Essa é a história de Rafael.
Estudioso e obediente menino.
Caminhão de brinquedo pedia a papai Noel.
Quando crescesse, a estrada era seu destino.
Filho de seu Pedro e dona Iracema
Ele carreteiro e ela digna mulher do lar.
A imaginação de Rafael não era pequena.
Queria um caminhão e poder viajar.
Por respeito à mãe concluiu ensino médio.
Era bom aluno e gostava de geografia.
Mas a escola para ele se tornara um tédio.
A estrada o chamava e o queria.
Com quinze anos começou a dirigir.
Pilotando Scania-Vabis de seu pai.
Rafael queria a estrada, só pensava em partir.
A razão e o coração diziam: “Vai”.
Quando completou a maioridade,
facilmente conseguiu sua habilitação.
Agora poderia mostrar toda sua capacidade.
Poderia sair para estrada com o caminhão.
Dirigindo o Scania-vabis trucado
pois seu pai curtia a justa aposentadoria.
Viajava para qualquer Estado.
Todo tipo de carga no semirreboque levaria.
Foi na cidade de Castro no Paraná
que viu o estradeiro que sempre quis.
Mercedes Benz estava parado lá.
Com aquele cavalo seria mais feliz.
O Mercedes Benz estacionado
em um pátio de posto de combustíveis.
Um velho senhor estava ali do lado.
Naquela cidade havia fincado raizes.
Rafael fechou rapidamente o negócio.
Mas não tinha todo o dinheiro para pagar.
Motor antigo mas nada tinha de dócil.
Caminhão com muita história para contar.
Prometeu ao homem que na semana seguinte
voltaria com o dinheiro para buscar o caminhão.
Já se imaginava a bordo do Mercedes quinze vinte.
Como conseguir o dinheiro, pensava em uma solução.
De volta à sua cidade
correu atrás de um empréstimo.
Nos bancos impuseram dificuldade.
A ele não fizeram esse préstimo.
Não conseguiu financiamento
mas ao homem devia satisfação.
Com seu pai ia naquele momento.
Aborrecido, não teria o caminhão.
A bordo de um Volkswagen Brasília
o pai via Rafael silencioso e resignado.
Senhor Pedro disse que um jeito daria.
Mas o rapaz se mostrava contrariado.
Quando chegaram naquela cidade
para o proprietário, Rafael pediria desculpa.
Ia dizer que faltaria com a verdade.
Assumia toda a responsabilidade e culpa.
Mas eis que para sua surpresa
transformou-se em alegria a decepção.
Seu pai levava dinheiro e pôs sobre a mesa.
“Filho, agora você tem seu caminhão”.
Rafael disse a seu progenitor que o pagaria.
“Obrigado pai, por um caminhão que é só meu”.
Seu Pedro com carinho lhe respondia.
“Filho, tudo que me pertence também é seu”.
Antes de viajar com seu caminhão
Rafael levou o bruto para oficina.
Era necessário fazer uma revisão:
Mecânica, elétrica e pintar a cabina.
Enquanto o Mercedes era reparado,
O Scania do pai, Rafael dirigia.
A bordo do valente jacaré trucado
por qualquer estrada do País seguia.
Quando o Mercedes foi modificado
Rafael tinha um plano em mente.
Levaria seu cavalo mecânico trucado
a viajar por todo esse imenso Continente.
Faria fretes pela América platina
e também os países andinos.
Uruguai, Paraguai e Argentina.
Chile, Bolivia, Equador seriam destinos.
Rodaria por toda a América do Sul.
O banco do cavalo seria sua sela.
Não seria esquecido Brasil e Peru.
Faria transporte por Colômbia e Venezuela.
O Mercedes Benz quinze vinte
recebeu mecânica do Mercedes Actros.
Interior da cabine, conforto e requinte.
Possuía tração seis por quatro.
O cavalo mecânico exalava nostalgia.
Sob a cabine Rafael ficava orgulhoso.
Do jeito que descia ele também subia.
Imagina só que motor poderoso.
Quinhentos e cinquenta cavalos
nas mãos de um motorista de talento.
Rafael sabia como domá-los.
Na estrada não era nada lento.
Rafael viveria muitas aventuras
rodando por países e culturas diferentes.
Enfrentaria situações difíceis e duras.
Lá, só sobrevivem os valentes.
Dois primeiros países para onde vai,
o nacionalismo do povo é muito forte.
Adubo para fazendeiro brasileiro no Paraguai.
No Uruguai também fez transporte.
Viajar por toda a América Latina
para o carreteiro Rafael era a glória.
O que ele viveu dentro daquela cabina
será contado na próxima história.
Roberto Dias Alvares
1 comentário
Estarei escrevendo em capítulos mas na forma poética meu livro AVENTURAS DE UM CARRETEIRO PELA AMERICA