A vida e a rotina desconhecida de um caminhoneiro
Frontino Dos Reis Junior tem 19 anos, e é um fotógrafo apaixonado por caminhões. Desde muito pequeno sempre teve essa paixão pelos brutos, pois na família tem dois irmãos caminhoneiros e o pai que também trabalhava com caminhão.
“No ano de 2018 comecei a ir na BR tirar fotos de caminhões, como meu pai nunca apoiou a ideia de ir para a estrada, resolvi me graduar em fotografia, paixão herdada das fotos de caminhão, já na faculdade em 2021 surgiu a necessidade da realização de um projeto fotográfico para apresentação do TCC, e foi aí que nasceu este projeto chamado A vida e a rotina desconhecida de um caminhoneiro“, disse Frontino.
Ele conta que realizou a viagem acompanhando o irmão por 17 dias na estrada, fazendo fotos, e, após a conclusão da viagem, voltou para faculdade para escrever a parte teórica.
“Tive medo de levar um tombo da banca na hora da apresentação devido a classe dos caminhoneiros ser menosprezada pela sociedade, e para minha surpresa fui elogiado pela banca e obtive nota final de 9,5”, conta.
“Eu sentia que meu projeto não devia morrer por aí, foi aí que entrei em contato com o Blog do Caminhoneiro para publicação. Hoje já tenho em mente refazer todo este projeto, porém, em forma de vídeo e de minissérie, mas para isso envolve muitas outras coisas, e necessitaria de algumas parcerias”, destaca.
O projeto
No Brasil nos últimos 30 anos, o modal de transporte que mais se destacou foi o modal rodoviário, sendo o mais utilizado.
A maioria das rodovias brasileiras está sob as responsabilidades dos municípios, além disso 79,5% das rodovias não são pavimentadas, gerando vias de baixa qualidade, com trafegabilidade reduzida, ocasionando assim uma perda de tempo, dinheiro e até mesmo de competitividade no transporte.
Este estudo pretende evidenciar a importância do caminhoneiro para a economia do país. As imagens que você verá a seguir foram feitas em uma viagem realizada acompanhando um profissional com mais de 20 anos de estrada, e foi realizada de Cascavel/PR a Candeia do Jamari/RO, levando 17 dias ao todo.
Este profissional acompanhado avalia como ruim a situação das estradas do Brasil, dizendo que “só existem estradas boas em trechos pedagiados, e muitas vezes não são excelentes”. Também avalia como ruim/média as infraestruturas dos postos de combustíveis, postos fiscais e locais de descanso na beira da estrada.
As imagens a seguir mostram a realidade do dia a dia desses profissionais na estrada:
O café da manhã é realizado em uma caixa de madeira acoplada ao caminhão, conta com repartições para guardar panelas e gavetas para guardar os talheres. No vai e vem de uma carga e outra, este profissional não tem tempo a perder, passa um café, coloca na garrafa térmica e vai tomando.
Fotografia 2-Fazendo as contas
O profissional do volante sempre foi um profissional muito desvalorizado, ganhando pouco e tendo baixos lucros, no caso deste profissional que é autônomo a preocupação é em dobro: quanto vai gastar e quanto vai sobrar. Enquanto o descarregamento é realizado, aproveita a folga para fazer as contas de quais foram os gastos e quanto obteve de lucro com a carga. Também aproveita este momento para entrar em contato atrás de novas cargas.
Logo cedo, ao abastecer o caminhão e antes de pegar a estrada, este profissional aproveita para conferir como está a água do radiador e o nível de óleo do motor.
Realiza uma vista fina nos pneus e, logo em seguida, parte para mais um dia de viagem.
Fotografia 4- Restaurante cinco estrelas
Como já citado anteriormente, este profissional realiza suas refeições na caixa junto do caminhão, para isso conta com a ajuda de uma barraca de lona com hastes de alumínio para impedir a passagem do vento e sol. Enquanto realiza o almoço aproveita também para tomar um tereré e se refrescar .Nada de restaurante cinco estrelas, tudo na raça e no improviso.
Após o descarregamento, nos deslocamos até o distrito de Guatá, no Mato Grosso, para realizar o carregamento de madeira. Entretanto, a surpresa estava apenas começando, estradas que mais pareciam uma “peneira”do que estradas. A rodovia da imagem se trata da RO-205.
Fotografia 6- Condições extremas
O que era ruim, ainda piora. Do município de Machadinho D’oeste, até o distrito de Guatá foram 90 km de estradas de chão, com inúmeros buracos, e esta ponte prestes a cair. Uma carreta LS carrega 32 mil KG, quais as condições de passar aí? como disse o profissional “vamos rezar e atravessar”.
Fotografia 7- A realidade nua e crua
Na fotografia acima é possível observar uma carreta do tipo bitrem tombada ao realizar a curva. O causador desse acidente foi a obrigação dos motoristas em soltar o caminhão na descida para embalar e subir, caso contrário não sobe, mas nesse caso a carga deslizou e infelizmente acabou dessa forma. Graças a Deus apenas danos materiais.
Fotografia 8- Realidade explícita
Nesta imagem temos a maior realidade do dia a dia do caminhoneiro. Uma combinação de estrada precária, causando o acidente e as condições do clima e do pó da região norte que acaba com a saúde dos caminhoneiros.
Fotografia 9 – Corredor de problemas
Alguns poucos km’s a frente daquele tombamento, nos deparamos com mais um profissional da estrada com problemas devido às condições da rodovia. Neste caso, a trepidação devido aos buracos havia afrouxado as porcas das rodas do seu caminhão, precisou parar e apertar, caso contrário poderia ter problemas mais sérios.
Nesta fotografia observamos este profissional da estrada em sua “cozinha” preparando a janta. Na caixa de comidas acoplada ao caminhão, com a ajuda de um pequeno bico de luz embutido na mesma e um fogareiro que serve como fogão, nesta fotografia já estávamos em Machadinho D’Oeste/RO.
Com esta matéria podemos observar o quão é desvalorizada a profissão de caminhoneiro, e que quando ouvimos de um profissional do volante que as condições de trabalho são precárias, não é da boca para fora.
São várias as dificuldades, dificuldades essas apresentadas ao longo desta matéria, com isso podemos observar o quão urgente é a necessidade de um maior investimento em rodovias e em infraestruturas nas estradas do nosso país.
Caso queiram acompanhar meu trabalho sigam o Instagram @fronntiireisfotografias, ou se puder contribuir para continuação desse projeto, pode me chamar no Whatsapp (46) 99933-5610.
Matéria produzida e fotografias realizadas por Frontino dos Reis Júnior, todos os direitos reservados.