Em 1978, caminhoneiro sobreviveu por seis dias enterrado na neve
Imagine você, caminhoneiro, viajando tranquilamente, quando o tempo muda de forma repentina, transformando uma viagem normal em um pesadelo que durou seis longos dias! Pois foi isso que aconteceu com James Truly, em janeiro de 1978.
Ele viajava pela rodovia Ohio 13, no dia 24 de janeiro de 1978, transportando duas bobinas de aço em seu caminhão, um Internacional Transtar 4070, quando foi pego pela Grande Nevasca de 1978, com ventos de quase 200 km/h e frio que passou dos 50 graus negativos.
Enquanto dirigia, tentou enfrentar a neve, e até ajudou outro motorista, que havia saído da estrada com sua caminhonete. Pouco depois, não conseguiu mais avançar com o caminhão e parou no acostamento.
A nevasca era tão poderosa que não era possível enxergar quase nada para fora do caminhão. Então ele resolveu descansar na cabine, com um cobertor e uma cortina.
O Internacional Transtar 4070 é um caminhão com cabine praticamente sem isolamento térmico. A situação só não ficou pior porque o caminhão foi coberto pela neve durante a noite, o que reduziu o efeito do frio, mas quase virou o túmulo do caminhoneiro.
Quando acordou, no dia 25, o caminhoneiro já não conseguia abrir a porta e o caminhão estava totalmente coberto pela neve. Apesar de ter um rádio PX no caminhão, o caminhoneiro só conseguia ouvir as transmissões de outros motoristas, mas não conseguia transmitir nada.
Funcionar o motor não era uma opção, já que os gases do escapamento poderiam asfixiá-lo.
Além disso, ele podia ouvir barulhos de veículos que passavam por ele, inclusive por cima da cabine do caminhão, e nem imaginavam que ele estava enterrado por quase dois metros de neve.
Durante os dias de provação, com pouca comida, o caminhoneiro acendia a luz da cabine por alguns minutos, comia neve e racionava o alimento que tinha, além de rezar bastante.
Para um jornal da época, o caminhoneiro contou que ficava sentado, esperando e rezando. Dentro da cabine, a lataria do caminhão congelou com a umidade da respiração do caminhoneiro e tudo estava muito gelado. Ele passou muito frio pelos próximos dias.
Seu irmão, Donald Truly, que sabia que James estava dirigindo por aquela região, não descansou enquanto não sabia do paradeiro do caminhoneiro. Ele conseguiu informações com o motorista da caminhonete que James havia ajudado no dia que a nevasca começou, e também falou com uma garçonete, que havia falado com o “QRA” Part-time, nome que James usava nas transmissões pelo rádio PX.
Com um amigo, Donald seguiu pela rodovia, parando e verificando todo monte de neve em busca de seu irmão.
No dia 31 de janeiro de 1978, já bastante debilitado pelo frio e fome, o caminhoneiro ouviu passos em cima da cabine do caminhão. Ele bateu no teto da cabine com um cano de ferro, e quem estava lá fora ouviu as batidas.
Em poucos minutos cavando com as mãos e pás, chegaram à janela da cabine, que o caminhoneiro abriu. Para sua surpresa, seu salvador era seu irmão, Donald.
Pouco depois, a Guarda Nacional, que trabalhava na região, usou uma pá carregadeira para abrir caminho até a cabine do caminhão e retirar o caminhoneiro em segurança. Ele foi levado ao hospital pelos militares.
Apesar do sofrimento, o caminhoneiro estava bem, e precisou de apenas um dia no hospital para se reabilitar. A história ganhou os Estados Unidos pela superação do caminhoneiro. Naqueles dias difíceis, mais de 50 pessoas morreram por causa do frio em Ohio. Muitos eram motoristas que ficaram presos com seus veículos na neve.
Até hoje a história é muito lembrada. James Truly tinha 42 anos quando passou por isso.