O Brasil pode parar: Aumento dos combustíveis inviabiliza o transporte de cargas
Desde ontem, um único assunto tem tomado conta de discussões de caminhoneiros nas redes sociais e aplicativos de trocas de mensagens: O aumento de 25% no valor do litro do diesel. Como o valor do diesel é o principal custo para o setor de transportes, essa alta significativa faz com que os transportadores, especialmente, os caminhoneiros autônomos, trabalhem no vermelho.
O maior problema para o setor é não conseguir dominar o valor do frete. É uma das poucas categorias que tem o valor dos serviços prestados na mão dos clientes, que fazem a oferta de cargas com o valor já fixado. Esse formato não dá muito espaço para negociação, e, no caso das altas dos custos, como no caso do diesel nesta semana, o reajuste no valor do frete demora a acontecer.
Nas conversas nas redes sociais, alguns caminhoneiros dizem que vão precisar parar seus caminhões em casa, até que o Governo Federal consiga estabelecer alguma medida duradoura para reduzir o impacto do aumento do diesel nas contas dos caminhoneiros.
Greve
Outros transportadores já são mais firmes, pedindo uma nova paralisação de nível nacional, como aconteceu em 2018.
Em reuniões realizadas ontem, alguns segmentos dos transportes já anunciaram paralisações. É o caso dos transportadores de automóveis e de combustíveis, especialmente em Minas Gerais, que devem realizar a paralisação completa de suas operações a partir de hoje.
Na manhã de hoje, em Feira de Santana, na Bahia, caminhoneiro se organizaram e realizaram o fechamento da BR-116 Norte. No local, praticamente todos os caminhões estão sendo parados, e apenas caminhões com produtos perecíveis, veículos leves, viaturas oficiais, como ambulâncias, podem seguir viagem.
Motivo da alta
A Petrobras informou que a alta, que foi segurada por alguns dias, tem como principal motivo a alta expressiva do valor do petróleo no mercado internacional. O valor do barril passou de US$ 80 para US$ 140 em poucos dias, em decorrência do ataque russo à Ucrânia.
A Rússia está enfrentando diversas sanções internacionais, e, como é a segunda maior produtora de petróleo no mundo, a falta do produto produzido naquele país fez o preço disparar.
Na mão do governo
Os caminhoneiros pedem que o governo interfira, alterando a atual política de preços da Petrobras, baseada na cotação do Dólar e no valor do petróleo no mercado internacional, para um sistema que leve em consideração o valor do Real.
Apesar da quantidade de petróleo produzida no Brasil ser alta, a Petrobras vende o óleo bruto para outros países, e adquire o óleo diesel, gasolina e outros derivados por importação, que é paga em Dólar.
Rafael Brusque – Blog do Caminhoneiro