O REI DOS CANAVIEIROS
Foi ali pela década de oitenta.
A cultura da cana começou a prevalecer.
Tirá-la da roça, nem todo caminhão aguenta.
Um deles, eu quero enaltecer.
Encarando o trabalho pesado.
Esse bruto, da luta não foge.
Diferencial simples ou traçado.
Estou falando do caminhão Dodge.
Com piso seco ou molhado.
Caminhão exaltado ainda hoje.
Com Ford e Chevrolet emparelhado.
Mostrava sua força o caminhão Dodge.
O carregamento da cana lá encima
Encarando o top com bravura.
Como um cavalo selvagem, a dianteira empina.
No caminhão Dodge era adrenalina pura.
Os pneus traseiros ficavam achatados.
O bruto carregava, de peso excesso.
Os caminhões Dodge ainda são admirados.
Levavam a cana e com ela o progresso.
Lá na fazenda dos Borges
Plantação de cana a perder de vista.
Com raça e valentia os caminhões Dodges.
Saiam carregados da estrada de terra para a pista.
O motorista de um desses caminhões
Era o caminhoneiro Hermoges.
Viveu, ao volante muitas emoções.
Sempre teve caminhões Dodges.
Sabia que o bruto não engolia o ronco.
Subia urrando a estrada poeirenta.
Amarrava cabo de aço no bruto e em um tronco.
A subida era feita, contínua e lenta.
Com o surgimento de caminhões mais modernos.
Os Dodge não perderam sua hegemonia.
Do trabalho, tantos verões, primaveras, invernos.
Na terra ou no asfalto mantendo a galhardia.
Caminhões Dodge, Chevrolet ou Ford.
Construíram o progresso com sua robustez.
O bruto tinha de ser resistente e forte.
Caminhão Nutella não tinha vez.
Hoje, os caminhões Nutella, cheios de frescura.
Não há nada que mais os enoje.
Motoristas antigos forjaram sua musculatura.
No volante e no câmbio dos caminhões Dodge.
Ficou a saudade nos tempos atuais.
O motorista guarda lembranças em seu alforje.
Tempos que não voltarão nunca mais.
Em que o rei dos canavieiros era o caminhão Dodge.
Roberto Dias Alvares
Espero que apreciem essa história que enaltece o caminhão Dodge