Estrada do medo – Ford Cargo 6×2

Ford Cargo 6x2 Baú


Não trabalho por esporte,
mas gosto do que faço.
Espero que ninguém se importe,
mas ganho a vida no braço.

Não pensem que sou briguento.
Não apoio a violência.
É na pista de rolamento
que no caminhão despejo potência.

No acelerador, o pé eu meto.
Na banguela eu não largo.
Sigo pelo tapete preto
dirigindo meu Ford Cargo.

Cavalo mecânico imponente.
Dirigi-lo, de alegria é motivo.
Confortável e motor potente.
Sinto-me em um carro esportivo.

Puxando uma carreta baú
meu cavalo mecânico Ford.
Viajo pelo País de norte a sul,
ouvindo do motor suave acorde.

Levo carregamento em pallets.
Equipamentos eletrônicos transporto.
Computadores ou tablets
Seja o que for não me importo.

Fazer qualquer transporte aceito.
Levo carga para todo lado.
Á noite, descanso na cabine leito,
de dia acelero forte o meu trucado.

Rodando em rodovia isolada,
tenho sempre DEUS comigo.
Houve situação inesperada,
que me fez desafiar o perigo.

Aquela rodovia tinha fama,
desaparecimento de caminhoneiros.
Trecho de asfalto, trechos de lama.
Quando chovia, muitos atoleiros.

Centro-oeste do País,
aceitei fazer o transporte.
dirigindo, estava feliz,
subia em direção ao norte.

O frente bem lucrativo
pois a carga era valiosa.
De trabalhar eu não me privo,
Mesmo sendo rota perigosa.

Três eixos no reboque.
Pneumática suspensão.
No câmbio um leve toque,
aumentando a força de tração.

Seguindo por essa estrada,
caía chuva intensa.
A carga com segurança levada.
Entregá-la intacta, a recompensa.

Debaixo daquele temporal
linda mulher pedia carona.
Achei um tanto anormal,
ver ali aquela bela dona.

Desconfiei de emboscada,
ela, como isca para assalto.
Do mato quadrilha armada,
saiu gritando: ” Mãos ao alto “.

Eu não havia ainda parado
apenas reduzira a velocidade.
Acelerei o potente trucado.
Fui pra cima do bando sem piedade.

A quadrilha ficou assustada.
Alguns deles foram ao chão.
Fugi veloz pela estrada.
Bandidos saíram em perseguição.

Carga leve e motor potente.
Eu já ia a cento e quarenta.
O que fazer não tinha em mente.
O temporal virou tormenta.

Os bandidos fizeram disparo.
As balas atingiram o furgão.
Se me pegassem, pagaria caro.
Pé no fundo na aceleração.

O carro dos criminosos
Era mais rápido com certeza.
Grupo de homens maldosos
parecendo lobos atrás da presa.

Vi que um dos marginais
do carro passou para o reboque
Fiz manobra quebrada-de-asa e lá trás
bandido com o chão teve um choque.

Estava inerte seu corpo,
os outros nem pensaram em parar.
Talvez estivesse morto,
mas a quadrilha não iria ajudar.

Intensificou-se o tiroteio.
por nenhuma bala fui atingido.
Mantinha o caminhão no meio.
impedindo passagem do carro bandido.

Mantendo velocidade alucinante
nas retas sem fim do Mato Grosso.
Confiava no meu possante,
e também no braço desse moço.

Pequeno trecho eu via
formava um atoleiro.
Na velocidade que ia
Passei por ele ligeiro.

O carro que vinha logo atrás,
ficou indeciso, perdeu embalo.
Teria algum tempo de paz,
não dei folga para o cavalo.

Sem trégua, a chuva caía.
O Cargo bem firme no asfalto.
No retrovisor, de novo aparecia
bandidos querendo praticar assalto.

Eram jovens rapazes
mas encaminhados para o crime.
De matar seriam capazes.
Nem a prisão os redime.

Vinham mais decididos
A cumprir os objetivos seus.
Ao aproximarem, os bandidos
dispararam contra os pneus.

Ouvi um grande estouro.
desintegrou-se o pneumático
Danificar o bruto, desaforo.
Eu teria de ser mais prático.

Não deixei o carro passar.
Dei nele uma fechada.
O motorista teve de frear.
Mais uma tentativa frustrada.

Investiram em alta velocidade.
Tomei rápida decisão.
parecia uma temeridade.
Freei bruscamente o caminhão.

Os pneus do reboque travados.
O carro não teve tempo de parar.
Bateu na traseira e desgovernado
fora da pista foi parar.

Cena terrível, uma desgraça.
Vi olhando pelo retrovisor.
Do carro saia muita fumaça,
principalmente do motor.

Pareciam desacordados.
Não parei para confirmar.
Afinal estavam armados
fingindo, poderiam estar.

Quando pensei que havia escapado
uma árvore atravessada na pista.
Desviei o caminhão para o lado
em manobra poucas vezes vista.

O conjunto todo derrapando
tentei corrigir e acelerei.
A carreta para o asfalto voltando.
Desta cilada eu escapei.

