Flamejante, um raio risca o céu.
Um farol, veloz corta a noite escura.
A chuva caindo, úmido véu.
Um caminhoneiro faz viagem dura.
Dirigindo sua máquina pesada
na estrada cumprindo seu papel
o carreteiro segue pela estrada.
Tinha por nome Jardel.
A bordo de potente cruzador
transporte, este carreteiro faz.
Mantendo alto o giro do motor.
Leva grande carregamento de gás.
A carga, bem perigosa,
por isso, aquela condução
feita de maneira cuidadosa.
Scania encarregada da missão.
Seis por quatro o cavalo.
Quinhentos HPs de potência.
Corajoso motorista a guiá-lo,
com habilidade e prudência.
Scania cento e vinte quatro bicuda,
novíssima e muito potente.
Tecnologia embarcada que ajuda
no trajeto mostra-se eficiente.
Cavalo mecânico, cor vermelha,
puxando semirreboque tanque.
Com outro caminhão emparelha.
Tira de lado e mostra o arranque.
Após fazer ultrapassagem
acelera encarando subida.
Noite é curta e longa é a viagem.
Pouco tempo para ser vencida.
Aquela noite escura e chuvosa
reservava surpresas e perigos.
Em uma curva fechada, perigosa
farol mostrou carros destruídos.
Jardel mal teve tempo de desviar.
Parou o Scania logo à frente.
Na chuva correu para verificar
se havia algum sobrevivente.
De uma lanterna munido,
viu que deixara sua marca a morte.
De repente um choro ouvido.
Um bebê sobrevivera por sorte.
Em meio à chuva torrencial
o que restou de Volkswagen Polo.
Pedaços retorcidos de metal.
Pegou o pequenino no colo.
Levou-o para dentro do caminhão.
Secou-o e o enrolou em uma toalha.
Não houve de sua parte a menor hesitação.
Na consciência não teria esta falha.
Àquela hora da madrugada
não tinha ideia para quem ligar.
Na próxima cidade, parada
e no hospital a iria deixar.
Sobre o bebê um cobertor
para aquecê-lo do frio.
Tentou contato com rádio amador,
mas com ninguém falar conseguiu.
Acelerou firme seu cavalo
ligou o ar condicionado.
Logo já pegou embalo.
Para trás o acidente tinha ficado.
Cinquenta quilômetros de chão
chegava à pequena cidade.
viu de luzes uma concentração.
Procurou hospital ou maternidade.
Tocou uma campainha
após algum tempo, enfermeira.
No hospital estava sozinha.
Era uma linda brasileira.
Quando Jardel contou o caso
e como salvara aquela criança.
Falou que a carga tinha prazo.
Chegar a tempo tinha esperança.
A delegacia estava fechada
não pode avisar os policiais.
A enfermeira emocionada
com o que passara o rapaz.
Jardel afirmou que voltaria
para saber daquele pedacinho de gente.
Se fosse o caso, com ele ficaria
se não aparecesse nenhum parente.
A enfermeira chamava-se Andressa.
Tinha uma beleza envolvente.
Além de bela, era boa de cabeça.
O que fazer da vida já tinha em mente.
Realizada em sua profissão.
Sempre sonhou com enfermagem.
Aos pacientes muita dedicação.
No hospital menos dolorosa a passagem.
Jardel seguiria adiante.
quis deixar dinheiro para despesa.
Andressa disse naquele instante,
não ser preciso, para sua surpresa.
O caminhoneiro pediu a ela
telefone para saber da criança.
Deu número do hospital e não o dela.
Em estranho não depositaria confiança.
Ela cuidaria daquela criança
e já chamaria o doutor.
A jovem doce e mansa,
sentiu pela criança amor.
Dois dias depois do acontecido
Jardel chegou a tempo felizmente.
Viu no jornal sobre o acidente acorrido.
Falava que não havia sobrevivente.
O que Jardel achou estranho
daquele fato acontecido,
causou preocupação sem tamanho
não falava nada do recém-nascido.
Dois meses haviam se passado
e Jardel queria voltar á cidade.
Saber da criança e seu estado,
nisso tinha muita curiosidade.
A bordo do Scania, no comando
Jardel passaria por aquele lugar.
Seguia em ritmo brando
pois o importante era chegar.
Foi direto ao hospital
e lá reencontrou Andressa.
Do bebê perguntou afinal.
Ela tinha respiração opressa.
Jardel queria saber o motivo
das lágrimas da enfermeira.
Perguntou se o bebê estava vivo.
Depois achou que dissera besteira.
Andressa contou então
o que tinha acontecido.
Aquele bebê era filho de seu irmão
que no acidente tinha perecido.
Aquele duro golpe do destino
Marcou sua vida e seu coração.
Ela criaria aquele menino.
Dera a ele o nome do irmão.
Andressa tinha outros planos
e para isso tinha se programado.
Acidente causou perdas e danos.
Ser mãe assim não tinha pensado.
Jardel ficou comovido.
Por Andressa aumentou admiração.
Sem ela, ele não teria conseguido
efetivar da criança a salvação.
Jardel retornava com mais frequência
com a desculpa de ver a criança
No Scania despejava potência.
Conquistar Andressa tinha esperança.
A jovem enfermeira percebeu
que Jardel era um homem de bem.
Uma chance a ele deu,
pois gostava dele também.
A criança cresceu sendo amada.
Sabendo o que havia acontecido.
Sua tia tornara-se mãe dedicada.
Jardel era agora seu marido.
Sempre que era possível
Os dois viajavam com Jardel.
A felicidade deles, indescritível.
Verdadeiro presente do céu.
Roberto Dias Alvares