Roberto Dias Alvares‏Z-Colunas

UM CARRETEIRO MUITO BRAVO

Essa é a história do carreteiro Lourenço.
Homem corajoso, valente e de grande fé.
Generoso, tinha um coração imenso.
Dirigia bonito cavalo Scania Jacaré.

A bordo do seu imponente cavalo Scania.
Correto, exigia dos outros, tratamento igual.
Se provocado, sua reação era instantânea.
Qualquer engraçadinho se dava muito mal.

Contrataram-no para um frete certa vez.
O transportador disse que receberia no destino.
Precisava de dinheiro para fechar aquele mês.
Não sabia que seu contratante era um cretino.

Levou a carga com todo o cuidado e atenção.
Enquanto era descarregado, foi até o escritório.
O recebedor da carga, do transportador era irmão.
Disse: “Quer receber, vai ao fórum ou ao cartório”.

Naquilo que ouviu, não acreditava o Lourenço.
Alguém achava mesmo que faria papel de tolo?
Encarou o indivíduo, o clima ficou bem tenso.
Para o transportador, iria dar imenso rolo.

O indivíduo mal-intencionado,
Mostrava ser valente e corajoso.
Quatro empregados estavam a seu lado.
Enganava gente de bem, era maldoso.

Não se sentiu intimidado o Lourenço.
Pensou que desta vez iria preso.
Disse ao transportador: “Tenha bom senso”.
O homem sorriu, um sorriso de menosprezo.

Levantou a camisa, um dos empregados.
Mostrando ter na cinta, um trinta e oito.
Para qualquer reação, estavam preparados.
Lourenço, calmo, não mostrava estar afoito.

Virou as costas e bateu em retirada.
O carreteiro foi até seu caminhão.
Um dos empregados disse: “Você não é de nada”.
“Esse é mais um otário de plantão”.

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Lourenço manobrou seu Scania Vabis.
Fez menção que partiria sem revidar.
Pela janela, disse: “Quem sou eu, tu não sabes”.
“Depois não adianta você chorar”.
A resposta do transportador foi uma risada.
Demonstrando despreparo e fazendo deboche.
Lourenço, agora não se importava com nada.
Manipularam-no como um simples fantoche.

Acelerou seu Scania em direção ao escritório.
Cubículo instalado no meio daquele galpão.
Aquele espaço teria destino inglório.
Foi nessa hora que começou a confusão.

Os cinco homens olhavam, apavorados.
O Scania, no escritório fez um rombo.
Mesas, cadeiras e papéis destroçados.
Onde havia o escritório agora só escombro.

Lourenço também andava armado.
Mas não era um revólver qualquer.
Quarenta e quatro no porta-trecos guardado.
Para ele, trinta e oito era revólver de mulher.

Desceu do bruto, revólver em punho.
O transportador se refazia do susto.
O quarenta e quatro deu testemunho.
O indivíduo aprenderia a não ser injusto.

O quarenta e quatro em cada disparo
Tirava lascas da coluna de concreto.
Aquele desonesto pagaria muito caro.
Lourenço atirou e abriu buraco no teto.

Correram assustados os empregados.
Deixaram sozinho ali o seu patrão.
Os tiros deixavam buracos espalhados.
Parede parecia atingida por bala de canhão.

Quando o transportador, caído no chão.
Tentou se levantar, ficar de pé.
Ao seu lado, homem com arma na mão.
Era o carreteiro do Scania Jacaré.

O medo estampado em seu rosto.
Implorava para Lourenço não atirar.
O carreteiro havia se imposto.
Ninguém certamente o iria enganar.

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Segurou firme o homem pelo braço.
Com a outra mão segurava o berro.
O transportador passava mal pedaço.
Lourenço o retinha com mão de ferro.

O indivíduo mau-caráter e explorador.
Agora, implorava com a voz mansa.
Era o dominado e não o dominador.
Começou a chorar feito uma criança.

Lourenço disse com voz calma
Diante daquele homem em desespero.
“Não é hoje que separo do corpo sua alma”.
Quero somente o meu dinheiro.

Foi ao cofre, único objeto não danificado.
Assustado, disse não lembrar a combinação.
Lourenço agora estava bem irritado.
Mandou bala no cofre sem dó nem perdão.

Olhou dentro do cofre em seu interior.
De dinheiro havia uma soma vultuosa.
Lourenço, pegou do frete o justo valor.
Ali era ele a pessoa mais perigosa.

Antes de partir, deixou um aviso:
“Se chamar a polícia ou me seguir, eu volto”.
Certamente falar algo mais nem era preciso.
“Se retornar, sem dó, o dedo no gatilho eu solto”.

Quando o irmão do outro soube do ocorrido.
Pensou que o carreteiro viria atrás dele.
Mas Lourenço, disso já tinha até esquecido.
Ninguém mais brincaria com ele.

Lourenço era bom carreteiro.
Contudo, também era muito bravo.
Trabalhava por prazer e por dinheiro.
De ninguém aceitaria um desagravo.

Autor: ROBERTO DIAS ALVARES

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

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