Vi que não era perseguido.
Queda da árvore talvez fosse acidental.
Mesmo assim mantive alerta o sentido
Poderiam ser ladrões afinal.

Depois de todo esse sufoco
Respirei mais aliviado.
Minha tranquilidade durou pouco
Na estrada fui de novo testado.

Trecho de asfalto bem largo
Dirigia o meu estradeiro.
Com sobra no motor meu Cargo
ia em velocidade de cruzeiro.

Após uma curva, um susto
Dei uma brusca freada.
Homem caído debaixo de arbusto.
Uma carreta estava tombada.

Desci imediatamente,
corri para o homem desmaiado.
Parecia ferido gravemente.
Para hospital tinha de ser levado.

Fui até a carreta tombada
peguei carteira de documentos.
Afinal, ali poderia ser levada,
ampliando do dono sofrimentos.

Hospital mais próximo estava
cem quilômetros distante.
Daí a pouco a bordo o levava,
exigindo velocidade do possante.

Tentei pelo rádio amador
fazer algum contato.
De repente um gemido de dor.
Ainda estava vivo de fato.

Apesar de ser ilegal,
da polícia entrei na frequência.
Expliquei pelo rádio a um policial
e que tivesse do ocorrido ciência.

Carro de bandidos acidentado.
Mais a frente, carreta tombada.
O policial disse-me “obrigado”,
e que providência seria tomada.

Meu Cargo, mesmo carregado,
voava sobre a rodovia.
Após uma hora em ritmo alucinado
no hospital o homem deixaria.

Adentrei a recepção,
disse tratar-se de emergência.
Homem ferido no caminhão,
socorro imediato tinha urgência.

O homem tirado do caminhão
para centro cirúrgico foi levado.
aguardei o final da operação,
Pelo médico fui informado.

Foi um sucesso a cirurgia
mas demorada a recuperação.
Ele certamente sobreviveria
mas necessitaria de atenção.

A chave da carreta deixei.
Carteira de documentos também.
Com policial federal conversei.
Estava feliz pelo homem estar bem.

Seguiria em frente, pois ainda
tinha muita estrada pra rodar.
Boa alimentação era bem-vinda.
Antes de partir fui jantar.

Decidi descansar um pouco
antes da viagem continuar.
Afinal, naquele ritmo louco
sem descanso não iria aguentar.

Bem antes do sol nascer,
par de faróis brilhava na escuridão.
Quando começou o alvorecer
já estava distante meu caminhão.

Meu cavalo Cargo trucado
Cumpriria mais uma missão.
Por tanta dificuldade tinha passado
mas ele não me deixava na mão.

Deixei o reboque para descarga.
Fui cuidar do meu negócio.
Conseguir retornar com uma carga.
Tinha de pagar o consórcio.

Consegui na transportadora
Uma carga para Brasília.
Na recepção uma bela loira.
Se ela quisesse eu a levaria.

Bom de papo, fiz amizade.
Trocamos número do celular.
Confesso, era uma beldade.
Mulher bonita para namorar.

O carregamento para ser feito
Não me deixaria partir naquele dia.
Para mim seria perfeito.
Para jantar, a moça eu convidaria.

Enquanto o reboque era carregado
desatrelei o cavalo mecânico.
Pelas mulheres, com admiração olhado.
Homens da cidade entraram em pânico.

Aquela loira maravilhosa,
aceitou convite para jantar.
Além de bela, era charmosa,
A mulher mais linda do lugar.

Quando um caminhão bonito
parou em frente ao restaurante.
Do lado de fora um agito,
fez-se naquele instante.

Desci do meu caminhão
Abri a porta para ela.
Imaginem a admiração
quando desceu mulher tão bela.

Abriu-se um corredor á frente.
onde passamos de braços dados.
Abri a porta, ela sorriu contente.
Logo á mesa estávamos acomodados

Pessoas que lá estavam para jantar
olhavam para nós o tempo inteiro.
Certamente a se perguntar
o que ela fazia com um forasteiro.

Conversamos mais de uma hora
após o delicioso jantar.
Na saída para irmos embora
Continuavam sobre nós a falar.

No caminhão, subiu os degraus
e sentou-se no banco do carona.
Temperatura subiu alguns graus,
com a presença de tão bela Dona.

Eu já pensava em maravilhosa noite
que ao lado dela iria ter.
Minhas intenções, ela cortou como açoite,
E disse-me que eu deveria entender.

Pensei que fizera algo de grave.
Sua atitude para mim era mistério.
Ela disse-me com voz doce e suave
que queria um relacionamento sério.

Eu sempre fui namorador.
Confesso, fui surpreendido.
Era famoso conquistador.
Ela então fez-me um pedido:

Se fosse apenas brincadeira
ela não queria mais me ver.
Se eu tivesse intenção ordeira
ficar comigo iria querer.

Ela era tão bonita e esperta
ao mesmo tempo desconcertante.
Não sabia qual a decisão certa,
sempre fora caminhoneiro errante.

