Refugiado da Somália conta como é ser caminhoneiro nos Estados Unidos
Junto com a ONU, os Estados Unidos tem programas de ajuda humanitária para refugiados da África, e muitas vezes, essas pessoas tem a oportunidade de irem para os EUA, onde podem estudar e trabalhar, além de conseguirem a cidadania norte-americana.
Esse é o caso de Suud Olat, um ex-refugiado da Somália, que hoje em dia vive em Minneapolis, no estado de Minnesota. Ele recebeu um prêmio do estado por se destacar como liderança comunitária nos Estados Unidos.
Ele conta que viveu quase toda a vida em um campo de refugiados em Dadaab, no Quênia. Lá vivem muitos somalis que fogem da guerra civil no seu país. Sua família se mudou para o local quando ele era apenas um bebê, e ficaram lá até que ele tivesse 20 anos.
Foi nessa época que ele foi para os Estados Unidos, dentro de um programa de reassentamento de refugiados dos Estados Unidos. Suud foi o primeiro de sua família a ir para os EUA.
“Fui o primeiro da minha família a vir para os Estados Unidos. Fui reassentado em Nashville, Tennessee. Eu estava sozinho então, porque quando eles fazem um reassentamento, eles levam a família para os EUA separadamente. Você decide quem vai primeiro, então fui o primeiro da minha família a ir. Meus pais vieram em dezembro de 2016”, disse ele.
Pouco tempo depois, começou a trabalhar em um depósito, e conseguiu a cidadania permanente em 2018. No ano seguinte, se formou em relações internacionais e ciências políticas na St. Cloud State University, em Minnesota.
Na mesma época, se envolveu com o trabalho voluntário na luta conta a pobreza extrema, o que acabou lhe dando o Prêmio Jovem Líder e Refugiado Excepcional do Departamento de Serviços Humanos de Minnesota.
Com os pais nos Estados Unidos, decidiu que precisava trabalhar mais e comprar uma casa. Fez o curso em uma autoescola norte-americana, investindo cerca de US$ 5 mil, e obteve a CDL, permitindo que dirija caminhões por todos os Estados Unidos.
Em pouco tempo, já estava trabalhando em uma pequena transportadora, e hoje viaja para todo canto, transportando cargas de todos os tipos.
O caminhoneiro conta que ganha muito bem como motorista, mais de US$ 1 mil por semana, mesmo trabalhando em uma empresa pequena. Apesar disso, o trabalho é difícil, especialmente pelo tempo em que precisa ficar longe de casa.
As vezes, chega a rodar mil milhas em um único dia, ficando até dois meses longe de casa. A vantagem é poder trabalhar mais e ganhar mais dinheiro, o que não seria tão fácil em outras profissões.
Além disso, ele destaca que vive muito bem, nunca sofreu preconceito de nenhum tipo, mesmo sendo refugiado, e que recebeu muita ajuda de caminhoneiros quando estava começando.
“O trabalho pode ser estressante e, quando você é um motorista novo, às vezes entra em pânico, mas todos que conheci estavam dispostos a ir além para ajudar”, completou o caminhoneiro.
O caminhoneiro conta que, dentro da cabine do caminhão, vive uma parte do sonho americano, tão falado mundo afora.
“Há algo muito americano no trabalho árduo de ser motorista de caminhão. A América é um país de trabalho. E você consegue seu caminhão, sua licença e vive o sonho americano, porque está ganhando um bom dinheiro e realiza seus sonhos. Algumas pessoas se tornam caminhoneiras para comprar uma casa, algumas pessoas entram no caminhão para comprar outro caminhão. Liberdade é uma das coisas que eu não tinha. Eu tenho um diploma, sou um cidadão americano. Eu posso dirigir o caminhão para onde eu quiser. Esse tipo de liberdade é algo que eu nunca conseguiria em nenhum outro lugar do mundo”, finalizou.