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Os caminhões caçambas que trabalharam no desastre de Chernobyl

Em abril de 1986 aconteceu um dos maiores e mais famosos desastres nucleares da história, na usina de Chernobyl, na época dentro da União Soviética (hoje território da Ucrânia). A negligência e o descaso por parte das autoridades soviéticas levaram a morte direta de mais de 30 pessoas, além de milhares de mortos posteriormente em decorrência da radiação. Além dos soldados mobilizados para o desastre, dois caminhões fizeram parte dessa história também: 255B e 256B, veículos robustos e duráveis, com grande capacidade de carga, construídos pela ucraniana KrAZ. Foram esses caminhões militares, que nos primeiros dias do desastre, trouxeram uma ponte flutuante que foi construída em apenas 7 horas, com a qual foi possível evacuar a população civil da região.

KrAZ-256

Mas usar caminhões tradicionais representava um risco muito alto para os soldados, que não tinha proteção adequada contra os efeitos da radiação (muitos pagaram com a saúde e a vida). A fim de garantir uma proteção mínima aos motoristas, as fábricas automotivas receberam uma ordem do governo para construir veículos especializados para operar na região contaminada. A própria KrAZ ficou responsável pela construção.

A ideia era um caminhão adaptado para trabalhar na área de maior radiação, equipado com uma carroceria basculante com capacidade de no mínimo 12 toneladas. Como era um projeto urgente, foi criado um grupo de trabalho na KrAZ com os melhores designers da fábrica, chefiada pelo engenheiro Viktor Kholjavko. O modelo escolhido como base foi o KrAZ-256B1 e o maior desafio foi criar uma cápsula que protegesse o motorista da radiação. Para isso, a cabine teve que ser totalmente reconstruída, já que o original não possibilitava adaptar um sistema de filtragem de ar e proteção contra radiação.

No fim das contas, os engenheiros projetaram uma cabine pequena somente para o motorista. Ela era feita de aço com chapas de 3 mm de espessura e ainda revestido por dentro com placas de chumbo (material que inibe a radiação). As placas de chumbo no piso da cabine tinham 30 mm, nas laterais 25 mm e no teto 12 mm. Os vidros também foram protegidos por um vidro antirradiação de 75 mm de espessura, sendo o para-brisa era cercado por moldura de chumbo. Todas as cabines fabricadas foram testadas e nos locais onde a radiação entrava foram instaladas placas adicionais. Na parte externa do teto ficava instalado o filtro de ar, para ventilação interna da cabine.

Após finalizada, somente a nova cabine pesava quase três toneladas, e como a posição dela era descentralizada, o peso ficou mal distribuído no chassi. Para solucionar esse problema, a longarina do chassi foi reforçada, equivalendo o peso sobre o chassi de forma igual. Apesar de vários problemas que surgiram durante a produção desses veículos, como a falta e o atraso na entrega de matéria prima, 18 caminhões foram fabricados entre os dias 10 e 27 de julho de 1986. Para dar conta dessa produção, os funcionários trabalhavam em até três turnos.

Infelizmente como na maioria das invenções provenientes da URSS, não se sabe o destino que os caminhões levaram. O mais provável é que eles tenham sido colocados em um lugar especial em que ficaram armazenados os equipamentos contaminados.

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