Olhando aqueles olhos de mel
não sabia explicar isso.
Pedi ajuda a Deus no céu,
pois só poderia ser feitiço.

Deus não mandou a resposta.
Seria minha a decisão.
Ela disse: “se de mim você gosta,
deixe falar seu coração”.

Eu peguei a sua mão
e a beijei suavemente.
A bordo do meu caminhão
espaço para o amor somente.

Despedi-me daquela princesa
prometendo voltar em breve.
Ela me encantara com certeza
pois sentia a alma leve.

Carregado fiz o retorno.
Eu me sentia diferente.
Levava o amor como adorno
E ela na minha mente.

Chegando àquela cidade
que deixei motorista ferido,
Em sinal de amizade,
Visitá-lo e saber do acontecido.

No hospital fui informado
o quarto em que se encontrava.
Eu já tinha sido anunciado.
Cercado pela família ele estava.

Cumprimentei cada familiar,
recebi agradecimento do paciente.
Falei se poderia ajudar,
e o que acontecera infelizmente.

Falou o que se lembrava.
Acontecera uma perseguição.
Como vazio ele estava,
queriam roubar seu caminhão.

No desespero de fugir,
Acabou perdendo a direção.
Após acidente, conseguiu sair
e desmaiara próximo do caminhão.

Vendo o caminhão danificado
os bandidos foram embora.
Quando foi por mim encontrado,
para salvá-lo era uma boa hora.

Subi a bordo e arranquei.
Fazer o frete, necessário.
Dois dias de viagem cheguei.
Entreguei a carga dentro do horário.

No banco o financiamento
naquele mesmo dia venceu.
No prazo, fiz o pagamento.
Mais um mês o caminhão era meu.

Não podia perder tempo
Sentia especial motivação.
A distância tornara-se tormento
Queria ir pra estrada no caminhão.

Para o Estado de Mato Grosso
retornaria sem demora.
Em minha mente um esboço,
dela, minha namorada agora.

Após tudo que me aconteceu
a polícia aumentara a vigilância.
Nenhum caminhoneiro se perdeu.
Coibiu dos bandidos a ganância.

Seguia pela rodovia sossegado.
Ao me ver um menino correu.
Segui em frente despreocupado.
Vejam só o que aconteceu.

Aquele menino recebeu dinheiro
para avisar da minha passagem.
Bandidos esperavam esse caminhoneiro.
Queriam interromper minha viagem.

Um carro se aproximando.
Saiu pra me ultrapassar.
Quando já ia terminando
homem sacou arma para atirar.

Vários disparos efetuados
Freei o bruto bruscamente.
Felizmente todos errados.
Tinha de agir friamente.

Acelerei pra cima do carro.
O homem atirava para trás.
Eu pensava: “Se te agarro
você não atira em ninguém mais”.

Percebendo minha intenção
o carro afastou-se rapidamente.
Mantive do bruto a aceleração.
De raiva, estava doente.

Parados fora da estrada,
esperaram eu passar.
Voltaram em carreira desabalada.
Queriam sem dúvida me pegar.

Em encarniçada perseguição
aproximaram-se rapidamente.
Estrada lateral, desviei o caminhão,
e voltei para pista de repente.

No momento que o carro passava
eu o atingi na sua lateral.
O motorista não esperava
voltei bruscamente á pista principal.

Com o caminhão embalado
apesar da carga que levava
O impacto no carro dado,
na pista ele rodopiava.

Girando descontrolado
em grande árvore bateu.
Ficou ali imobilizado,
Foi assim que aconteceu.

O estrago foi geral.
o carro foi destruído.
Talvez morrera o marginal
e também o outro bandido.

A polícia logo á frente
fazia blitz na estrada.
O que tinha em mente,
contar a eles da cilada.

Parei o Ford Cargo.
Fui conversar com os policiais.
Bandidos tiveram final amargo
e na rodovia haveria paz.

Acelerei meu possante
A carga tinha de entregar.
Seguia, solitário viajante.
queria, ao destino logo chegar.

Alguém a minha espera
Eu estava muito ansioso.
Mãos no volante o pé acelera
O bruto andando gostoso.

Aquela vontade de voltar
para os braços do meu amor,
Servia para me mostrar,
acabara meu lado namorador.

Chegara um momento da vida
de levar um relacionamento sério.
rasgando reta, subida e descida,
a vida, sempre um doce mistério.

Cheguei á transportadora,
ela estava na recepção.
Parecia que a tanto tempo fôra
que não via minha paixão.

Pelas grades do amor preso.
Em breve, aliança no dedo.
Na estrada tirara grande peso,
pois vencera a Estrada do Medo.

Roberto Dias Alvares

Roberto Dias Alvares

Casado com uma mulher linda. Pai de filha abençoada. Santista ainda. Escritor e poeta da estrada.

One thought on “Estrada do medo – Ford Cargo 6×2

  • 21/05/2014 em 06:09
    Permalink

    Em breve mais uma Estória de Estrada cm muita aventura, estrada, belos caminhões e claro muita paixão.

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