Caminhões com 1,5 m de comprimento para puxar casas inteiras em 1950
Na década de 1950, mais precisamente no estado americana de Iowa, haviam regulamentações que limitavam o comprimento dos conjuntos de caminhões em 45 pés (13,7 metros). Esse problema era muito sério para as transportadoras dos estados vizinhos, que tinham leis mais flexíveis em relação ao comprimento, fazendo com que seus caminhões não pudessem circular dentro do estado de Iowa.
Uma das soluções que elas encontraram foi construir terminais de transbordo nas fronteiras, para colocar as cargas em caminhões menores. Outra foi simplesmente contornar todo o estado de Iowa. Porém, uma das soluções mais criativas surgiu de empresas do próprio estado, principalmente das transportadoras especializadas em carregar casas inteiras.
Para nós é um pouco incomum transportar uma casa inteira sobre a carroceria do caminhão (exceto em algumas regiões do sul do Brasil, onde a prática é conhecida), mas nos Estados Unidos é normal, sendo que algumas casas são construídas pensando nessa possibilidade, e são colocadas em uma plataforma que pode ser carregada quando necessário. Geralmente essas casas tinham comprimento padrão de 40 pés (12,2 metros), sobrando apenas 1,5 metro para o caminhão que fosse rebocá-la.
Sem exceder o comprimento padrão, as casas móveis só podiam ser transportadas por caminhões extremamente curtos. Além disso, tinham que ter um entre eixos extremamente curto, uma vez que a casa ficava situada logo acima do solo durante o transporte, não deixando espaço para o chassis do caminhão por baixo. Na prática, as rodas traseiras tinham que ficar praticamente atrás da cabine do motorista e, às vezes, as cavas das rodas traseiras ficavam até embaixo da cabine.
Os caminhões acabaram ficando mais largo do que comprido, e isso tinha muitas desvantagens. Uma delas era a instabilidade quando não estava rebocando nenhuma carga, além de muito difícil de dirigir (conta-se que no inverno era impossível). Até que a empresa Whattoff Motor Company teve uma ideia interessante, criando caminhões para transporte de casas em que o comprimento pudesse ser ajustado, de forma telescópica.
A solução criativa foi chamada de Trailer Toter, e permitia que o caminhão fosse aumentado quando estava sem reboque ou trafegando fora do Iowa. O processo de alongamento ou encurtamento foi possível graças a atuadores telescópicos e um guincho. Inicialmente, foi planejado um sistema parecido para o eixo de transmissão, mas temia-se que não fosse durável o suficiente, sendo utilizada uma solução muito mais simples: conectar dois eixos de transmissão de comprimentos diferentes ao veículo. Na prática, isso significava que o motorista instalava um eixo curto ao dirigir pelo Iowa com carga e instalava um eixo longo quando o caminhão se movia com entre eixos alongado. Todo o processo levava cerca de 10 minutos.
Inicialmente, a Whattoff oferecia sua modificação apenas para caminhões Studebaker (que era revendedora), mas com o tempo também foi ampliada para incluir outras marcas, como Ford, Dodge e Chevrolet. O auge do desenvolvimento ocorreu na década de 1960, quando a empresa construiu seus próprios caminhões, utilizando componentes do International Slightliner.
Os caminhões extensíveis sobreviveram por mais de 20 anos e foram produzidos até 1975, quando a Whattoff Motor Company encerrou suas operações. E embora ainda existam hoje caminhões curtos para transporte de casas (ainda chamados de “toters”), eles não possuem mais estruturas extensíveis. O estado de Iowa modificou suas leis conforme o resto do país e hoje caminhões “normais” podem ser usados .