Em 1988, caminhão de rally ultrapassava carro a mais de 200 km/h
Falta pouco mais de um mês para o início do Rally Dakar 2024, considerado como a competição mais difícil do mundo no automobilismo. Mesmo sendo extremamente difícil, a corrida registra momentos épicos, mas nenhum se compara a ultrapassagem realizada por um caminhão DAF sobre um veloz Peugeot 405 em 1988.
A cena foi registrada no final de uma era de automobilismo extremo. Tudo que envolvia corridas era superpotente e super rápido, com carros de rally, no chamado Grupo B, passando de 800 cavalos de potência. O que mais importava era a velocidade.
Pilotado por Jan de Rooy, que já era um renomado transportador da Holanda, o caminhão foi desenvolvido para ser o mais rápido do Dakar.
Poucos anos antes, em 1982, de Rooy participou pela primeira vez da competição, com um caminhão praticamente original de fábrica.
Em 1986, depois de participar e chegar a vencer as temporadas anteriores, iniciou o desenvolvimento de um novo caminhão, que levou mais de um ano para ficar pronto, em parceria com a DAF.
Depois de muito trabalho, nasceu o DAF 3600 Turbo Twin, que tinha dois motores turbo de 500 cavalos de potência cada, e caixas de câmbio automáticas.
Mesmo pesando mais de 10 toneladas, o bruto, ou os brutos, já que foram fabricados dois deles, era possível passar dos 200 km/h.
O caminhão era tão potente, mas tão potente, que na competição de 1987 estava competindo no TOP 10 geral, ficando à frente de muitos carros e outros veículos mais leves.
Uma quebra de eixo tirou o caminhão da competição. e os planos ficaram para o ano seguinte.
Quando chegou o Dakar de 1988, o caminhão estava atualizado, recebendo diversas modificações para ficar mais leve e potente. A cabine teve o peso reduzido, e foram feitas melhorias também na aerodinâmica.
O motor ficou mais potente, com 1.200 cavalos no total, sendo 600 cv em cada motor, graças a seis turbos instalados, sendo três de geometria variável.
A alta potência e o peso baixo permitiam a aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8,5 km/h, com velocidade máxima de 220 km/h. No Dakar de 1988, o DAF Turbo Twin X1 e X2 estavam 100% prontos para competir.
O Peugeot 405 T16 de Ari Vatanen era um dos melhores carros de rally da época, também podendo passar de 200 km/h com muita facilidade. Mas os poderosos caminhões DAF se tornaram competidores a altura, e a cena mais impressionante já realizada no Dakar foi filmada.
Em altíssima velocidade, o Peugeot 405 cortava as dunas em velocidade próxima a 200 km/h, quando surgiu no seu retrovisor um enorme caminhão. Era de Rooy com seu DAF.
A cena impressiona pela magnitude, velocidade, e paisagem, já que as areias do deserto africano dão um toque especial à gravação.
de Rooy seguia na liderança na categoria dos caminhões, e, poucos dias após ter feito a famosa ultrapassagem, um acidente mudou os planos da equipe.
O segundo caminhão, pilotado por Van de Rijt, saltou uma duna a quase 200 km/h. A velocidade era tão alta que o caminhão capotou seis vezes. Kees Van Loevez, co-piloto, foi ejetado da cabine e morreu na hora. O piloto principal e o mecânico tiveram ferimentos graves.
A equipe abandonou aquele Dakar após o acidente. Mesmo sem completar a competição, ficaram em quinto lugar entre os caminhões. A DAF se retirou oficialmente do Dakar naquele ano.
Depois de tudo o que aconteceu, a organização do Dakar proibiu caminhões na categoria T4, e a velocidade máxima foi limitada. É difícil que vejamos outra cena parecida com essa, com um caminhão sendo tão rápido quanto um carro de corrida.