TRAGÉDIA NO ASFALTO – MERCEDES BENZ AXOR 2644 6×4

Vinte seis quarenta e quatro, Axor
Mercedes Benz de qualidade.
Cavalo mecânico de valor.
De carga, leva grande quantidade.

Desfrutando do conforto
que esta máquina proporciona.
Em mil pensamentos, absorto.
A carga coberta por boa lona.

Um Dinossauro da estrada
puxando carreta ou Bi trem.
Nele dirijo de dia ou madrugada.
Levando a carga que mais convém.

Quatrocentos e quarenta cavalos no motor.
No volante comandando, um especialista.
Do asfalto, é um poderoso cruzador.
Vai rodando, um verdadeiro rei da pista.

Levo carga seca ou mantimento.
Já rodei por diversos trechos.
Ao painel estou sempre atento
no comando do cavalo três eixos.

Seguindo para o litoral,
pode ser a Baixada Santista.
Em concentração total,
estou sempre atento á pista.

Indo para o interior,
pode ser até para o sertão.
No meu bruto dou valor.
Leva o progresso a todo rincão.

De todas as viagens que fiz
aquela que jamais esquecerei.
Escapei da morte por um triz.
De grave acidente me livrei.

Em ultrapassagem mal feita
por carro de pequeno porte,
prejudicou gente direita,
que trabalha fazendo transporte.

Um companheiro de trabalho,
para não causar uma tragédia
saiu da pista, derrapou no cascalho.
De seu cavalo perdeu a rédea.

O motorista do carro se perdeu
ao ver o tamanho da lambança.
Um grande acidente aconteceu.
Escapar vivo, não tinha esperança.

Tirei a carreta da rodovia
tive de fugir do acostamento.
Estrada que pelo morro descia
sai com o bruto naquele momento.

Com quarenta toneladas nas costas
em estrada de piso irregular.
A carreta descia próximo a encostas,
sem haver meios de parar.

Rampa íngreme escorregando.
O piso não dava aderência.
Aos poucos fui segurando,
o motor impondo resistência.

Enquanto eu lutava pra segurar
o caminhão naquela ladeira.
O outro caminhão, ví tombar
rolando pela ribanceira.

Se não conseguisse segurar
pelo reboque seria atingido.
Caminhão capotando sem parar,
percebi o iminente perigo.

O conjunto todo travado,
deslizava no piso irregular.
Engatei marcha-a-ré no trucado
para colisão poder evitar.

Os dois eixos traseiros
fizeram pneus girarem para trás.
Finalmente parei o estradeiro.
O reboque passou perto demais.

Coloquei nas rodas o calço.
Manter o bruto ali, tinha em mente.
Fui correndo no encalço,
do companheiro ferido gravemente.

Levava comigo o extintor,
para incêndio, prevenido.
O caminhoneiro gemia de dor
e estava bem ferido.

Via ao longe meu caminhão.
pelo celular pedi por socorro.
Informei do amigo a situação,
e que estávamos no pé do morro.

pedi que enviassem por favor
caminhão guincho de preferência.
Para tirar meu caminhão-trator
precisaria de mais potência.

Voltei até o companheiro
que estava preso ás ferragens.
Como eu, um carreteiro,
que fazia longas viagens.

Com ele fui conversando
para deixá-lo mais a vontade.
ele foi se acalmando.
A calma gera tranqüilidade.

Uma hora aproximadamente,
chegou o guincho e socorristas.
Eram quatro somente
com maca para levar o motorista.

Voltou a dor àquela altura
quando fizeram dele a retirada.
Em uma das pernas, fratura.
A clavícula estava quebrada.

A testa estava sangrando
devido a um grande corte.
O sangramento foi estancando
pois poderia causar a sua morte.

Depois de prestar atendimento
ao caminhoneiro ferido,
Precisava naquele momento
tirar o caminhão, ser conseguido.

