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Como é trabalhar com um caminhão médio nos Estados Unidos?

Quando falamos sobre os caminhões dos Estados Unidos, o que vem em mente são aqueles modelos com cabines gigantes, longos capôs e carretas de dois eixos, cortando as largas estradas do país. Mas, além dos modelos tradicionalmente conhecidos mundo a fora, milhares de caminhões menores percorrem as ruas e estradas da América do Norte. Mas como é a vida de um caminhoneiro a bordo de um modelo médio nos Estados Unidos?

O Blog do Caminhoneiro entrevistou o brasileiro Rodrigo Carvalho, que trabalha com um caminhão International Durastar 4300 “Straight Truck”, que é um modelo classe 6, com peso bruto total limitado a 26 mil libras, cerca de 11.800 kg. Rodrigo é mineiro, nascido em Belo Horizonte, e criado em Ibirité, e agora vive na região de Mount Vernon, no estado de Nova Iorque.

Ele deixou o Brasil há 25 anos, para tentar o sonho americano. Hoje, com 53 anos, Rodrigo trabalho por cerca de 23 anos como carpinteiro no país, fazendo dois anos que tirou sua carteira de motorista profissional e começou a trabalhar com caminhões.

O primeiro caminhão dirigido por ele foi um modelo Hino 238, um modelo também da classe 6, que era alugado pelo dono da empresa em que trabalhava. Depois, passou a trabalhar com um Freightliner Business Class M2 106, e atualmente trabalha com o modelo International.

Inicialmente, a primeira oportunidade, ainda sem experiência, foi na empresa Wiso Transports, mudando recentemente para a MAL Service and Transport.

Para Rodrigo, a operação com um caminhão médio, Classe 6, é bem mais fácil, com maior agilidade, principalmente dentro das cidades.

“Você carrega e descarrega bem mais rápido. Para o motorista, ele também é bem confortável. Eu posso resumir como um caminhão ágil, fácil de trabalhar”, resume Rodrigo.

Rodrigo era caminhoneiro no Brasil, trabalhando com caminhões trucados, e, mesmo com a experiência anterior em nossa terra, diz que a operação de caminhões, principalmente na questão logística, é completamente diferente nos Estados Unidos.

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“Primeiro que, aqui, o agendamento de cargas funciona. Se você está com a marcação para descarregar às 5 horas da manhã, ele vão descarregar seu caminhão às 5 horas da manhã. Se está marcado para carregar ás 8hs, eles vão carregar seu caminhão às 8hs”, destaca.

Apesar de, eventualmente, acontecerem atrasos para o carregamento e descarregamento do veículo, a grande maioria das operações é realizada estritamente dentro do prazo dado, e, em sem perder tempo, pode-se seguir viagem novamente, até o próximo destino.

Rodrigo também destaca que ter começado a trabalhar com caminhões menores foi fundamental para conhecer todos os detalhes das operações de transporte, e também das rodovias, como balanças, polícia, e principalmente, a questão do ELD, que é um livro eletrônico de controle de jornada do motorista, e que precisa ser seguido à risca.

A maioria das cargas transportadas no caminhão em que trabalha são paletizadas, visando a agilidade na carga e descarga, mas já houveram oportunidades de transportar cargas batidas, principalmente caixas soltas. Além disso, dificilmente o motorista põe a mão na carga do veículo. Toda a operação de carga e descarga é feita pelas próprias empresas.

O caminhão atual de Rodrigo, o Durastar, é equipado com motor Maxxforce, que pode ter até 300 cavalos de potência. Como a capacidade de carga do modelo é de 4.500 kg, ele diz que o veículo tem uma potência boa para o porte do caminhão, assim como o modelo Hino em que trabalhou. Já o Freightliner é considerado mais fraco para esse tipo de operação.

“Se eu tiver com a carga máxima, que é de 10 mil libras (4.500 kg), o Hino e o International desenvolvem mais, com o Freightliner ficando um pouquinho atrás, principalmente em serra”, analisa o caminhoneiro.

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Entre os três modelos em que trabalhou, a preferência do caminhoneiro fica com o modelo Hino, devido à potência mais alta, e ao conforto para o motorista. Além disso, todos os caminhões em que trabalhou possuem câmbio automático. O valor médio desses caminhões fica entre US$ 15 mil e US$ 30 mil, dependendo do ano e das configurações de cada modelo. O modelo International, fabricado em 2013, que trabalha atualmente, é avaliado em cerca de US$ 29.500.

No Brasil, Rodrigo, que é neto, filho, sobrinho, cunhado, irmão e amigo de caminhoneiros, trabalhou com caminhões fabricados por aqui. Entre eles, um Volkswagen 23.210, puxando verduras entre Poços de Caldas-MG e a Região Nordeste.

Para ele, a operação de caminhões no Brasil é mais desafiadora, principalmente devido ao traçado das rodovias brasileiras, em que muitos trechos tem projeto antigo, com serras mais desafiadoras e maiores dificuldades gerais para os caminhoneiros.

“Eu digo para todo mundo aqui nos Estados Unidos: Quem dirige caminhão no Brasil, dirige em qualquer outro lugar. Quem dirige caminhão carregado, subindo e descendo serra no Brasil, porque as serras são mais pesadas, e se não souber subir e descer acontece acidentes, pode dirigir em qualquer lugar do mundo”, afirma.

Rodrigo mantém um canal no Youtube, chamado de “Uma Muriçoca Na América”, com vários vídeos publicados mostrando sua rotina nas estradas norte-americanas. Caso queira acompanhar e se inscrever, o link é https://www.youtube.com/channel/UCDZ9MT9JCbDMwlOsiNgW9BA/.

Rafael Brusque – Blog do Caminhoneiro

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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