CARREGAMENTO DE DINAMITE – Ford Cargo 4532E 6×2

cargo 4532

Hoje dirijo um Ford Cargo.
Cabine dupla e trucado.
Da vida estradeira não largo.
É este meu mundo encantado.

No meu cavalo Ford
Viajo com segurança.
Quando a saudade morde,
Busco delas, a lembrança.

Minha filha e a patroa
Razão maior da minha vida.
Levo a vida numa boa.
Sempre chegando ou de partida.

O conforto e a potência
são maiores que outro caminhão.
Mas tenho a consciência
e por esta marca, admiração.

Por qualquer estrada que passo
meu Cargo chama a atenção.
Poucos fazem o que faço,
dirigindo meu caminhão.

Meu cavalo Cargo trucado
puxa carga pra todo lugar.
Viajo para todo lado.
Sigo em frente sem parar.

No meu caminhão Cargo
dirijo com alegria e prazer.
Mesmo em algum momento amargo
é na estrada que consigo espairecer.

Andando por estrada arenosa
esmigalhando pedras e seixos.
Meu Cargo, máquina poderosa.
sustentada por seus três eixos.

No teto, o defletor.
melhora a aerodinâmica.
Sentado sobre o motor,
na cabine panorâmica.

Ligo o farol de milha
para a noite iluminar.
A minha frente brilha
potente luz a clarear.

Seu reboque puxando
ou andando com bi trem,
Qualquer carga levando,
aquela que mais convém.

Puxando reboque baú
O Cargo trota com elegância.
Rodando de norte a sul,
vencendo qualquer distância.

Uma carga eu levaria.
O que vou contar, acredite.
Só não imaginaria,
o carregamento era dinamite.

Constava na Nota fiscal
Carregamento inofensivo.
Levava um perigo real.
Milagre por escapar vivo.

Não conferi a mercadoria,
pois no reboque estava lacrada.
Até propriedade rural levaria.
Não sabia para que seria usada.

Acontece que um funcionário
da empresa que vendeu o explosivo,
era indivíduo desonesto e ordinário.
Para bandidos passou um aviso.

Informou qual o caminhão
que levava a dinamite.
Bandidos eram do alto escalão.
Gente respeitada da elite.

Para manter as aparências
roubavam caixas de banco.
Agiam com indecência.
Criminosos influentes, para ser franco.

Não estranhei a escolta
pois o interesse era da companhia.
Viagem de um dia e estaria de volta.
Boa remuneração receberia.

O funcionário delator
foi comigo na boléia.
Ajudar o grupo infrator,
do homem era a idéia.

Um carro em alta velocidade
tirou o carro de escolta da pista.
Percebi alguma irregularidade
tendo a meu lado um vigarista.

No carro, homens armados
gesticulavam mandando-me parar.
Não deixaria que degenerados
com explosivos acabassem por ficar.

O homem a meu lado, nervoso
quando viu que eu tentava fugir.
Certamente estava temeroso,
de escapar do bando conseguir.

Quando faziam aproximação
eu conseguia ao carro rechaçar.
Impunha o porte do caminhão,
e os impedia de se aproximar.

Concentrado na direção
fui pego de surpresa.
O passageiro com revólver na mão
demonstrava irritação com clareza.

Suas mãos tremiam sem parar
e isso deixou-me preocupado.
A arma poderia disparar
se o maluco ficasse apavorado.

Diminuí, e o carro se aproximou.
O homem teve instante de distração.
Quando para fora ele olhou,
eu tomei a arma de sua mão.

O homem olhava assustado
Eu com as duas mãos ocupadas.
Com uma o revólver era segurado,
com a outra as marchas eram trocadas.

Após fazer da marcha a mudança,
segurava o volante com firmeza.
Escapar dos bandidos, a esperança.
Teria de agir com esperteza.

Perguntei apontando o dedo,
por que o interesse tão incisivo?
Contou-me já trêmulo de medo
que levava quantidade de explosivo.

Carro dos bandidos tirei da estrada,
e ganhei uma boa dianteira.
Bem á frente fiz rápida parada,
próximo a frondosa paineira.

Mandei descer o funcionário desonesto
e o amarrei naquela arvore frondosa.
Ele esboçou algum protesto.
Tinha uma fisionomia furiosa.

A porta do reboque abri.
Tive logo um palpite.
Muitas caixas ali vi.
Dentro, bananas de dinamite.

Peguei uma banana,
Embarquei e parti.
Parecia atitude insana
No retrovisor o carro vi.

Quando perceberam que eu não pararia
Começaram a atirar em minha direção.
Atitude extrema eu tomaria.
Jogaria a dinamite sem peso no coração.

A bandidagem estava decidida
a tentar parar o meu Cargo.
Para preservar a minha vida
tornaria o dia deles amargo.

Da dinamite, eu cortei o pavio.
acendi e no carro joguei.
Mal no chão ela caiu,
grande estrondo eu escutei.

Houve grande explosão
e o carro para o alto lançado.
Bandidos desacordados no chão.
Estavam apenas desmaiados.

Carros pararam imediatamente
assustados com a explosão.
Desci do bruto rapidamente.
Reinava uma grande confusão.

Chegada da Policia Rodoviária,
contei tudo o que aconteceu.
Falei da fuga extraordinária,
e do funcionário que se vendeu.

Mostrei a nota fiscal da mercadoria
e falei do funcionário amarrado
com a carga a nota não batia.
Para transporte ilegal eu fora usado.

O funcionário desonesto
arrumou leviana desculpa.
Disse que fora vítima de sequestro.
Fez isso para não levar a culpa

Com o caminhão fui levado
para dar meu depoimento.
Falei tudo ao delegado.
Chegou advogado nesse momento.

Era advogado do proprietário
da empresa que me contratou.
Seu cliente homem honorário
era inocente ele alegou.

Mas o funcionário que fora comigo
disse que o dono da empresa sabia.
Dele era um grande amigo.
Simular assalto á dinamite queria.

O que se descobriu na verdade
que os assaltantes que me perseguiam
eram filhos do dono na realidade.
Conivência de seu pai eles teriam.

Se roubassem a dinamite
teriam munição poderosa.
A outros criminosos fariam convite
para participarem de ação criminosa.

Tendo ficado esclarecido,
o delegado me agradeceu.
A polícia tinha conseguido
ao chefe de quadrilha prendeu.

Essa aventura explosiva
teve um final feliz.
Tive participação ativa
e escapei por um triz.

Mas serviu-me de lição
e hoje, toda carga confiro.
Não levo nada no caminhão
que possa acabar em tiro.

ROBERTO DIAS ALVARES

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

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