O Fabricio Primo está de volta
dirigindo uma usina de energia.
Na estrada, o Mercedes Benz ele solta.
Viajando seja noite ou seja dia.
É feliz ali, isso é notório.
Enfrenta chuva, sol ou neblina.
A estrada é seu território.
Na pista, seu bruto domina.
Seu Mercedes, antigo na aparência
mantém sempre boa velocidade.
Modernidade sem perder a essência
mostra que caminhão tem dono, não idade.
O Fabricio anda com outro carreteiro.
Homem com uma fibra de bronze.
Viajando, segue o mesmo roteiro.
Pilotando Scania Vabis cento e onze.
Este homem que com Fabricio vai
cada um pilotando seu caminhão.
Dono do Scania Vabis é seu pai.
Juntos vencem quilômetros de chão.
A estrada é cheia de armadilhas
surpreendendo o carreteiro mais tarimbado.
Mas Fabricio e seu pai conhecem as trilhas.
Cortam o trecho, rodando lado a lado.
O cavalo Mercedes Benz pela pista trota.
Na cabina, caixas de som e boa acústica.
O ronco do bruto parece suave nota.
Para os ouvidos, uma deliciosa música.
Trabalha sempre com alegria.
Fabricio dirige feliz da vida.
Volta para casa ao final do dia,
com a sensação de missão cumprida.
Voltando para casa, olha o horizonte.
Deitando atrás da serra, um sol vermelho.
Cruza sobre um rio comprida ponte
e no cavalo Mercedes Benz chega o relho.
Em uma viagem de rotina,
Ele e seu pai indo á luta.
Na estrada cumprir sua sina
de transportar a carga bruta.
Um carro o ultrapassou como uma bala,
distanciando-se em altíssima velocidade.
Era um seis cilindros, Chevrolet Opala.
dirigido com a maior irresponsabilidade.
Do condutor não foi possível ver o rosto.
Logo à frente, perdeu o controle o motorista.
Um ônibus escolar vindo em sentido oposto
para não bater acabou saindo da pista.
Capotou e caiu no despenhadeiro.
Ato irresponsável causou uma tragédia.
Fabricio, ao chegar ali foi o primeiro.
Do cavalo Mercedes puxou a rédea.
Vendo que cometera grave delito
e não tendo ao Opala causado dano.
O motorista apavorado e aflito
em alta velocidade acabou escapando.
Fabricio saltou do seu Mercedes.
Chegou perto e olhou a ribanceira.
Havia cobertura de árvores bem verdes.
O ônibus amparado em grossa paineira.
Mas até quando a árvore suportaria
o peso daquele coletivo escolar.
Fabricio escutava uma gritaria.
Eram crianças desesperadas a chorar.
Seu pai parou logo depois
e veio ao encontro de Fabricio.
Mas que poderiam fazer os dois
e salvar as crianças do precipício?
Fabricio correu rapidamente.
O cavalo do semirreboque separado.
Pensou em uma saída urgente.
Única maneira do ônibus ser resgatado.
Colocou o cavalo próximo ao despenhadeiro.
Amarrou no parachoque uma resistente corda.
Passou-a pela cintura e desceu ao ônibus ligeiro.
Muitos curiosos olhavam pela borda.
Amarrou a corda no coletivo
e perguntou ao motorista sobre as crianças.
O rapaz disse que todo mundo estava vivo.
Felizmente todas usavam cintos de segurança.
Mas ainda havia perigo real.
A árvore cedia devido ao peso.
Se cedesse, para todos seria fatal.
Também Fabricio não escaparia ileso.
A ribanceira formava uma rampa inclinada.
Não descia a pique até o fundo.
Era difícil mas poderia ser escalada.
Fabricio passava o maior sufoco do mundo.
A porta do ônibus foi aberta
e as crianças foram saindo devagar.
Um estalo deu o sinal de alerta.
O salvamento teriam de acelerar.
Segurando na corda que os sustentavam
as crianças subiam com agilidade.
O motorista e uma criança ainda faltavam.
Surgiu mais uma dificuldade.
Uma menina estava assustada,
mas Fabricio a ajudaria a subir.
Em seu pescoço ela ficou agarrada.
O motorista também conseguiu sair.
Faltavam dez metros para chegar
até o nível do acostamento.
A árvore não pode mais suportar.
Quebrou-se naquele exato momento.
Situação desesperadora e triste.
Haviam escapado por um triz.
A corda retesou-se no limite.
Será que o final não seria feliz?
Só faltava Fabricio e a menina
para que tivesse êxito o resgate.
Pessoas pediam a proteção Divina.
Pela vida, Fabricio travava duro embate.
Fabricio tomou grande susto
ao perceber que a corda havia cedido.
Saltou de lado e agarrou-se a um arbusto.
Achou que estivesse perdido.
A corda passou a seu lado arrebentada.
O ônibus desceu rolando pela vegetação.
A menina em seu pescoço agarrada,
chorava de desespero e aflição.
Vendo o filho naquela situação
o pai de Fabricio tinha que agir.
Correu até seu caminhão.
Outra corda tinha de conseguir.
Pegou comprida corda de sisal
e desceu-a até onde estava o rapaz.
Fabricio largou o arbusto e afinal
sair dali levando a criança foi capaz.
Chegando ao nível da pista àquela altura
trazendo a menina junto consigo.
Foi aplaudido pelo seu ato de bravura.
Com coragem enfrentou grande perigo.
Estavam bem as crianças e o condutor.
Ele tinha um ferimento bem leve.
Ambulância trazendo um doutor.
E a polícia chegaria em breve.
Após fazer esclarecimentos
e contar ao policial o que viu.
Fabricio pela pista de rolamento
com seu Mercedes Benz partiu.
O causador daquele acidente
fugiu sem prestar atendimento.
Mas alguém com celular felizmente
filmou o Opala e seu envolvimento.
Depois de passar por sufoco
souberam de sua coragem.
No rádio amador QRA Pitoco
parabéns dos amigos era a mensagem.
Alguns dias após o ocorrido
Fabricio chamado na delegacia.
Condutor do Opala haviam prendido.
Queriam ver se ele o reconheceria.
Fabricio não faltou com a verdade.
Não vira o rosto do condutor
Mas era aquele Opala na realidade
daquele grave acidente o causador.
Cumprida mais esta obrigação
voltou para a luta o Fabricio.
Pela pista fazendo a condução.
Para seu Mercedes nada era difícil.
O carreteiro se diverte a bordo de seu caminhão
como uma criança levada á Disneylândia.
Quem quiser conhecer verdadeiros heróis da Nação
é só procurar o Fabricio e seu pai em Uberlândia.
Autor: Roberto Dias Álvares
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10 comentários
Agradeço imensamente ao leitores e amigos que compartilharam mais essa história da estrada.
Dede Alvarenga
Raridade
Conforme disse o amigo José Buono é só a casca do LPS 1520. A mecanica é toda Scania 360 cv. Aos apaixonados por caminhão, alem das historias que publico aqui mensalmente, convido voces a adquirirem o livro que escrevi AVENTURAS DE UM CARRETEIRO PELA AMÉRICA, inclusive esse é o caminhão da história.
Cara-chata não! Rostinho redondo.
O tempo bom
Trabalhei em um na Magnezita em Brumado Bahia 1970
Sr. Osman Agra, que privilegio ter alguem que dirigiu uma lenda dessas da estrada.
so tem a casca do 1520
Esse é raridade heim