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Tree Crusher – O monstro destruidor de árvores do Exército Norte-Americano contra os vietcongues

A Guerra do Vietnã foi uma das mais longas guerras já travadas na história da humanidade, com quase 20 anos de batalhas entre 1955 e 1975, envolvendo dois governos que lutavam para unificar o Vietnã e tentavam acabar com a dominação francesa na Indochina.

No ano de 1959, o governo dos Estados Unidos decidiu se envolver no conflito, e milhares de soldados, além de toneladas de equipamentos, foram enviados ao território vietnamita para a guerra.

Uma das grandes vantagens dos vietcongues era a densa floresta da região. O avanço das tropas era lento, e emboscadas e armadilhas eram frequentes contra os soldados, já que a floresta garantia esconderijos perfeitos para os guerrilheiros.

Por isso, milhões de dólares em pessoal e recursos foram destinados exclusivamente em acabar com todas as árvores possíveis, eliminando esconderijos e facilitando a abertura de rotas para o avanço das tropas.

Foram empregadas diversas táticas contra a floresta, como o uso de herbicidas poderosos, fogo, motosserras e tratores. Mas precisava-se de algo ainda maior. Por isso, a fabricante de equipamentos gigantes LeTourneau foi chamada pelas Forças Armadas para o desenvolvimento de um triturador de florestas.

A LeTourneau já era famosa, inclusive já contamos a história de outros projetos da empresa aqui no Blog do Caminhoneiro, como o Overland Train, o mais longo veículo off-road do mundo, que você pode conhecer no link abaixo. Até é possível notar semelhanças entre os veículos.

Overland Train – O mais longo veículo off-road do mundo

Apesar dos militares que estavam no Vietnã terem interesse nos Tree Crusher, o comando de guerra se recusava a enviar os equipamentos para a zona de conflito.

Esses equipamentos eram projetados para empresas madeireiras que atuavam nos Estados Unidos e Canadá. Contavam com três pesadas rodas de aço, com lâminas, e chegavam ao peso total de 60 toneladas.

Uma grande barra na frente da máquina empurrava as árvores com força bruta, que logo após serem derrubadas eram trituradas pelas rodas. Cabia a máquinas menores, como tratores de esteira, removerem o resto das árvores do caminho.

Esse gigante tinha capacidade de andar sobre a água, já que as pesadas rodas funcionavam como flutuadores, o que seria bom para enfrentar o terreno pantanoso da floresta. Porém, o comando de guerra achava que os veículos, lentos e grandes, se tornariam alvo fácil para os rebeldes.

Dois trituradores foram alugados para testes em 1967, para testes e treinamento da tripulação na região de Long Binh, a nordeste de Saigon. Cerca de três meses depois, eles foram levados para o 93º Batalhão de Engenheiros, para operações reais.

Durante os testes, mais de 8 quilômetros quadrados de florestas foram derrubados pelos equipamentos, e em pouco tempo no Batalhão de Engenheiros, outros 4 km² de mata estavam no chão. Relatos dos envolvidos na operação mostravam que árvores de pequeno e médio porte não ofereciam resistência contra o gigante.

Apesar da agilidade na derrubada da mata, por serem tão grandes, eram facilmente atacados pelos inimigos. Qualquer dano no radiador, que era muito exposto, fazia a máquina parar, além da parte elétrica ser muito sensível à umidade da floresta.

A lama dos pântanos também se tornou um obstáculo grande, e os veículos atolavam com muita facilidade. O guindaste de resgate não era indicado, e muitas vezes rebocadores de blindados precisavam ser usados. As unidades que operavam a máquina também não tinham nenhuma defesa contra ataques.

Depois de quase um ano de uso, os engenheiros que operavam os Tree Crusher apresentaram uma série de melhorias para tornar os equipamentos mais adequados à operação na floresta. Entre outras mudanças, rodas com doze pontas cada uma, chassi mais baixo, motor refrigerado a ar e fiação elétrica reorganizada, para evitar problemas.

Além disso, eles pediram a inclusão de uma torre de armas sobre o veículo, para instalação de uma metralhadora .50, além da instalação de minas nas laterais da carroceria, para explodir em caso de ataques e emboscadas.

Mesmo com os benefícios, o comando de guerra entendeu que os veículos não eram adequados e seriam muito caros para serem operados, além do resultado dos produtos químicos, como o agente laranja e outros produtos que derrubavam as folhas das árvores eram mais baratos e fáceis de serem usados.

Os Tree Crushers continuaram a ser produzidos pela LeTourneau por muitos anos, mas nunca mais foram usados em guerras. Seguiram operando para madeireiras dos Estados Unidos e Canadá, e o maior já produzido, batizado de G-175, está exposto em Mackenzie, na Colúmbia Britânica, Canadá, próximo à uma rodovia.

Rafael Brusque – Blog do Caminhoneiro

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

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