O ASSALTO AO CAIXA ELETRÔNICO – Cavalo Mecânico VW Titan Tractor 310 6×2
Aquela era uma cidade pequena
onde o povo vivia em paz.
Quatro mil habitantes apenas.
Do que isso não havia mais.
Havia poucas modernidades
que só algumas pessoas usufruíam.
Ninguém tinha facilidades.
Contentavam-se e com pouco viviam.
Dois policiais e uma viatura
era mais do que suficiente.
Vida ali era trabalhada e dura.
Caixa eletrônico atendia aquela gente.
O carreteiro Luan
vivia puxando areia.
Cavalo Volkswagen Titan.
Sua carreta andava cheia.
Ar condicionado, frigobar.
De conforto não havia falta.
Nos pneus havia rodoar.
Cabine dupla, espaçosa e alta.
Certo dia a paz da cidade
foi quebrada por uma invasão.
Conheceram de pessoas a maldade
na forma de criminosa organização.
Grupo fortemente armado
com fuzis, pistolas e escopeta.
Todo o grupo estava mascarado.
Luan viu-os chegando de sua carreta.
O restrito contingente policial
para combatê-los não era páreo.
Não tinham como enfrentá-los afinal.
Queriam levar da cidade o erário.
O pagamento do funcionalismo
seria feito naquele mesmo dia.
Parecia cena de filme com realismo
tudo aquilo que acontecia.
Pessoas que andavam pela rua
viram-se sob a mira de uma arma.
Aquela realidade nua e crua
era daquele povo um carma.
Traziam poderoso explosivo
em forma de bananas de dinamite.
Verdadeiro exército seria preciso
para prendê-los em uma blitz.
Pessoas colocadas como escudo
á frente daquela quadrilha armada.
Certamente planejaram aquilo tudo
antes da ação ser executada.
A dinamite foi colocada
e dali a quadrilha se afastou.
Longo pavio, para ser detonada.
Por fim o caixa eletrônico se desintegrou.
Nesse exato momento aconteceu:
Após o estrondo, muita fumaça no ar.
Do nada, uma veloz carreta apareceu.
Em direção á quadrilha punha-se a rumar.
As pessoas que eram reféns
afastaram-se devido à explosão.
Para não serem feridas também,
abriram a frente do bando um clarão.
Era o carreteiro Luan
que agia de modo heroico.
Avançou contra o bando com afã.
Era decisivo momento histórico.
Mesmo estando de areia carregado
aquela reta favorecia a velocidade.
O bando foi pela carreta dispersado.
Foi uma verdadeira calamidade.
Foi um corre-corre para todo lado
Debandada após sua passagem.
O carreteiro Luan usou seu cavalo trucado,
enfrentando o bando com a cara e coragem.
Não contente com o que fez
Deu marcha-a-ré no Volkswagen.
Passou por ali outra vez.
Não sei se foi burrice ou coragem.
Acionou do semirreboque a caçamba
derramando areia no carro dos marginais.
Do crioulo doido foi o samba.
Ninguém era refém dos bandidos mais.
Os criminosos assim surpreendidos
abriram fogo contra a caçamba suspensa.
O carreteiro não deu-se por vencido.
Expulsar bandidos seria sua recompensa.
Mas esta última é decidida ação
ao carreteiro custaria muito caro.
Bandidos cercaram sua composição.
Preparados para fazer o disparo.
Luan vendo-se assim cercado
pensou que terminara ali sua sorte.
Antes que o primeiro tiro fosse disparado,
um bandido caiu ferido de morte.
Os outros não tiveram tempo de se virar.
Uma saraivada de tiros os abateu.
A quadrilha ali acabou por terminar.
Ao leitor eu explico o que aconteceu.
Quando os reféns conseguiram escapar
para suas casas correram apressados.
Lá chegando, armas foram apanhar.
Os bandidos tinham os minutos contados.
Quando viram que Luan, o carreteiro
seria morto por seu ato de heroísmo.
Todo aquele povo digno e ordeiro
não aceitaria ali o banditismo.
Armados de garruchas e espingardas
defenderiam a cidade e suas famílias.
Os bandidos descuidaram da retaguarda.
Exterminaram a bala aquela quadrilha.
Quando da polícia chegou reforço
não havia mais nada a ser feito.
De Luan, reconheceram o esforço
na defesa daquele povo direito.
A polícia não indiciou ninguém
pois não sabiam a quem prender.
A lei determina o que não convém.
Naquele caso nada iria acontecer.
Após aquele acontecimento trágico
a cidade voltou a sua calmaria.
Mas daquele carreteiro mágico
a população sempre se lembraria.
ROBERTO DIAS ALVARES