A volta dos que não foram

2011 foi um ano atípico no Brasil. Foram vendidos mais de 170 mil caminhões novos no país, um recorde que ainda não foi superado. Diante desse cenário de economia em alta, várias montadoras apressaram planos para vir ao Brasil. Shacman, Sinotruk, Foton, International e DAF foram as que causaram mais impacto quando anunciaram a vinda ao país.

Mas, o que era um mar de rosas se mostrou um território mais duro, difícil de ser trilhado, e a previsão de mais caminhões no país não se concretizou. Com isso, apenas DAF e Foton seguiram projetos de produzir no país. Em destaque a DAF, do Grupo Paccar, que em pouco tempo ergueu sua bandeira nos Campos Gerais, em Ponta Grossa-PR, e iniciou a produção do XF 105, carro chefe da marca, e que tem as vendas continuamente crescendo. A marca já passou dos mil caminhões vendidos, e atualmente produz dois modelos, o XF 105 e o CF 85.

A Foton negociou a fábrica com a cidade de Guaíba-RS, mas até hoje não produziu no país. Para iniciar a produção, firmou um contrato com a Agrale, e irá iniciar a comercialização em março, dos caminhões produzidos em Caxias do Sul-RS. Durante mais de 15 anos a Agrale montou caminhões International no Brasil, que mesmo não vendidos aqui, eram exportados para outros mercados;

E as outras montadoras? Bem, ficaram apenas no planos.

A International chegou a vender caminhões produzidos no Brasil. Em 2014 foram 954 caminhões vendidos. Em 2015, apenas 67. E ano passado 74 caminhões. A montagem dos caminhões, que era feita também em parceria com a Agrale, foi transferida para Canoas-RS em 2013, e agora está parada. A marca quer voltar ao mercado, mas a situação atual do mercado de caminhões no Brasil não permite. A marca também apresentaria um novo modelo ao Brasil, o AeroStar, derivado de um caminhão Mahindra, que foi apresentado na Fenatran de 2013, mas foram apenas planos. A marca produziu no Brasil o 9800i e o DuraStar.

Shacman e Sinotruk não chegaram a fabricar caminhões aqui. Ficaram apenas nos projetos das fábricas. A Shacman iria investir R$ 400 milhões em uma fábrica em Tatuí, e a Sinotruk ergueria sua fábrica em Lages-SC. O terreno que seria doado à montadora foi transformado em um condomínio industrial. As montadoras venderam caminhões no Brasil, criaram uma rede de concessionárias em pouco tempo, mas faltou preparo para enfrentar uma queda tão grande da economia do país.

Os últimos caminhões da Shacman, zero quilômetro, estavam em portos do país, e recentemente foram leiloados pelo Comex, por preços muito abaixo dos valores de mercado.

Restou agora, aos proprietários dos caminhões vendidos por essas montadoras que não se firmaram no país, a dura missão de manter os veículos rodando. Não é incomum, infelizmente, ver esses caminhões desativados, desmontados, doando peças à caminhões que ainda rodam. Ou ainda caminhões rodando, com motores e outras peças de marcas conhecidas no Brasil.

Outras montadoras, mais tradicionais do país, também apresentaram planos ambiciosos de expansão, que foram contidos com a queda no mercado. A Volvo, por exemplo, traria uma nova marca do grupo ao Brasil. Poderia ser a Renault Trucks, ou a Mack, mas desistiu do projeto em 2014.

Não é a primeira vez que montadoras chegam ao país, vendem caminhões e depois vão embora. E também não deve ser a última. Mas esse cenário mostra que as empresas que planejam se instalar no país devem vir mais preparadas para enfrentar as marés econômicas e a instabilidade das leis e normas no nosso país.

Blog do Caminhoneiro

Rafael Brusque - Blog do Caminhoneiro

Nascido e criado na margem de uma importante rodovia paranaense, apaixonado por caminhões e por tudo movido a diesel.

8 thoughts on “A volta dos que não foram

  • 23/02/2017 em 12:16
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    Bom precisamos fazer um teste drayvin e fazer uns bons km na rodagem pra ver se o bruto ai tem uma boa pegada.

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  • 22/02/2017 em 06:15
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    Eu só queria ver quando uma montadora de verdade como a Peterbilt ou kenworth chegassem aqui no Brasil com caminhões potentes e mais conforto para o motorista

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    • 22/02/2017 em 15:57
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      Rapaz isso dificilmente vai acontecer por 2 coisas. Primeiro tanto a Peterbilt quanto a Kenworth pertencem a paccar group que é dona dá DAF que já está no Brasil, segundo caminhões bicudo no Brasil na vendem mais por causa das restrições de tamanho, não puxam bitrem 9 eixos ou 30 metros.

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  • 20/02/2017 em 19:40
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    Eu fico indignado com uma reportagem dessa
    E fazer mesmo o povo d palhaço
    Só a merda o Eike batista comprou mais d mil e não pagou nenhum
    Imagina os outros políticos e e empresários k compraram caminhão só pra lavar dinheiro
    Gostaria k fizessem reportagem d verdade e colocassem quantos autônomos conseguiram d verdade comprar caminhão
    Eu acho k já deu essas historinhas
    Comessem a falar a verdade é parem d ser mentirosos
    Fica a dica pra quem querem falar a verdade

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    • 22/02/2017 em 15:15
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      Kk rapaz esses caminhões que vc se refere ser de eike Baptista não tem nada há ver com o Batista Duarte q vc acha ser o mesmo, nada mesmo.

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  • 20/02/2017 em 17:43
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    Meu sonho é ver um Mack Pinnacle rodando nas estradas do BR rs

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  • 20/02/2017 em 19:40
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    É fácil entender. Lula teve visão e facilitou a venda de tudo que o povo precisava, e de um tempo pra cá, o mercado inchou e não cabe quase mais nada ! Entenderam ? Qualquer um que for pro poder, vai encontrar dificuldade atualmente. Só tem mercado pra Bancos e Operadoras de Cartões, esses sim estão ganhando muito em cima da população !

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  • 20/02/2017 em 16:38
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    e não mudará radicalmente porque, enquanto as montadoras e bancos não entrarem em acordo a elevação de vendas continuará parada.

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