CUMPRINDO A SINA DE CARRETEIRO – Fiat 190 Turbo 6×2
Nas inúmeras voltas de cada pneu
que levam o caminhão adiante.
Cumprindo o destino que é seu.
Essa é a vida de um viajante.
O caminhoneiro é um bravo
que luta com muita coragem.
Enfrenta qualquer desagravo.
Um desafio em cada viagem.
Assim é a vida de Daniel,
trabalhando feliz o ano inteiro.
Ser caminhoneiro é um presente do céu.
Vai cumprindo a sina de carreteiro.
Sem condições de comprar caminhão do ano,
vai se virando com seu velho estradeiro.
Sabe que para sua vida DEUS tem um plano.
Homem trabalhador, honesto e ordeiro.
Na estrada não comete excesso
e no dia-a-dia é cumpridor das leis.
Não faz de sua carreta um trem expresso.
Da pista não se considera um dos reis.
Dirigir, para ele é um prazer
e o bruto nunca o deixou desamparado.
Como bom motorista faz o seu dever.
Seu estradeiro é constantemente revisado.
Conduz com maestria seu cavalo trucado.
andando sem exceder o limite.
Pela lógica ele é guiado.
Se o assunto é segurança não aceita palpite.
Entre as muitas adversidades
uma o fez agir fora de seu padrão.
Enfrentou a maior das dificuldades.
Para o mal queriam usar seu caminhão.
O nome de seu amor, Francisca
e pensa nela a cada reta, a cada curva.
Ao volante do estradeiro não se arrisca.
Dirige seguro com sol ou com chuva.
O leitor deve estar curioso
para saber qual é o caminhão do moço.
Trata-se de um bruto valoroso.
Por onde passa causa um alvoroço.
Poderoso Fiat cento e noventa
mas utilizando mecânica de ponta.
Daniel faz condução segura, não lenta.
Com equilíbrio, as dificuldades afronta.
Foi na porta de sua residência
criminosos chegaram de surpresa.
Falaram para não oferecer resistência.
Sua esposa, com bandido ficou presa.
Sem poder ajudar seu marido
via Daniel, de revólveres na mira.
Sem ajuda estaria perdido.
Pensava: Isso só pode ser mentira.
Obrigaram-na a abrir a porta
e fizeram Francisca de refém.
Disseram que ela seria morta
se o carreteiro não agisse como convém.
Ela viu seu marido ser levado
e os bandidos embarcaram no cavalo.
Um foi atrás, o outro de seu lado.
Para onde iriam levá-lo?
Francisca vítima de violento ato
via o marido ser levado.
Saíram naquele momento exato.
Para onde iam era ignorado.
Dois bandidos com o carreteiro a viajar
e Daniel com o Fiat já ia longe.
Que fosse mais rápido acabavam de mandar.
Daniel obedecia com a calma de um monge.
Pegaram estrada de terra batida
e chegaram a propriedade rural.
Daniel pensava no amor de sua vida.
O que fariam com ela afinal.
Francisca estava na própria casa presa
para obrigar Daniel a fazer transporte.
Faria frete levando até Fortaleza
Levaria no semirreboque uma carga de morte.
Disfarçado na carga de café torrado e moído
pacotes de cocaína e maconha.
Se fosse pego, Daniel estaria perdido.
Vítima de maldade medonha.
Não tinha como avisar a polícia
e contar que de bandidos era vítima.
Teria de ter sorte e usar de malícia.
Chance de escapar era ínfima.
Enquanto fazia aquele transporte
sua esposa era refém de marginais.
Daniel tinha de se manter forte.
Escapar sozinho teria de ser capaz.
Pediu para falar com a esposa
para saber se ela estava bem.
Bandido era astuto como uma raposa.
Mas Daniel era muito esperto também.
Falou com sua amada Francisca.
Ela disse que não fora maltratada.
Bandido era cruel, uma bisca.
Era doloroso ver sofrer sua amada.
Iriam viajar à noite inteira
pois seria mais difícil serem parados.
Daniel apertou sua máquina estradeira.
Dois bandidos o vigiavam de todos os lados.
Dirigindo e mantendo a calma
Daniel, da situação queria se tornar dono.
Levava o caminhão na mão sobre a palma.
Condução suave nos bandidos dava sono.
Eram três horas da madrugada,
bandidos deram breve cochilo.
Era por Daniel a condição desejada.
Teria de se aproveitar daquilo.
Antes de agir, pensou em cada gesto.
Afinal não teria uma segunda chance.
Não padeceria aquele homem honesto.
Revólver estava à seu alcance.
O bandido que dormia a seu lado
recebeu violento soco no rosto.
Por Daniel, o revólver foi arrancado.
Ficou desacordado no encosto.
O bandido que viajava atrás,
com o barulho, acordou nesse momento.
Tentou atingir o honesto rapaz.
Daniel esquivou-se em rápido movimento.
Uma mão com revólver, a outra no volante.
Contra o meliante fez disparo.
Bandido ferido recuou no mesmo instante.
Por ameaçarem sua esposa pagariam caro.
Parou a carreta à beira da pista.
Obrigou-os a sair da cabina.
Bandidos baixaram a crista.
Deles, acabava a sanha assassina.
Com o revólver apontado para os dois
amarrou a ambos com uma corda.
A polícia os levaria depois
Daqueles vagabundos acabaria com a horda.
Quando estavam bem amarrados
jogou-os sobre o cavalo do lado de fora.
Ali fora, pelo vento frio foram maltratados.
Pelo mal que fizeram iam pagando agora.
Ao chegar ao Posto da Polícia Rodoviária
parou e adentrou aquele local.
Disse que trazia com ele gente ordinária.
Levou um grande susto o policial.
Ao agente da lei contou tudo
e que sua esposa era mantida presa.
O policial ouvia com atenção e mudo.
Ao saber das drogas, tomado pela surpresa.
Daniel levou-o até sua carreta.
Puxando-os, jogou bandidos no chão.
Ao caírem, fizeram careta.
Dali iriam direto para a prisão.
Disse que debaixo do café, muita droga.
Pela vida da esposa, obrigado a levar.
Bandidos julgados pela autoridade de toda.
Muitos anos de cadeia iriam pagar.
Mas Francisca era prisioneira
e sua vida ainda estava em perigo.
Polícia agiu de forma sorrateira.
Ao bandido impôs duro castigo.
Invadiram a casa de Daniel
e o bandido nem teve reação.
Teria destino amargo como fel.
Faria companhia aos outros na prisão.
Quando o Fiat cento e noventa
encostou defronte o portão.
Daniel e Francisca naquela manhã cinzenta
Mataram a saudade se entregando a paixão.
Roberto Dias Alvares
Fantástica poesia !!!!
Obrigado Sueli por suas palavras que muito me motivam a continuar escrevendo.