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Lei do descanso não evitou acidentes e mortes de caminhoneiros nos Estados Unidos

Está sendo repercutido pela imprensa norte-americana um estudo que mostra que a lei do descanso, implementada no país em 2017, não evitou acidentes nem mortes de caminhoneiros.

Quando foram apresentados, os chamados dispositivos de registro eletrônico – ou Electronic Logging Device (ELD) – prometiam reduzir o número de acidentes com caminhões em quase 2 mil por ano, além de evitar 562 feridos e salvar 26 vidas anualmente.

O ELD monitora o motor de um veículo para capturar dados e saber se o motor está funcionando, se o veículo está em movimento, a distância percorrida e o tempo de operação do motor.

Porém, um levantamento feito pela Federal Motor Carrier Safety Administration (FMCSA), mostram que o número de ocorrências envolvendo caminhões de grande porte aumentaram 11% entre 2017 e 2019, e caíram bastante em 2020, mas devido à pandemia, e não ao controle de horas trabalhadas. Os dados de 2021 e 2022 ainda não estão disponíveis.

Além do aumento de acidentes, a taxa de mortalidade entre os trabalhadores desse setor aumentou. Em 2013, 23,6 em cada 100 mil caminhoneiros morriam em decorrência de acidentes relacionados diretamente ao trabalho, e esse número subiu para 28,8 trabalhadores a cada 100 mil em 2021, em um levantamento feito pelo Bureau of Labor Statistics.

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Esse aumento de acidentes e mortes parecem confirmar o que os caminhoneiros dos Estados Unidos dizem há vários anos. A aplicação das exigências do ELD estão tendo efeito contrário, tornando o transporte rodoviário menos seguro.

Grande parte do problema se deve à falta de flexibilidade do sistema. Não existe margem de horas extras, mesmo que o caminhoneiro precise de apenas poucos minutos para terminar uma viagem.

“Se você está a 30 minutos de casa e chega às 11 horas trabalhadas, deve desligar o caminhão, ou então receberá uma multa automática por excesso de horas de serviço”, disse Brian Pape, um caminhoneiro que deixou a profissão após 13 anos de trabalho.

Outro fato importante é que a maioria das empresas paga bonificações aos motoristas por milhas rodadas. Isso faz com que os caminhoneiros dirijam em velocidades mais altas durante as horas permitidas de direção, o que pode aumentar os acidentes e a gravidade deles.

Se os motoristas não cumprirem as regras e forem pegos pela polícia, pelo Departamento de Transportes ou pela transportadora para a qual trabalham, podem receber multas, que podem comprometer sua carteira de motorista. Antes dos ELDs, as horas de serviço eram anotadas em diários de bordo de papel, fáceis de falsificar.

Entidades que representam caminhoneiros pedem à Federal Motor Carrier Safety Administration mais estudos sobre os efeitos dos ELD’s sobre a rotina dos caminhoneiros e sobre a segurança viária.

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Outro fato interessante é que muitos caminhoneiros autônomos dos Estados Unidos estão deixando de adquirir caminhões mais novos, onde o ELD é exigido, para usar modelos mais antigos, não compatíveis com a tecnologia, o que pode aumentar os riscos nas estradas por conta da manutenção dos veículos.

Todos esses pontos citados tem feito os caminhoneiros e entidades solicitarem um relaxamento das regras do ELD, garantindo que os caminhoneiros tenham mais autonomia sobre a própria rotina. Mas isso parece que não vai acontecer.

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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