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AE/Magnum: o modelo da francesa Renault que faltou no Brasil

 

Ao fim da década de 1980 as estradas europeias eram tomadas pelos caminhões da MAN com o F90, da Volvo com o F12, da Mercedes-Benz com o SK e da Scania com a série 3. Por tradição são as marcas que se fizeram presente no Brasil também, e exceto pela MAN que tardou a vir para nosso país, até hoje são as principais referências de caminhões europeus e brasileiros. Naquela época eram todos muito parecidos, seja no tamanho e espaço da cabine ou no conforto que proporcionavam. Mas em 1990 surgiu no mercado um novo veículo que foi uma revolução, pois se diferenciava num quesito que nenhuma outra tinha: espaço interno e direção confortável como nenhum outro. Esse foi o Renault AE, com piso totalmente plano (independente do chassi) e espaço interno de quase nove metros quadrados. A altura interna era de aproximadamente 1,9 metros!

 

 

Recebeu o prêmio ITOY (International Truck of the Year, ou Caminhão International do Ano em português) no ano de 1991. O AE foi produzido até 1997 sem alterações, quando então foi repaginado e também recebeu o nome pelo qual a maioria das pessoas conhece: Magnum. Foi considerado pelos franceses um excelente caminhão para viagens de longa distância, enquanto para serviços pequenos e em regiões mais urbanas, era utilizado o Renault Major. E é por isso que o fato do eixo dianteiro do Magnum ser tão à frente não ter sido um problema de dirigibilidade para eles.

 

 

Inicialmente, o AE era oferecido com duas opções de motor. Um menor de 12 litros com 374 cv projetado pela própria Renault e herdado do Major. E um maior V8 de 16,4 litros com 503 cv de origem Mack. Essa segunda opção era uma verdadeira potência entre os caminhões dos anos 1990, mas não foi muito popular devido ao custo de aquisição e manutenção, mas em contrapartida tinha potência de sobra e durabilidade. Em 2008 teve mais uma reestilização, a qual durou até 2014 quando o Magnum deixou de ser o principal extra pesado da Renault. Em 1992 o AE já passou a ser chamado de Magnum e também passou a ter mais opções de motorização: 385 e 420 cv no motor seis cilindros e 520 no V8. No final de 1996 e início de 1997 o modelo foi repaginado com o logotipo menor na grade e motor Euro II com potências de 390, 430 e 470 cv. Já em 2001, a Renault introduziu a versão E-Tech (Euro III) com motores de 400, 440 ou 480 cv, produzido até 2008. Essa versão é muito popular ainda, principalmente entre os caminhoneiros autônomos que buscam um caminhão barato, mas relativamente moderno e confiável.

 

 

O interior do AE foi sempre muito confortável, típico das marcas francesas da época. A cabine era sustentada por quatro aribags que ajustavam o nível de acordo com a carga da cabine e da posição do caminhão. Era um sistema inovador, porém frágil, então foi comum ver caminhões com a cabine torta devido à problemas nesse sistema de suspensão. Outro ponto negativo dos primeiros exemplares foi que, apesar da estrutura totalmente separada do chassi, o isolamento acústico não era adequado e o ruído do motor ecoava para dentro da cabine. E embora parecesse um retângulo sobre rodas, o caminhão tinha bom desempenho na estrada em alta velocidade, em termos aerodinâmicos. Por outro lado, ele trazia elementos que facilitavam a condução, como regulagem do volante e assento, ar condicionado e um painel com dezenas de mostradores e luzes que indicavam tudo o que acontecia com o caminhão. Ainda, a versão com motor Mack trazia freios a disco em todos os eixos. E aqui vale mencionar que Magnum foi introduzido incialmente como a versão mais completa do AE, enquanto a versão que poderíamos considerar como “de entrada”, era chamada de Classic.

 

 

Por fim, em 2008 entra em linha a última geração do Magnum. Nessa época a Renault já fazia parte do Grupo Volvo e os caminhões passaram a usar chassis e motores da marca sueca. A cabine dessa geração tinha teto mais alto, proporcionando mais de dois metros de altura interna. Em 2014 saíram da fábrica as últimas unidades do Magnum, já transitando para o modelo que atualmente representa os caminhões de grande porte da Renault, o T.

 

 

Para nós brasileiros é um modelo um tanto desconhecido, mas o AE fez muito sucesso no Chile, país do qual podemos ver alguns trafegando no Brasil em rotas internacionais. A Argentina também teve vendas oficiais da Renault, mas nada significativo como o Chile, que ainda hoje é possível encontrar pelas estradas desde o primeiro AE, quando Magnums da segunda e terceira geração.

 

Renault AE Magnum com placas do Chile fotografado no Paraná em 2012

 

* Com informações do portal En Transporte. Fotos oficiais de divulgação e de João Carlos Schneider de Oliveira.

One thought on “AE/Magnum: o modelo da francesa Renault que faltou no Brasil

  • Tá look… Carros já são uma porcaria… Imagino cargueiro pesado … Aqui no Brazil … Só pagar taxa para uma Brasília … Da …

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