Os caminhões com 15 janelas para eliminar pontos cegos

Atualmente as fabricantes são obrigadas a cumprir regulamentos cada vez mais rigorosos em relação ao envidraçamento de cabines. Na Grã-Bretanha, por exemplo, os caminhões equipados com janelas adicionais instaladas na porta do passageiro, que melhoram significativamente a visibilidade para pedestres e ciclistas, estão se tornando cada vez mais populares. Conheça um pouco de como isso começou.

Nossa história começa na segunda metade da década de 1940, quando a transportadora francesa Becquet, que atua no transporte de líquidos, encomendou nove caminhões Bernard modelo CA6 para sua frota.

Este modelo tinha o design típico da época, uma cabine relativamente pequena com muito pouco vidro, o que dificultava bastante a visão do entorno e criava muitos pontos cegos, principalmente por conta do capô muito comprido. Trabalhar com esses modelos certamente não era a coisa mais fácil e é por isso que Becquet decidiu modificar seus veículos.

Desta forma, os caminhões da Bernards ficaram sob os cuidados da Carrosserie Desoil, uma empresa especializada em transformações de carroceria. Lá, as cabines originais dos caminhões foram desmontadas e substituídas por construções bastante inusitadas, modernas na época e ainda hoje com um design surpreendente.

As novas cabines impressionaram pelo seu formato, quase idêntico ao da carroceria tanque, equipados com uma grande quantidade de vidros. Além das duas janelas principais pelas quais o motorista olhava para a frente, também foram instaladas janelas menores acima dos para-lamas dianteiros. Essa solução melhorou muito eliminando parcialmente os “pontos cegos” criados pelo longo capô. Na lateral o motorista tinha até seis janelas do lado esquerdo e cinco do lado direito. No total eram 15 janelas na cabine.

De acordo com as fontes disponíveis essa ideia não era nova. Acredita-se que a principal inspiração foi nos aviões bombardeiros usados ​​​​na Segunda Guerra Mundial. Essa teoria parece fazer sentido, pois os bombardeiros da época tinham narizes envidraçados. No caso da aviação, essa solução resultou da presença de um tripulante denominado bombardeiro, responsável pelo lançamento preciso das bombas e também servia como artilheiro de nariz.