Por que os caminhões têm freios a ar?

Todo mundo que conhece caminhões sabe que é preciso de ar para frear o veículo. Mas por que esse tipo de freio foi adotado no mundo dos pesados?

A história dos freios começou junto com os automóveis, pois, além de acelerar, qualquer veículo precisará parar. Inicialmente, os veículos tinham freio a varão ou cabos, acionados diretamente do pedal ou de uma alavanca manual para as rodas.

Além de pouco confiável, o sistema era bastante ineficiente em frenagens de emergência, podendo ser a causa de graves acidentes.

Nos anos 1930, os veículos começaram a contar com uma enorme novidade na questão de frenagem: os sistemas pressurizados com óleo. Além de mais confiável, permitia frenagens mais fortes, garantindo maior segurança. Mas, para os pesados, ainda havia um problema, o superaquecimento.

A física envolvida no processo de frenagem se dá pela transformação da energia cinética, que é o movimento, em energia térmica, que é o calor. Com os caminhões, o calor é imensamente maior do que em automóveis, justamente por conta do alto peso transportado.

Se o freio a óleo superaquece, o caminhão tem a capacidade de frenagem prejudicada, e era comum o bruto ficar sem freios em longos declives.

O freio a ar já era usado em veículos extremamente pesados, os trens, no início dos anos 1900. Na década de 1950, os caminhões passaram a contar com essa tecnologia, que usa um compressor, tanques para armazenagem do ar pressurizado, e dutos que levam o ar às rodas. Quando o caminhoneiro pisa no freio, o sistema movimenta as cuícas, que são responsáveis por gerar o toque entre as lonas de freio e os tambores.

A primeira empresa a se dedicar a essa tecnologia foi a Westinghouse & Co, em 1869, popularizando o sistema em trens nos anos 1900. Basicamente, o mesmo sistema foi adaptado para caminhões, em tamanho reduzido.

O freio a ar a tambor tipo S-Cam, muito comum em caminhões, ônibus e implementos, tem uma altíssima capacidade de frenagem, podendo garantir torque de frenagem superior aos 40 mil Nm.

Além da alta capacidade de frenagem, o sistema tem outra vantagem para caminhões: a facilidade de acoplamento de implementos.

Por ser a ar, basta que as mangueiras de ar sejam engatadas no implemento, para que o mesmo passa a ter capacidade de frenagem semelhante ao do cavalo-mecânico. Com sistemas de freio a óleo, o acoplamento é bem mais demorado, e existe a possibilidade de formação de bolhas de ar no sistema, o que reduz a eficiência.

Outra curiosidade é que o ar no sistema de freios age liberando as rodas, e não fazendo o bloqueio. Por isso, é necessário “fazer ar” no caminhão antes de sair para viagem.

Também, se houver vazamentos grandes, as rodas podem ser travadas, por ficarem sem o suprimento de ar necessário para a liberação do sistema.

Mesmo sendo uma tecnologia altamente confiável, o sistema de freio a ar para caminhões precisa de cuidados, manutenção correta e uso correto. Com isso, a segurança das viagens são garantidas!