier Act, de 1980, uma lei criada para desregulamentar o setor de transportes.

Essa lei permitiu que as próprias empresas estabelecessem os salários de seus funcionários, sem a participação de sindicatos nas negociações, além de remover dezenas de outras lei e resoluções que eram consideradas desvantajosas e ineficientes, que elevavam o custo de frete consideravelmente.

Essa lei conseguiu reduzir os custos do transporte em mais de US$ 8 bilhões por ano, o que equivale a US$ 28 bilhões em valores atuais. Apesar dos consumidores terem se beneficiado muito com essa lei, os caminhoneiros viram um efeito contrário.

Entre 1977 e 1995, a queda nos salários médios dos motoristas de caminhão foi quatro vezes maior que o de outros trabalhadores que ganhavam salários comparáveis.

Além de uma queda vertiginosa nos ganhos, os caminhoneiros também viram a profissão se tornar cada vez mais perigosa. De acordo com levantamentos do governo dos EUA, um em cada seis trabalhadores mortos no trabalho é um caminhoneiro.

Para as empresas, essa realidade acabou dificultando a contratação de novos motoristas, e a rotatividade de profissionais chega a ser de 90%. A maioria dos caminhoneiros, especialmente em grandes empresas, pula de empresa em empresa, procurando melhores condições de trabalho.

Uma avaliação feita pela Freight and Logistics Supply Chain do Departamento de Transporte dos EUA, essa alta rotatividade de profissionais é um dos maiores desafios para o setor de transportes no país.

Projetos de lei no Senado dos Estados Unidos tentam mudar muitas dessas realidades, mas nada parece ser promissor, especialmente no curto e médio prazos.

Por isso, se espera que a escassez de motoristas nos Estados Unidos cresça até números que podem tornar o transporte rodoviário de cargas insustentável no país.

Foto de Tobe Resch/Flickr

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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