O caminhão guincho desceu de ré
no para-choque da carreta se prendeu.
Precisaria de muita força, ainda mais de fé.
O guincho arrancou e meu bruto tremeu.

Para ao guincho ajudar,
em marcha-a-ré acelerei o caminhão.
Ele começou a mover-se do lugar,
Mas estava difícil sair daquela situação.

O caminhão guincho patinava
e meu bruto tentando sair
Ás vezes ele escorregava
e parava de subir.

O guincho com força imensa
puxava com dificuldade o caminhão.
Chegar lá em cima foi a recompensa.
Escapei sem nenhum arranhão.

Dirigi até a próxima cidade.
Passei no hospital para visita.
O caminhoneiro ferido com gravidade
ficaria bom tempo longe da pista.

O risco de morte foi afastado
mas demoraria sua recuperação.
Neste tempo estaria internado
para depois voltar a dirigir caminhão.

Meu Mercedes Benz Axor
com todo cuidado conduzido,
foi meu parceiro sim senhor,
nesta situação de imenso perigo.

Cheguei ao fim da viagem
mas não tinha tempo pra pensar.
Mas na cabeça aquela imagem
do caminhoneiro sofrendo, ali a gritar.

Segui minha vida estradeira.
Passaram-se dois meses.
Por pequena cidade hospitaleira,
passava ali duas vezes.

Meu colega de estrada
estava recuperando-se bem.
Sua perna já estava curada.
e a sua clavícula também.

Segui meu caminho
pois o tempo não espera.
Com DEUS não estava sozinho,
no volante de uma fera.

Em uma curva bem fechada
contornando com cautela.
Fazendo ziguezague na estrada
cena assustadora foi aquela.

Quando o vi de relance
puxei o bruto para o acostamento.
Evitar a colisão, única chance
que eu tinha no momento.

O motorista ficou assustado
vendo a morte pela frente
Saiu da pista do outro lado.
Segurar o carro não foi competente.

Juntei o bruto no freio,
com trinta toneladas no lombo.
Motorista andando em cambaleio,
sozinho caiu um tombo.

Achei que fosse tontura
causada pelo acidente.
A realidade mais dura,
tinha tomado aguardente.

Fiquei muito revoltado
e observando com atenção.
Era o carro que tinha causado
o acidente com o outro caminhão.

O homem veio com dedo em riste.
Havia bebido e não fora pouco.
Situação lamentável, muito triste.
Revoltado, acertei-lhe um soco.

Caiu ao chão assustado.
Não sabia motivo da agressão.
Disse a ele que era um desajustado,
causou acidente de grande proporção.

Aumentou o seu espanto.
Disse que era assunto policial.
Malandro, não era nenhum santo,
quis subornar-me no final.

Pelo telefone celular
para a polícia liguei de imediato.
Que viessem ali buscar
causador de problemas nato.

Tratava-se de homem embriagado
que provocara acidente.
Estava no chão deitado.
Em sua boca faltava um dente.

Fui até o distrito policial
para ter certeza de sua prisão.
Da bebida, continuava mal,
Em uma deplorável situação.

Após ser interrogado
confessou ter causado os acidentes.
Seria certamente processado
por colocar em risco vida de tanta gente.

Um ano havia passado,
reencontrei o irmão da estrada.
Tinha bem se recuperado.
Já não sentia mais nada.

Dirigia seu caminhão,
transportando qualquer mercadoria.
Agradeceu-me pela sua salvação,
e isso ele jamais esqueceria.

Roberto Dias Alvares

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

2 thoughts on “TRAGÉDIA NO ASFALTO – MERCEDES BENZ AXOR 2644 6×4

  • 02/09/2014 em 15:15
    Permalink

    Em breve enviarei ao Rafael uma nova Estória da estrada. Aguardem…

    Resposta
  • 20/08/2014 em 20:44
    Permalink

    Agradeço a todos que tem visitado a página e lido meu trabalho. O universo dos caminhões, asfalto, caminhoneiros é rico e permite imaginar muitas aventuras.

    Resposta

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